quarta-feira, 28 de setembro de 2016

TAMANHA FÉ


“E Elias disse a Acabe: “Vá comer e beber, pois já ouço o barulho de chuva pesada”.
Então Acabe foi comer e beber, mas Elias subiu até o alto do Carmelo, dobrou-se até o
chão e pôs o rosto entre os joelhos. “Vá e olhe na direção do mar”, disse ao seu servo. E
ele foi e olhou. “Não há nada lá”, disse ele. Sete vezes Elias mandou: “Volte para ver”. Na
sétima vez o servo disse: “Uma nuvem tão pequena quanto a mão de um homem está
se levantando do mar”. Então Elias disse: “Vá dizer a Acabe: Prepare o seu carro e
desça, antes que a chuva o impeça”. Enquanto isso, nuvens escuras apareceram no
céu, começou a ventar e a chover forte, e Acabe partiu de carro para Jezreel. O poder do
Senhor veio sobre Elias, e ele, prendendo a capa com o cinto, correu à frente de Acabe
por todo o caminho até Jezreel.”
1 Reis 18:41-46

Certa vez o Senhor Jesus disse: "Se tiveres fé como um grão de mostarda..." Num
contexto em que apontava para a qualidade da fé. Ainda muito boa gente se confunde
nesse texto pretendendo que o Autor da fé estivesse falando sobre tamanho de fé,
exatamente porque leram as vezes em que Ele usou as expressões: "Grande é a tua fé!"
e: "Homens de fé pequena". Também por que estão presos à distorção que pretende que
o homem produz sua própria fé e que os acontecimentos espirituais dependem do
tamanho dessa fé. Quero ressaltar que ainda quando Jesus falou em grande e pequena
com referência à fé, o fez apontando a qualidade dela, e não tamanho.
Porque Deus não depende da fé no crente para poder agir, menos ainda do tamanho
dessa fé.

Mas é fato que a fé nos foi dada a nosso favor, para nos aproximar de Deus e nos
capacitar a crer e ver (nesta ordem) as coisas espirituais.

E é este relato histórico do mais extraordinário profeta de Israel que nos ensina como a fé
deve ser tratada, e como funciona eficazmente, quando trata pelas vias corretas.

Percebam comigo três movimentos, todos atrelados à fé na experiência do profeta:

1- primeiramente ele ouviu

É significativo. Deus operou algo que Elias pôde ouvir antes de ver.
A partir daí creu e então partiu para o segundo movimento (v.42) : orou.
É sempre assim. Tudo começa com o agir de Deus que atinge nossos sentidos. A atenção
de Moisés, a audição de Elias. E no caso de Moisés, ele só entendeu a visão na sarça
depois que ouviu. Voz do Anjo. Mas corroborando Romanos 10:17, que afirma que "a fé
vem pelo ouvir e ouvir a pregação da palavra de Cristo", primeiro Deus permite que
ouçamos. Ouçamos a Palavra, a comunicação profética. A mulher com fluxo de sangue,
ouviu da fama de Jesus. Bartimeu, o cego, ouviu que Jesus passava por ali, outro tanto
Zaqueu; Saulo de Tarso ouviu a voz que falava com ele. O próprio Elias quis um dia
inverter esta ordem vendo primeiro em efeitos, mas Deus o fez primeiro ouvir Sua voz
numa brisa suave para voltar a ter paz. Tomé quis ver primeiro, mas foi repreendido pelo
Senhor. Paulo certa vez disse: (Efésios 1:13): - "Quando vocês ouviram e creram na
palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o
Espírito Santo da promessa".

- “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem
não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue?” (Romanos 10:14). Esta
é a ordem. E então a fé reage, e o segundo movimento já por ela produzido é oração.

2- Em seguida ele orou

Parece que orar é o ato imediato ao ouvir. Como se significasse: eu ouço, então
respondo. Ainda que seja para pedir. Pela ordem do Evangelho, falo do meu
arrependimento, como quem confessa.

- Chamo a atenção para a característica da oração que nasce da fé: ela persevera, a
despeito de notícias desestimulantes.
- Ou mesmo das circunstâncias desestimulantes. Ela não é fruto de obsessão ou
teimosia. Não. Ela está firmada naquilo que ouviu. E porque persevera, por fim vê, que
é o seu alvo último.

É o terceiro movimento da fé.

3- O profeta vê.

Alguém diria: mas quem viu foi o moço por ele enviado.
Vamos atentar ao texto: o moço nada via até que a fé no coração do profeta o vence. Sua
visão era fruto da realidade, não da fé. Via uma nuvem insignificante, totalmente
desconexa com a mensagem passada ao rei: "Há ruído de chuva pesada". Uma nuvem
tão pequena e tão distante, não justificaria a reação do profeta: “Vá dizer a Acabe:
Prepare o seu carro e desça, antes que a chuva o impeça” Quem de fato viu o que a
fé mostrava foi Elias. Chamo sua atenção para o fato de que não foi a oração de Elias ou
sua perseverança que criou a nuvenzinha distante. Não. A oração aqui era unicamente a
ferramenta de que a fé se servia enquanto esperava, porque fé que não gera esperança
não procede de Deus, não é espiritual, nem moral. Não tem caráter. Alguém só espera se
confia.

E aqui traçamos nossas derradeiras lições:

- Para uma fé genuína, a visibilidade não se prende à realidade humana, mas às
dimensões divinas. O tamanho da nuvem não importava. Era pequena, mas suficiente
para produzir vendaval e aguaceiro.
- Para uma fé genuína os fatos não precisam ser convincentes.
- A fé genuína enxerga a Promessa e através da Promessa, e assim cumpre sua
natureza espiritual conforme descrito em Hebreus 11:1 - “Ora, a fé é a certeza daquilo
que esperamos e a prova das coisas que não vemos". Exatamente como também o
apóstolo Paulo descreveu em Romanos 8:24 e 25 - “Pois nessa esperança fomos
salvos. Mas esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está
vendo? Mas, se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.”

Nenhum de nós, crentes no Senhor Jesus, Autor e Consumador da fé, precisa de uma
grande fé para tratar com Deus. Basta saber que temos um grande Deus para tratar com
nossa pequena fé. E se tudo que nossa pequena fé tiver que ver for uma nuvem tão
pequena que não pareça importante, não importa. Para Deus ela é a resposta que basta,
e os efeitos ficam por conta Dele.

terça-feira, 12 de julho de 2016

NOITES

"Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me ensina!". - Salmo 16:7.
"Provas o meu coração e de noite me examinas." - Salmo 17:3.
"Quando me deito, lembro-me de Ti; penso em Ti durante as vigílias da noite." - Salmo 63:6.
Algumas pessoas, e penso que não são maioria, têm dificuldades sérias com a noite. Geralmente os enfermos, alguns idosos. Para essas pessoas ela tem um quê de mistério, de sombras. Parece trazer presságios, esconder vultos. De fato coisas ruins como crimes, assaltos, costumam ser perpetradas mais à noite que à luz do dia. A noite serve de proteção às más intenções e aos mal- intencionados. Os frágeis, como os pequeninos, também parecem escolher a noite para a pior etapa do adoecer. Isso e outras situações mais carregam a noite de reserva e apreensões. Dão-lhe um ar sinistro. Até mesmo o salmista admite tal possibilidade quando afirma que "o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Sl. 30:5).
Para outros, no entanto, a noite reserva prazeres. É a hora ideal para festas e farras.
Nossos melhores momentos de culto também ocorrem à noite. É interessante perceber como o povo evangélico elegeu as noites de domingo como a hora preferida para cultuar, enquanto os católicos preferem as manhãs dominicais.
Fico a pensar no número elevado de vezes que, segundo a narrativa bíblica, Deus visitou os homens em sonhos, sonhos da noite. Algumas vezes com dois "Josés", o do Egito, duas vezes e o marido de Maria, três vezes. Mas também a vários outros, até mesmo Faraó, Nabucodonozor, além de Paulo, apóstolo.
Mas quero destacar o salmista, autor desses salmos assinalados acima, para observar como Deus Se serviu de suas noites. Num texto ele afirma que Deus o aconselha através de seu coração durante a noite. Noutro, assume que é durante a noite que Deus o prova, perscruta. E parece que ele mesmo faz da noite seu momento ideal de encontro com seu Deus criador, como afirma no salmo 63. É mesmo seu momento de comunhão mais estreita com o Senhor. E penso que o salmista descobriu que essa é a forma mais perfeita de apagar as sombras da noite, seus sustos, seus medos, e usar aquilo que até mesmo por seu caráter tenebroso tendente a apagar a luz, torne-se no seu palco iluminado de aprendizagem e crescimento na comunhão com Deus.
Neste mundo atual, as noites são reservadas ao resto de tudo em nós e de nós. Nós as usamos para resgatar oportunidades perdidas, para rever nosso dia, para nos compensarmos das exigências cotidianas, para o aconchego familiar ou para superarmos as fadigas do dia de trabalho. Ou nos lançamos a elas para vivenciar atos fortuitos, como se seu manto de sombra nos protegesse de observadores invisíveis.
Certa vez Daví afirmou que aos olhos de Deus as trevas transformam-se em luz (Sl. 139: 12) e outro tanto disse Salomão "que o Senhor habitaria nas trevas" (II Cr. 6:1) o que faz da noite, confirmando os textos em que Deus nela falou a tantos, o espaço do milagre, da oportunidade Dele ser achado pelos que O buscam. Outro tanto, tudo isso me faz pensar que quando Deus entra nas nossas noites, elas refulgem como a alvorada da esperança.
Cabe uma pergunta para reflexão: O que temos feito de nossas noites quanto ao nosso Deus, com Ele e para Ele?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

CARTAS SILENTES



“Vocês mesmos são a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos. Vocês demonstram que são uma carta de Cristo...escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de corações humanos.II Coríntios 3: 2 e 3.

Alguém já disse, em cima da declaração de Paulo neste texto, que aí está o quarto evangelho: a vida do cristão, crente em Jesus e firmado na graça que vem por Sua obra consumada e glorificada. Pode ser que haja quem veja nessa ótica um excesso, abuso de conceituação por exagero. Mas olho para o texto e ele me diz que não. Quando o apóstolo diz que somos uma carta de Cristo, ele não diz que cada um é uma carta, mas que todos juntos o são, logo, individualmente somos... o quê? Capítulos? Parágrafos? Algo semelhante, dependendo do tamanho de mensagem que nossa vida passa. Mas o ponto em questão é que ao nos comparar a uma carta, e esta de Cristo, ele nos coloca acima da inscrição da Lei de Moisés, quando equipara a produção daquela mensagem a esta: escrita... não em tábuas de pedra, mas em tábuas de coração humano”.

E é então que devemos debruçar-nos sobre a beleza profunda dessa metáfora e seu comprometimento.
Paulo está afirmando que o trabalho que o dedo de Deus fez no Sinai escrevendo os mandamentos da Lei, ou seja, expressão de Sua vontade e revelação de Sua justiça e santidade, o Espírito de Deus faz em nossos corações. Ele escreve uma mensagem que aponta, recomenda nosso discipulado, nos mesmos termos em que os Mandamentos recomendavam a Lei.
Mas vai além, quando o apóstolo nos informa que na condição de cartas vivas, somos cartas de Cristo. Por cartas vivas ele está metaforizando a idéia de que nossa mensagem silenciosa, pregada com nossas vidas, mais que com palavras, é eloquente, porque ele afirma que nessa posição, a mensagem que nossas vidas passam é conhecida por todos os homens. Mais: é lida por todos eles, enquanto cumprimos o nosso viver. 

quem pense e reduza a mensagem ao conceito de que por conhecer e ler essas cartas-mensagens, os homens estão como fiscais, atentos à nossa vida. Não! Ninguém está atento! Observe que o mesmo apóstolo já havia nos ensinado que o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não obedeçam ao Evangelho”, e também afirmou que somos para eles como aqueles que nada são, ou loucos, ou desprezíveis. E na pele, vivenciamos isso muitas vezes. É certo que tais conceitos precários são experimentados apenas pelos cristãos que andam na Verdade. Diferente daqueles que o são porque pertencem a algum núcleo confessional-evangélico, apenas. Portanto, em que consistiria ser conhecido e lido como carta? É onde assumimos que somos cartas silentes. Vidas através das quais o Senhor está imprimindo Sua mensagem de amor, de conscientização, de justiça e retidão que fala aos sentidos dos demais. Como o texto afirma que os que nos lêem são todos os homens, logo, somos lidos por crentes e incrédulos. Somos cartas vivas para nossos irmãos em Cristo também. Mensagem silente, porque não se resume em fazer proclamações. Isto é muito fácil. Mas vivê-las. E isto não é nada fácil.

Penso em algumas cartas seladas, fechadas, rebeldes. Cartas que ousam ditar a Deus o que pretendem que Ele escreva em suas vidas. São os triunfalistas, que só pretendem ser mensageiros de uma vida próspera, e esta é uma mensagem que comunica algo somente aos ambiciosos, enfatuados, que desesperadamente querem via a fé a magia do bom sucesso com nome de bênção. Mas nada comunicam aos desafortunados, aos que choram, aos enlutados, sofridos, desesperançados neste brasil de desempregos, de lares rompidos, de enfermos terminais perambulando abandonados nas filas do SUS. Nada têm para comunicar aos aflitos, nem aos que mesmo tendo algo e bem sucedidos, precisam de Deus por conta das dores e do abandono em seus próprios pecados.

Penso nas cartas cuja mensagem desvia filhos da retidão, de dentro dos próprios lares, pelo que lêem em seus pais crentes. Cônjuges escandalizados com o(a) parceiro(a) cristão cuja forma de viver é eivada de ansiedade, de legalismo, de queixas e murmurações; de contradições ao fazerem acusações e exigências nas quais se condenam por sua maneira reprovável ou apenas litúrgica, de viver.
Penso também naquelas cartas, e sei que é a elas que o apóstolo se refere, quando diz que são vidas que recomendam seus discipuladores. Cartas cuja existência se inscreve na sua experiência existencial misericordiosa, na generosidade, capacidade de ver, ouvir e sentir o outro. Cartas que choram com os que choram e sorriem com os que sorriem. Cartas altruístas, em cuja realização do devir, também está o ser adorador, grato e desviar-se do mal. Essas cartas estão abertas, como corações servos, para deixar o Espírito de Deus escrever nelas aquilo que Ele sabe que outros precisam conhecer e ler. Cartas que comunicam quanto Deus é confiável e como podemos depender dEle na condição de Seus filhos.

As cartas podem dizer muitas coisas. Boas ou ruins. O fato é que somos tido por tais cartas. 

O fato também é que o Espírito de Deus continua escrevendo aquilo que Ele precisa que seja lido. Mas atentemos: Ele não escreve em cartas seladas, que estão fechadas em si mesmas. Ele escreve em cartas abertas, cartas que vivem no meio dos demais homens. Ele escreve a mensagem que nós não pretendemos, e mais: nunca uma mensagem que vá na contramão da Carta Revelacional de Deus, as Escrituras, ou que a contradigam. Nunca uma mensagem que seja falsa promessa ou que seja uma novidade revelacional, porque não haverá jamais outro fundamento; nada mais será acrescido ao que já está posto.

Atentemos: Estamos sendo lidos. Qual mensagem nossa maneira de viver está comunicando aos que não lerão a Bíblia, ou só o farão para conferir o que nossa vida diz, a começar dentro de nossos próprios lares?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

ORAÇÃO EFICAZ



...NEle temos colocado a nossa esperança de que continuará a livrar-nos, enquanto vocês nos ajudam com as suas orações. Assim muitos darão graças por nossa causa, pelo favor a nós concedido em resposta às orações de muitos. II CORÍNTIOS 1:10 e 11.

Tiago afirmou (5:16) que " muito pode, por sua eficácia, a oração do justo" e usou a vida do profeta Elias como exemplo e reforço de sua mensagem.

Esta é uma questão que mobiliza uma reação de duas vertentes nos crentes em geral: ou cremos que a eficácia está na oração, ou cremos que a eficácia está em quem ora, e daí partimos para um duplo erro, porque isso alimenta a falsa e cômoda idéia de sacerdotalismo, do tipo, terceirizar a oração de cujo efeito se necessita, porque alguém se sai melhor nessa função.

Mas como foi dito, é um erro de duplo aspecto.

Quando Tiago fala na oração eficaz, sua ênfase está totalmente desconectada do veículo da oração. O que ele diz é que a oração pode muito, pelos seus efeitos, daí eficaz, que funciona (literalmente: que produz resultados) e ficou longe também a idéia de conteúdo. A eficácia da oração repousa não em quem a faz, mas Naquele que a ouve.

Se a oração não funcionasse, Jesus teria nos enganado quando nos mandou orar e afirmou que nosso Pai que vê em secreto, nos ouvirá. Também, os inúmeros relatos bíblicos de resposta à oração, seriam mentirosos e outro tanto a vasta história da experiência cristã nesta área.

Pelo contrário, desde o salmista afirmando: "Ó, Tu, que escutas a oração", aos relatos que vão de fenômenos estarrecedores, como Deus parando a rotação da terra em resposta à oração de Josué, ao relato da libertação de Pedro em resposta à oração contínua da Igreja a favor dele, temos inúmeros registros das respostas de Deus a orações específicas de Seus servos: Moisés, Daví, Ana, por seu filho ainda não gerado, etc. 

E quando nos deparamos com a ênfase e a esperança de Paulo, registrada neste texto quanto à oração dos crentes, devemos parar para pensar melhor sobre a oração.

O texto em apreço nos fala da oração petitória. A ele podemos somar I Timóteo 2: 1 e 2, onde Paulo já acrescenta um novo aspecto e compromisso da oração, que é "ação de graças".

Mas, se associarmos o texto de Mateus 6: 6-8 com I Tessalonicenses 5: 17 onde somos exortados a orar continuamente, podemos perceber que a oração não pode se reduzir a um exercício petitório no qual Deus é buscado apenas para atender e fazer. Isso jamais nos colocaria no nível do que Jesus afirmou quando disse que Deus, na qualidade de Pai, busca adoradores. As pessoas teimam em entender que adorar é cantar e orar é pedir.

A oraçãé antes de tudo, instrumento de aproximação do crente ao seu Deus, como mostra Hebreus 11:6. Isto serve para ressaltar, que qualquer um pode nos substituir na oração petitória (orem uns pelos outros), mas jamais naquela que nos coloca pessoalmente na presença de Deus.

Ouso pensar que a oração petitória obedece a alguns critérios, vistos na chamada oração do Pai Nosso, à primeira vista dividida em três etapas: exaltação de Deus; petição e comprometimento pessoal. Mas  a oração adoradora, a meu ver, dispensa até mesmo palavras. Tanto que Paulo nos fala daquela que "feita no Espírito" ora bem no espírito de quem ora, mas ele mesmo não entende, para falar da oração em línguas espirituais.

O grande drama do crente quanto à oração ocorre a partir do momento em que ele decide que Deus terá de atender a tudo quanto ele pede, e ato contínuo ora menos, deixa de orar ou deixa de crer, quando não obtém resposta à sua oração. É certo que Deus opera sem nossa oração, como a própria Bíblia mostra que Ele faz mais do que pedimos. Isso é inerente à Sua soberania. Mas tambéé certo que podemos deixar de receber se não oramos, como afirmou Tiago. 

O que nos cabe fazer, é crer que Deus espera nossa oração, porque ela é antes de mais nada o instrumento que assegura e confessa nossa dependência e confiança nEle, mas jamais devemos orar com soberba, como se fôssemos senhores e não servos, porque quando invertemos esses papéis, fazemos de Deus o servo de nossas vontades e necessidades, e Ele não Se sujeita a isso. Antes, devemos orar sob o compromisso de fé nos moldes de Hebreus 4:16, e também no espírito de Filipenses  4: 6 e 7, onde fica claro que a resposta à nossa oração pode ser, antes de qualquer realização, a paz de Deus que excede todo o entendimento, e a graça que nos basta, em meio às necessidades que nos motivam o clamor.

Prefiro viver a vida de oração no padrão do que ensinou o profeta Oséias: "Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-Lo. Tão certo como nasce o sol, Ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de primavera que regam a terra" (6:3).

Pr. Cleber Alho

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

DEUS TEM MAIS



Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?” – Hebreus 1:14.

alguns anos passados tive o grato privilégio de ouvir pela última vez a pregação da Palavra de Deus pelo saudoso reverendo Antônio Elias quando fez sua derradeira viagem a Rio Claro-SP. Nessa ocasião ele ilustrou seu sermão sobre descansar no poder de Deus com uma história pessoal. Contava que certa manhã, já um ancião de cerca de 96 anos de idade, fôra até uma feira livre próxima à sua residência e começara a comprar distraidamente algumas coisas acumulando sacolas de cujo volume não se deu conta, até o momento de retornar para casa e perceber que era-lhe impossível leva-las devido ao peso. E fez algumas fatigantes e teimosas tentativas até ver passar ao largo seu filho, forte, vigoroso, que corria se exercitando e nesse momento o viu com as sacolas, vindo de pronto toma-las todas para tirar dele o fardo e o excesso. Entregues as sacolas, ocorreu-lhe perceber uma lição do coração de Deus para o seu: Deixe comigo os fardos acumulados. Eu dou conta; Eu posso. Eu Sou mais forte. E fez a devida aplicação a favor da fé dos que o ouviam naquela memorável manhã.

Às vezes fico pensando no fato de que Deus tem a Seu dispor incontáveis hostes de agentes a quem “dá ordens a nosso respeito(Salmo 91:11), capazes e fortes, poderosos para fazer e realizar o que Ele determina a nosso favor. É disso o que também nos fala o texto de Hebreus.

Algumas vezes nossa fé perde posição e atenção e deixa de perceber que Deus tem muito mais recursos disponíveis dos quais Se serve em atenção a nós. Olhamos os fatos impactantes, os agentes desconcertantes que atuam nossos dissabores e decepções e esquecemos que muitos mais são os que estão com Deus a nosso favor do que o número ou o tamanho daquilo que é contra nós.

Foi exatamente esta a experiência do profeta Eliseu e seu moço Geazi nos dias dos reis de Israel. O rei da Síria, seu inimigo, enviou à Samaria um exército armado para levar o profeta prisioneiro. Geazi viu aquele exército e entrou em pânico. Eliseu orou por ele para que Deus lhe abrisse os olhos a fim de que pudesse ver os montes ao redor da cidade cobertos de carros de fogo e cavaleiros celestiais para fazerem a guarda do velho homem de Deus.

Outro idoso do Senhor estava guardado por quatro ordens de quatro sentinelas, preso a correntes numa prisão política, fortemente guardada. Um único anjo de Deus foi enviado para soltar as cadeias e fazê-lo passar incólume pelas inertes e inúteis sentinelas, atordoadas pelo seu poder.

Eles entram onde tudo está fechado, indevassável. Eles sobem, descem, cercam, seguram. São os verbos que ilustram na Bíblia seu dinâmico atuar, a favor dos que herdam a salvação. Somos informados de que assumem lugar junto à fornalha ardente, e refrigeram do fogo aqueles que nela foram lançados; descem a covis de feras, e as intimidam e calam, para que não toquem nem se aproximem daquele que estava destinado a ser por elas destroçado. Passam sobre copas de árvores, fazendo ruídos sinalizadores para guerreiros humanos de Deus, como a dizer: Aqui estamos. Somos a tropa de reforço nesta batalha!Outras vezes, aparecem em bandos, no itinerário do crente temeroso para sinalar que ele não está só em sua jornada em direção ao confronto com seu adversário. Entre tantas cenas, estas ilustram respectivamente as histórias dos companheiros de Daniel, dele próprio, de Daví e de Jacó. Mas como esquecer quando surge um anjo para assistir um profeta depressivo e desistente no deserto de sua deserção ministerial, como fez a Elias, falando com ele, instando, alimentando e orientando para dar sequência à jornada? Como esquecer quando eles surgem em grupo junto ao Filho de Deus, após quarenta dias de provação no deserto, para confortar seu coração depois da luta contra Satanás? Como esquecer as vezes diversas em que foram enviados para dar avisos, advertir, consolar, como a Agar no deserto, ou para anunciar a Maria e José o que estava para acontecer que revolucionaria o mundo físico e espiritual, quando da Encarnação do Filho do Deus Eterno? Sempre enviados, sempre cumprindo ordens divinas; sempre a favor dos filhos de Deus.

Há miríades de agentes divinos sob ordens expressas a nosso favor. São os veículos de que Ele Se serve para cuidar de nós. E se assim não fosse, seria bastante a bendita promessa que sossega nossa fé quando proclama: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Sossega, coração! Mais são os que estão contigo do que os que podem agir contra ti, quem ou quantos sejam.

Pr. Cleber Alho