O Júlio é um irmão querido, que experimentou e está
experimentando as transformações próprias
do Evangelho de Cristo em sua vida.
Ele me compartilhou um pouco de sua experiência cujo crescimento
venho acompanhando passo a passo, e agora me permitiu publicar seu depoimento,
que pode ser lido a seguir.
Pr.
Cleber Alho
Já faz um tempo que penso em
escrever algumas palavras sobre a minha curta trajetória cristã. Várias foram as motivações da minha distância de qualquer religião
até poucos anos atrás. Creio que começou na infância no pouco contato que tive com o catolicismo.
Exatamente pelo que vi, ouvi e não entendi, acabei me afastando
de quaisquer outras crenças religiosas. A instituição e rituais católicos não faziam nenhum sentido e hoje vejo que a falta de um
ensino religioso verdadeiro leva a uma ignorância
latente. Parece ser essa a linha metodológica do catolicismo, deixar
todos sempre na obscuridade. Nunca vi uma Bíblia
em qualquer igreja católica ou nas mãos de quem se dizia católico.
Mais tarde, só via bíblias nas gavetas dos quartos de hotéis e ao tentar lê-las não fazia o menor sentido tal a ignorância que sempre me acompanhou nesse campo.
Mais recentemente, depois de muitos anos, comecei a prestar
um pouco mais de atenção em como a minha esposa
encarava, enxergava e lidava com os problemas do mundo. Era um jeito diferente,
parecia que compreendia melhor o mundo, com os males que nos deparamos
diariamente. Percebi que a diferença de como enxergávamos a vida estava em uma área
em que eu nada sabia e que fazia muita diferença,
para melhor, na vida dela. Era simplesmente sua fé
que fazia toda a diferença, que a fazia olhar de forma
mais serena tanto as coisas ruins, que crescem a passos largos no mundo, quanto
as coisas boas, que andam sempre em ritmo mais lento.
É claro que para eu sair da inércia foram ocorrendo pequenos movimentos e a minha querida
esposa desempenhou um papel muito importante, através do seu conhecimento bíblico
e paz interior, que muito ajudou a tirar-me da ignorância. Hoje, acredito que esse movimento não acontece subitamente, mas paulatinamente, às vezes relutante, mas sempre crescente.
Exemplificando um pouco: para mim a questão da morte sempre foi um assunto mal resolvido e de difícil reflexão. Minha esposa abordou
algumas vezes uma visão mais positiva da morte,
certamente influenciada pelo conhecimento cristão,
e aos poucos fui entendendo esse outro ponto de vista. Ao escutar também o DVD que ganhei do senhor - “Antes e Depois” falando sobre esse tema, fui
elaborando uma visão bastante diferente do que
durante anos havia sido um grande incômodo e vazio, pois em nenhuma
ocasião havia escutado alguém abordar tal assunto com tanta naturalidade.
Lembro de um fato que ocorreu com a minha mãe que faleceu de um câncer de fígado. Já estava ciente do seu estado
terminal e das muitas idas e vindas ao hospital, um fato estranho ocorreu
poucos dias antes dela retornar pela última vez ao hospital. Estávamos conversando no quarto a noite, eu sentado na beira da
sua cama, ela deitada e lúcida, repentinamente ela
disse:
- Que estranho, apontando para o teto;
- Estou vendo um monte de luzes se mexendo!
Nunca esqueci esse episódio,
sem poder ter dado a ela qualquer tipo de explicação
plausível.
Um dia, uma amiga da minha esposa emprestou vários CD’s de um curso seu sobre
Apocalipse. Para mim, era um tema no mínimo curioso, por eu ser
totalmente leigo sobre o assunto. Então iniciei meu conhecimento “bíblico”, de trás para frente, através do último livro. Posteriormente
comecei a ler o Antigo Testamento e minha esposa sempre pacientemente explicando
os seus conceitos, hoje um pouco mais triviais. Iniciei a leitura, muito
curioso, com os aspectos históricos, geográficos e temporais das andanças
do povo de Israel.
Confesso que o tema Apocalipse
continua sendo um grande mistério, de muita complexidade
para mim, mas o que me chamou a atenção escutando os CD’s não foram exatamente os textos
sobre Apocalipse, mas suas opiniões sobre a verdadeira igreja e
as outras. Os seus comentários e criticas acerca da
igreja eram muito semelhantes com as que eu tinha há muito tempo, sobre como eu via as instituições religiosas, pelo menos no meu parco conhecimento sobre o
assunto. Comecei a refletir, de como
seria possível um pastor ter criticas e
opiniões sobre as instituições religiosas similares a alguém de fora da igreja? Desde então, comecei a prestar mais atenção ao escutar outras pregações
suas, além de Apocalipse.
Desse inicio, a partir de Apocalipse, li alguns livros, eu
e a esposa escutamos bastante suas pregações, na medida do possível, também lendo a bíblia e a cada dia venho percebendo novas nuances em muitas áreas: nos mecanismos da existência
do nosso planeta e universo; na exceção, que é a existência do petróleo; na semelhança do homem de 30.000 anos atrás com os de hoje (do documentário
“A Caverna dos Sonhos
Esquecidos”, de Werner Herzog); da fantástica variedade da nossa fauna e flora; da harmonia de vários fatores, que permitem a existência da vida na Terra e por outro lado; na tristeza de ver
como o homem vem acabando com os recursos do planeta, aliás, o único animal que consegue
destruir a própria casa onde habita.
Das mudanças desses paradigmas, a
curiosidade me levou a temas sobre ciência e fé. Acabei vendo quase sempre um partidarismo acalorado, com
muita argüição de ambos os lados, costumeiramente levando a conclusão nenhuma. A leitura do livro “O Teste da Fé” me levou a algumas reflexões sobre o assunto, que teriam sido diferentes antigamente.
Suponho que a fé e ciência são de esferas totalmente
diferentes nas suas concepções e respectivas competências.
Cada uma trabalha com suas próprias ferramentas caminhando
pelas suas próprias estradas. São dois caminhos diferentes, podendo até se enxergarem um ao outro, mas não se cruzam.
A fé é um caminho muito mais largo e abrangente e a ciência é um caminho estreito, cheio de
sinuosidades e está longe de entender o mundo, a
natureza e o universo na sua totalidade. A busca do conhecimento nunca findará, simplesmente porque somos humanos. A cada nova resposta e
descoberta, mais perguntas e perguntas são feitas e aprendemos que
sabemos pouco e somos muito pequenos diante de algo muito maior, que é Deus.
É a fé que fornece suporte, criatividade e competência para que o homem, curioso e desejoso de respostas,
busque o conhecimento através da ciência. Quem quer conflitar fé
e ciência é o homem que acha que ambas tem o mesmo arcabouço de idéias e pode colocá-las na mesma balança e compará-las. Mas creio que isso não
se coaduna, pois a fé está muito acima para ser comparada e não precisa de um embate. O homem sim, que faz questão que estes caminhos se cruzem e colidam entre si, criando
batalhas onde não deveria haver guerra.
Não tenho competência para ficar argumentando
sobre o tema fé, mas penso que não deva ser algo que despertamos em uma manhã e tudo muda a partir desse dia. Deus fornece subsídios para o homem evoluir através da ciência e talvez através da graça, também nos desperte para a fé
(quem sou eu para querer abordar tal tema). Não
sei, portanto não me aventurarei em querer
discutir um assunto que pouco sei. No meu precário
entendimento sobre o assunto, posso
supor que a fé também seja um aprendizado e que deva ser continuamente
exercitado.
Sei que tenho um longo caminho a trilhar, a cada andança, novos caminhos se mostrarão,
mas está sendo edificante, com muita
paz e crescimento, na minha curta jornada até
este momento.
Júlio Tinen
24/janeiro/2014