Isaque formou lavoura naquela
terra e no mesmo ano colheu a cem por um, porque o Senhor o abençoou.
O homem enriqueceu, e a sua riqueza continuou a aumentar, até
que ficou riquíssimo.
Possuía tantos rebanhos e servos que
os filisteus o invejavam. Estes taparam todos os poços
que os servos de Abraão, pai de
Isaque, tinham cavado na sua época,
enchendo-os de terra. (...) Isaque reabriu os poços
cavados no tempo do seu pai Abraão, os quais os
filisteus fecharam depois que Abraão
morreu, e deu-lhes os mesmos nomes que seu pai lhes tinha dado. Os servos de
Isaque cavaram no vale e descobriram um veio d'água.
Mas os pastores de Gerar discutiram com os pastores de Isaque, dizendo: "A
água
é
nossa!" Por isso Isaque deu ao poço
o nome de Eseque, porque discutiram por causa dele. Então
os seus servos cavaram outro poço, mas eles também
discutiram por causa dele. Deu-lhe o nome de Reobote, dizendo: "Agora o
Senhor nos abriu espaço e
prosperaremos na terra". Dali
Isaque foi para Berseba. Naquela noite, o Senhor lhe apareceu e disse:
" Eu sou o Deus de seu pai Abraão.
Não tema, porque estou com você;
eu o abençoarei e
multiplicarei os seus descendentes por amor ao meu servo Abraão".
Isaque construiu nesse lugar um altar e invocou o nome do Senhor. Ali armou
acampamento, e os seus servos cavaram outro poço.
O que poderiam significar os poços abertos por Isaque durante sua peregrinação, se quiséssemos tomar essa sua
peregrinação como analogia de nossa caminhada
cristã?
Um sentido possível e lógico seria o correlato para nós
do que para ele significava garantia de permanecer na terra e produzir, ou
seja, estabilidade e frutificação.
Talvez esteja aí a razão por que o programa de seus inimigos era anular os poços que ele cavava. Entulhar, para desinstalá-lo e fazer cessar sua prosperidade.
Isaque assumiu dois programas em Gerar: desentulhar os poços antigos; abrir poços novos.
Os antigos eram no mínimo dois, que Abraão cavou (Gn.21).
Os novos, que ele mesmo
cavou, eram quatro.
Não bastava a técnica da escavação ou perfuração;
era preciso achar água, e o trabalho não redundaria em vão.
Façamos disto um simbolismo para
nós: como peregrinos e
forasteiros na terra, uma vez cidadãos do Reino invisível de Cristo, precisamos
achar nossas fontes a fim de alcançarmos estabilidade e frutificação, nesta caminhada com Deus. Cavar poços, para nós, seria o correlato de
atingir, buscar atingir níveis mais profundos em nossa
vida com o Senhor. A superficialidade está sempre à mão e é mais fácil. Forçoso nos é seguirmos em direção às cousas profundas que
pertencem à nossa fé. Isto requer trabalho, preço, esforço. Jesus alude a isso quando
fala daquele que ouve e pratica Sua Palavra (Lucas 6:48). A estabilidade daquela
construção deveu-se ao aprofundamento
do alicerce.
Mas o poço deve produzir água. Cavamos na busca pela face de Deus, até que nossa proposta de busca "de água", brote, comece a fluir. Em torno dessa fonte
podemos começar a construir nossa experiência de fé, para dessedentarmos outros.
No entanto, um trabalho paralelo se instala: o inimigo,
diretamente ou por meio de seus agentes, procura entulhar nossos poços, à semelhança da experiência de Isaque.
Sentimentos daninhos e opções
carnais, entopem o poço. O resultado pode ser
instabilidade e desânimo.
Alguns de nós cavaram poços profundos em sua intimidade com o Senhor. Já se vão anos por aí. No entanto, hoje não mais flui água de lá. O poço perdeu-se na amnésia do tempo, no esvaziamento
de propósitos outrora nobres, santos,
elevados. O Senhor teria de dizer-lhes:
" Lembra-te de onde caíste". Poços entulhados. O resultado pode ser percebido numa sede
insaciável que se procura mitigar em
cousas, muitas, todas redundando num esforço vão que não supre o vazio que fica.
O programa de Isaque não foi esquecer os poços antigos, agora entulhados, e partir em direção de perfurar outros. O trabalho e empreendimento
conquistadores de antes tiveram o concurso do mesmo Deus de hoje, e por isso não poderiam ser esquecidos ou abandonados.
Seria uma caminhada inconseqüente
pretender partir em busca de
"cousas novas" com Deus, quando as antigas foram desprezadas. Este é o problema de muita gente hoje, que despreza as
"conquistas de Abraão" , reputando-as por
ultrapassadas. Que garantia há de que os novos poços
não serão de novo entulhados?
Você já se aprofundou algumas vezes em sua caminhada com Deus? O
poço cavado daquela experiência continua a fluir? Você
ainda bebe dele? Ou teria sido ele entulhado? É
preciso desentulhar. Colocar para fora todos os entulhos até que a água limpa, fresca e salutar
volte a brotar como antes. Às vezes os entulhos acontecem
com pequenos deslizes de terra, a princípio insignificantes, como mágoas ou más memórias. Mas vão acumulando-se cada dia mais,
até que estagnam a água antes fluente. E então,
instalada a sede ou sequidão, outras águas são procuradas.
Não beba em poços alheios. O inimigo é que gosta disso.
Desentulhe seus poços antigos. A esse respeito é importante considerar o conselho de Paulo a Timóteo: "...mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você."
Com carinho,
Pr. Cleber Alho