sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

REPOUSO GARANTIDO


Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mateus 11: 28-30

                Cansaço e sobrecarrega na alma – O que significa uma alma cansada? Se pensarmos em alma como o centro das emoções, a sobrecarga pode ficar por conta dos muitos e volumosos investimentos que o mundo à volta faz, através de seus incontáveis meios, requerendo, exigindo, determinando, sugestionando e pretendendo seduzir nossos desejos, afetos e emoções. A alma muito exigida nas lides da vida, é o centro emocional levado ao extremo de sua capacidade para vivenciar numa mudança vertiginosa o contraste de suas emoções: alegria para o abatimento; prazer para repulsa; afeição para ódio. Também o malabarismo a que somos levados para balancear nosso emocional exigentemente contido diante dos conflitos e desaforos e humilhações que ocorrem maioria das vezes nas interrelações, produz, infalivelmente, sobrecarga.
Uma mente depressiva é uma alma sobrecarregada.
Uma mente culpada, é uma alma sobrecarregada.
Uma mente sem opções, atônita, está sobrecarregada.
Sobrecarga fala disso: excesso de carga.
                               E o que a sobrecarga produz? Cansaço. Astenia.
                               O cansaço tem a sintomática da perda de forças, que envolve desde os afetos, o corpo. A alma cansada é vista na incapacidade de conduzir afetos correspondentes a fatos. Distorção de sentimentos, desânimo, ou inação.  A vontade minada, e perigosamente tendente a deixar-se levar por opções imediatas, impensadas e sugeridas por terceiros sem responsabilidade.
                A observação nos leva a perceber que nem sempre uma alma sobrecarregada sintomatiza de imediato os efeitos do cansaço, mas isso vai crescendo lentamente, às vezes dissimulado por ligeiros momentos de alívio que maquiam a verdade, escondendo o buraco que cresce no interior, em direção à erosão total.
                Então surge uma saída: opção de descanso. O que vem a ser o descanso?
                Primeiramente é importante considerar que o descanso é oferecido por alguém: Jesus. Não se trata de uma situação ou solução via realização de um evento, mas um ponto de encontro, um lugar, que na verdade é uma Pessoa, Alguém. Daí Ele dizer: Venham a mim. O descanso é oferecido nEle, na Sua pessoa, num entrar em contato com Ele. Ele afirma: “Eu lhes darei descanso”. Logo, trata-se de algo que Ele fará, e não que o cansado fará. Ao cansado é oferecido um convite, e tudo que lhe basta é ir ao encontro de Quem o faz.
                Em seguida entendemos que o ato de chegar-se a Ele implica em usar o que Ele oferece, e isto é chamado de “  tomar seu jugo e aprender dEle”.  Aqui entramos no terreno do compromisso. A busca pelo descanso implica em se comprometer com quem o oferece. A linguagem “tomar o jugo”, que redunda em aprender, significa engajar-se no mesmo estilo de atividade. Ou seja, entrar em parceria, e aí está o significado real de descanso a que Ele alude. Algo semelhante ao boi que se atrela ao outro, colocando-o sob a mesma canga para puxar o arado.  Dirige a parelha o boi mais experiente. É o que Jesus oferece aqui, e isto se resume na idéia de confiar-se a Ele, deixá-Lo tomar as rédeas da existência. Ele sugere, ou dá a idéia de uma troca de jugo e de fardo, como a dizer: “Não estou convidando você a um SPA, onde vai ficar deitado numa rede esperando tudo ser feito. Não. O convite é para viver minha visão, meu plano, minha direção para a vida, pois a que o orienta, o sobrecarrega, exige sem nada dar em troca, mas a minha, é sustentável, garantida, assistida e seguramente vitoriosa, pois termino o que começo bem sucedidamente”. Sim, Ele é o princípio e o fim. Logo, podemos entender que tomar o fardo de Jesus envolve um compromisso com uma mudança mental, mudança de sistema vivencial, saindo da esfera ou do limiar de conduzir-se pelas influências do meio, para a influência de Suas idéias, Seus princípios, Sua forma de ser. Aquele sobrecarrega, este, produz descanso. Daí a idéia se completar quando Ele  diz que é manso e humilde de coração. Ele prova o resultado do descanso.
                Qualquer de nós sabe que uma mente sobrecarregada expressa-se em irritabilidade e prepotência, altivez, para dizer o mínimo. Uma mente descansada está inclinada à mansidão e simplicidade. Então as idéias se aclaram, as decisões são seguras, a capacidade de raciocinar está livre do embotamento emocional.  E na simplicidade está a possibilidade de uma longa e bem sucedida existência do ser humano.  A irritabilidade contumaz conduz ao estresse, e sabemos que ele nada produz de bom, além de doença e até mesmo a morte precoce ou enfermidades deterioradoras.
                Entendemos que o que Cristo afirma é que no descanso há mansidão e humildade, características de alma segura.  A palavra que bem sintetiza isto é paz. Quando deixamo-nos ir a Jesus, encontramos descanso, gozamos paz.  E o movimento é exatamente este: ir a Ele.
                Nas lides diárias, estamos ocupados demais conosco mesmos e com nossas coisas. Exigidos e absorvidos pelos que nos solicitam, família, amigos ou companheiros de trabalho. Isto é uma constante. O convite de Jesus pressupõe um escape, a busca por um escape, uma saída à parte, em direção a Ele, que não pode ocorrer como uma experiência isolada, única, suficiente para a existência inteira, mas que deve ser renovada dia a dia, porque estar nEle é um investimento espiritual que deve ser buscado diariamente, para que, qualquer que seja o dia que vivemos, sempre nos seja um shabbat, um sábado de descanso espiritual.
                O convite estará sempre aberto, porque como Ele  diz Em Sua Palavra:  Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês. – Jeremias 29:13 e 14.  Qualquer de nós pode fazer isto agora mesmo.  Ele está sempre convidando: “Venham à parte, e descansem um pouco”.

                                               Pr. Cleber Alho