quinta-feira, 29 de março de 2012

OBEDECER: UMA QUESTÃO DE FÉ


De novo os israelitas fizeram o que o Senhor reprova, e durante sete anos ele os entregou nas mãos dos midianintas. Os midianitas dominaram Israel; por isso os israelitas fizeram para si esconderijos nas montanhas, nas cavernas e nas fortalezas. Sempre que os israelitas faziam as suas plantações, os midianitas, os amalequitas e outros povos da região a leste deles as invadiam... Por causa de Mídiã, Israel empobreceu tanto que os israelitas clamaram por socorro ao Senhor. Quando os israelitas clamaram ao SENHOR por causa de Mídiã, ele lhes enviou um profeta...
Ah, Senhor, Gideão respondeu, se o Senhor está conosco, por que aconteceu tudo isso? Onde estão todas as suas maravilhas que os nossos pais nos contam quando dizem: Não foi o Senhor que nos tirou do Egito? Mas agora o Senhor nos abandonou e nos entregou nas mãos de Mídiã.   - Juízes 6: 1- 17.

A história de Israel  ao tempo dos juízes, e mais específicamente nos dias de Gideão, serve como pano de fundo a uma reflexão de nossa caminhada com Deus, dentro dos limites da possessão espiritual a que Ele nos trouxe em Cristo Jesus.  Refiro-me a um específico fator como a desobediência a Deus durante a caminhada que carreou uma mudança do curso dessa caminhada. Em nossa jornada cristã, de igual forma a desobediência provoca mudanças de curso que se assemelham às que acometeram aos israelitas:
                        - Favorece o acesso do inimigo (com consentimento divino), conforme narra o versículo 1. Por acesso ao inimigo, longe de nós pretender como querem alguns desavisados que o crente fica sob opressão maligna. Antes significa ficar sem forças, sob ataques (tentações que resultam em estados confusionais para a fé) e com perdas visíveis de posição nos lugares espirituais. Alguns há que chegam ao extremo de desviar-se do Caminho, perder o rumo;
                        - Gera o desencontro dos sonhos (a busca desordenada por alcançar projetos pessoais dissociados da vontade divina), conforme mostra o versículo 2.  Da mesma forma como os israelitas canalizaram esforços para lugar nenhum, cavando covas nos montes, buscando cavernas e fortificações pensando nelas alcançar livramento do algoz, o crente em desobediência franca, se desarticula, perde o rumo, supersticiona sua confissão, porque banaliza sua relação com Deus trazendo-a a um nível desesperado de pensar ouvir a voz divina em coisas ou situações ou pessoas que não pela via da Palavra proclamada, ou pela via da conscientização de pecado, conforme Saul a quem Deus não respondia mais nem por Urim ou Tumin. É quando vemos o crente magiciando sua fé, atrás de sinais e maravilhas e de homens “sinaleiros” e “portentosos” que lhes sirvam de guia espiritual.
            Tal como aconteceu a Israel, o resultado de tudo isso é debilidade e perda de garantias espirituais (v.6). É interessante observar que Israel representado na pessoa de Gideão, queixa suas misérias a Deus, como se Deus fosse culpado delas. Mesmo tendo ouvido a voz profética que lhes apontava o pecado como causa de seus desatinos.
            Pasmo em perceber que hoje o crente estabelece uma relação com Deus de conveniência onde parece que no espírito da Aliança ele não toma outra parte senão a do beneficiado a quem o Senhor deve servir, atender, como se lhe devesse favores divinos. A consciência de obediência, de observar a vida e a carreira da vida pelas vias do Evangelho, de separação do comum e do imundo, ou seja o risco da desobediência, ou o temor quanto à desobediência, parecem valores inexistentes, porque não haveria lugar para desobediência no atual estado de comunhão com Deus, logo, também não haveria conseqüências no mundo espiritual como fruto da desobediência. Ledo engano.
Antes, a Palavra de Deus grita, desde Moisés a Jesus, passando por João, Paulo e Hebreus, quanto à imperiosa necessidade de obedecermos o Evangelho de Cristo nos Seus propósitos e valores, nos compromissos a serem observados, no zelo e na busca por andar de conformidade com o Evangelho de Cristo. Somos conclamados à obediência que vem pela fé (Romanos 1:5), advertidos de que o próprio Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio do que padeceu ( Hebreus 5:8).
            Tal como o mundo está dividido entre os que obedecem ao Evangelho e os que não o obedecem, a vida cristã também está marcada pela caminhada dos que obedecem e dos que desobedecem. Quero salientar que há sensível diferença entre não obedecer, que é o caso dos incrédulos, e o desobedecer, que é caso de muitos cristãos, como aconteceu ao Israel antigo.
            A cura para a desobediência começa quando o crente se volta para Deus, e só o faz quando reconhece seu erro e busca nEle socorro, conforme experienciou Israel (Juízes 6:6). É do âmbito da recomendação do sábio quando diz em Provérbios 3: 6 – Reconhece-O em todos os teus caminhos...
            Ao movimento em direção ao acerto, corre Deus e vira o quadro, como o restante do texto de Juízes 6 nos faz ver, pois opera livramento, e por vias inconfundivelmente divinas, porquanto além dos limites humanos. Deus levantou o mais fraco e o menor, para atender ao povo que resolveu voltar à obediência, e operou proezas segundo a Sua suficiência e Graça, como sempre Lhe foi próprio fazer. Mas é importante enfatizar que assim como Deus Se manifestou a Gideão dizendo: “O Senhor é contigo”... no contexto em que ele e seu povo estavam em desobediência, as consequências do desobedecer não significam que somos abandonados por Deus. Equivocou-se Gideão ao acusar Deus de abandono. Não. Pelo contrário, as conseqüências  servem para indicar que  é exatamente Ele Quem está no meio do caos, operando as vias de nosso acerto, através de processos disciplinadores.
            Por isso, importa lembrar sempre a máxima de Samuel, profeta: Obedecer é melhor do que sacrificar... I Samuel 15:22.