segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

MINHA CURTA VIDA CRISTÃ

O Júlio é um irmão querido, que experimentou e está experimentando as transformações próprias  do Evangelho de Cristo em sua vida.
Ele me compartilhou um pouco de sua experiência cujo crescimento venho acompanhando passo a passo, e agora me permitiu publicar seu depoimento, que pode ser lido a seguir.
                                                                                            Pr. Cleber Alho


Já faz um tempo que penso em escrever algumas palavras sobre a minha curta trajetória cristã. Várias foram as motivações da minha distância de qualquer religião até poucos anos atrás. Creio que começou na infância no pouco contato que tive com o catolicismo. Exatamente pelo que vi, ouvi e não entendi, acabei me afastando de quaisquer outras crenças religiosas. A instituição e rituais católicos não faziam nenhum sentido e hoje vejo que a falta de um ensino religioso verdadeiro leva a uma ignorância latente. Parece ser essa a linha metodológica do catolicismo, deixar todos sempre na obscuridade. Nunca vi uma Bíblia em qualquer igreja católica ou nas mãos de quem se dizia católico. Mais tarde, só via bíblias nas gavetas dos quartos de hotéis e ao tentar lê-las não fazia o menor sentido tal a ignorância que sempre me acompanhou nesse campo.
Mais recentemente, depois de muitos anos, comecei a prestar um pouco mais de atenção em como a minha esposa encarava, enxergava e lidava com os problemas do mundo. Era um jeito diferente, parecia que compreendia melhor o mundo, com os males que nos deparamos diariamente. Percebi que a diferença de como enxergávamos a vida estava em uma área em que eu nada sabia e que fazia muita diferença, para melhor, na vida dela. Era simplesmente sua fé que fazia toda a diferença, que a fazia olhar de forma mais serena tanto as coisas ruins, que crescem a passos largos no mundo, quanto as coisas boas, que andam sempre em ritmo mais lento.
É claro que para eu sair da inércia foram ocorrendo pequenos movimentos e a minha querida esposa desempenhou um papel muito importante, através do seu conhecimento bíblico e paz interior, que muito ajudou a tirar-me da ignorância. Hoje, acredito que esse movimento não acontece subitamente, mas paulatinamente, às vezes relutante, mas sempre crescente.
Exemplificando um pouco: para mim a questão da morte sempre foi um assunto mal resolvido e de difícil reflexão. Minha esposa abordou algumas vezes uma visão mais positiva da morte, certamente influenciada pelo conhecimento cristão, e aos poucos fui entendendo esse outro ponto de vista. Ao escutar também o DVD que ganhei do senhor - Antes e Depois falando sobre esse tema, fui elaborando uma visão bastante diferente do que durante anos havia sido um grande incômodo e vazio, pois em nenhuma ocasião havia escutado alguém abordar tal assunto com tanta naturalidade.
Lembro de um fato que ocorreu com a minha mãe que faleceu de um câncer de fígado. Já estava ciente do seu estado terminal e das muitas idas e vindas ao hospital, um fato estranho ocorreu poucos dias antes dela retornar pela última vez ao hospital. Estávamos conversando no quarto a noite, eu sentado na beira da sua cama, ela deitada e lúcida, repentinamente ela disse:
- Que estranho, apontando para o teto;
- Estou vendo um monte de luzes se mexendo!
Nunca esqueci esse episódio, sem poder ter dado a ela qualquer tipo de explicação plausível.
Um dia, uma amiga da minha esposa emprestou vários CDs de um curso seu sobre Apocalipse. Para mim, era um tema no mínimo curioso, por eu ser totalmente leigo sobre o assunto. Então iniciei meu conhecimento bíblico, de trás para frente, através do último livro. Posteriormente comecei a ler o Antigo Testamento e minha esposa sempre pacientemente explicando os seus conceitos, hoje um pouco mais triviais. Iniciei a leitura, muito curioso, com os aspectos históricos, geográficos e temporais das andanças do povo de Israel.
Confesso que o tema Apocalipse continua sendo um grande mistério, de muita complexidade para mim, mas o que me chamou a atenção escutando os CDs não foram exatamente os textos sobre Apocalipse, mas suas opiniões sobre a verdadeira igreja e as outras. Os seus comentários e criticas acerca da igreja eram muito semelhantes com as que eu tinha há muito tempo, sobre como eu via as instituições religiosas, pelo menos no meu parco conhecimento sobre o assunto. Comecei  a refletir, de como seria possível um pastor ter criticas e opiniões sobre as instituições religiosas similares a alguém de fora da igreja? Desde então, comecei a prestar mais atenção ao escutar outras pregações suas, além de Apocalipse.
Desse inicio, a partir de Apocalipse, li alguns livros, eu e a esposa escutamos bastante suas pregações, na medida do possível, também lendo a bíblia e a cada dia venho percebendo novas nuances em muitas áreas: nos mecanismos da existência do nosso planeta e universo; na exceção, que é a existência do petróleo; na semelhança do homem de 30.000 anos atrás com os de hoje (do documentário A Caverna dos Sonhos Esquecidos, de Werner Herzog); da fantástica variedade da nossa fauna e flora; da harmonia de vários fatores, que permitem a existência da vida na Terra e por outro lado; na tristeza de ver como o homem vem acabando com os recursos do planeta, aliás, o único animal que consegue destruir a própria casa onde habita.
Das mudanças desses paradigmas, a curiosidade me levou a temas sobre ciência e fé. Acabei vendo quase sempre um partidarismo acalorado, com muita argüição de ambos os lados, costumeiramente levando a conclusão nenhuma. A leitura do livro O Teste da Fé” me levou a algumas reflexões sobre o assunto, que teriam sido diferentes antigamente.
Suponho que a fé e ciência são de esferas totalmente diferentes nas  suas concepções e respectivas competências. Cada uma trabalha com suas próprias ferramentas caminhando pelas suas próprias estradas. São dois caminhos diferentes, podendo até se enxergarem um ao outro, mas não se cruzam.
A fé é um caminho muito mais largo e abrangente e a ciência é um caminho estreito, cheio de sinuosidades e está longe de entender o mundo, a natureza e o universo na sua totalidade. A busca do conhecimento nunca findará, simplesmente porque somos humanos. A cada nova resposta e descoberta, mais perguntas e perguntas são feitas e aprendemos que sabemos pouco e somos muito pequenos diante de algo muito maior, que é Deus.
É a fé que fornece suporte, criatividade e competência para que o homem, curioso e desejoso de respostas, busque o conhecimento através da ciência. Quem quer conflitar fé e ciência é o homem que acha que ambas tem o mesmo arcabouço de idéias e pode colocá-las na mesma balança e compará-las. Mas creio que isso não se coaduna, pois a fé está muito acima para ser comparada e não precisa de um embate. O homem sim, que faz questão que estes caminhos se cruzem e colidam entre si, criando batalhas onde não deveria haver guerra.
Não tenho competência para ficar argumentando sobre o tema fé, mas penso que não deva ser algo que despertamos em uma manhã e tudo muda a partir desse dia. Deus fornece subsídios para o homem evoluir através da ciência e talvez através da graça, também nos desperte para a fé (quem sou eu para querer abordar tal tema). Não sei, portanto não me aventurarei em querer discutir um assunto que pouco sei. No meu precário entendimento sobre o assunto,  posso supor que a fé também seja um aprendizado e que deva ser continuamente exercitado.
Sei que tenho um longo caminho a trilhar, a cada andança, novos caminhos se mostrarão, mas está sendo edificante, com muita paz e crescimento, na minha curta jornada até este momento.
 Júlio Tinen

24/janeiro/2014

domingo, 23 de fevereiro de 2014

QUEM PRECISA DE AVIVAMENTO?

Avivamento é um daqueles verbetes que se transforma em terminologia técnica, no que tange à fé, e se padronizam.

É importante saber que este conceito criado, como outro semelhante e de suma importância teológica ( trindade) não consta nos registros da Revelação escrita de Deus.
Provavelmente derivou-se de um termo muito antigo, cunhado por antigas versões da Bíblia, a partir de Habacuque 3:2. Conforme aquelas versões, o profeta teria orado assim:   " Aviva, Senhor a Tua obra..." O que traduzia, na verdade, a expressão: " realiza de novo"' ou: "torna a fazer".  O radical da palavra usada por Habacuque atende à idéia de reacender, ou dar brilho, fulgor, donde certamente derivou-se a noção do verbo avivar. Esta idéia também está presente nas palavras do apóstolo Paulo a seu discípulo dileto Timóteo, quando aludindo à espiritualidade do moço ele exortou: " Por essa razão torno a lembrar-lhe que mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você..." ( II Tm.1:6 ). Expressão que também antigas versões traduziram como "aviva" ou " reaviva".

Assim, a idéia passou a conceituar toda experiência histórica, local ou pessoal no curso do trato de Deus com os homens, através da Igreja, que revelasse uma renovação de votos, posicionamento, concerto de vidas, conversões ou comoções espirituais evidentes.
Passou à história, muito bem recebido e usado por centenas de homens de Deus para apontar uma invasão ou atuação sobrenatural do Espírito de Deus produzindo grandes eventos de efeitos duradouros e notórios, incluindo a conversão de massas humanas em profusão, ou despertamento missionário de indivíduos e comunidades inteiras. As intervenções extraordinárias de Deus no curso da história da Igreja, todas elas atribuídas a um agir fora do corriqueiro, do Espírito Santo, foram apontadas como avivamento espiritual. Assim conhecemos o conceito.

Lamentavelmente o sentido se corrompeu e por conseqüência perdeu seu significado pois tendo sido vulgarizado, passou a ser usado para apontar todo e qualquer frenesi ou ajuntamento de caráter espiritual suspeito. Hoje é bastante um grupo delirar sob forte emoção perpetrada pela mídia evangélica para que se atribua a isso a noção de avivamento. Se homens de Deus que no passado foram instrumentos de avivamento real, ressurgissem em nossos dias e fossem constatar o que a Igreja de hoje reputa e pratica como avivamento, tornariam a morrer. De desgosto, escandalizados.

Avivamento é um agir incomum e perceptível do Espírito de Deus sobre pessoas e grupos. A história nos ensina que ele sempre ocorreu em resposta a uma crise espiritual, trazendo restauração. Mas, um aspecto todo especial desse agir do Espírito que chamou-se avivamento, é que tanto na oração de Habacuque, quanto na exortação de Paulo, ele atende a duas características intrínsecas: deve ser pedido a Deus ( Habacuque) e deve ser buscado pelo crente em sua vida e ainda preservado ( Paulo ).

Mas, quem e quando precisa de avivamento?

Se partirmos do pressuposto que o avivamento espiritual é uma experiência de transformação de algo que está apagado, vazio, o cristão que assim se encontra, acomodado e satisfeito, jamais vai dar-se conta de sua necessidade e valor. Daí a exortação de Jesus à Igreja, através de uma de suas faces, a de Sardes, quando lhe diz: "Tens nome de que vives, mas estás morto".  Outro tanto vale quando Ele diz à Igreja através de Laodicéa: "Quem dera foras frio ou quente; mas és morno".
Tanto um estado quanto outro aponta uma inércia de que o crente não se apercebe, mas satisfeito com sua espiritualidade rasa, medíocre e vazia, vai se comparando com outros em pior estado e dá-se por satisfeito, reputando a vida com Deus a um ramerrão de atividades cômodas e repetitivas às quais adere por tradição, compromisso, e muitas vezes com esforço e sacrifício. Avivamento é uma busca espiritual para vidas inconformadas e sedentas de Deus. Vidas que estão conscientes de seu processo sorrateiro de mundaneidade crescente, com nome de " normalidade".

Vale mesmo para um cristão quando vive a realidade da igreja de Éfeso que o Senhor denunciou como cheia de ativismo bom e sadio, mas que encobria vida desprovida de paixão. A realidade dos crentes de Éfeso caracteriza muito o perfil dos crentes modernos, escondidos numa multiforme ação eclesiástica, com a pretensão de estar fazendo a obra de Deus, mas chafurdados no tecnicismo, liturgia, pragmatismo religioso ou ativismo que motiva, mas não emotiva nem é expressão de amor a Cristo. Pode até ser amor, mas às coisas de Deus e não Àquele que as realiza. O que Jesus cobrou da Igreja de Éfeso define o que hoje pode ser entendido como a busca por um avivamento pessoal, particular, singularizado: paixão. Se falta amor, falta vida, e o espaço fica aberto para uma espiritualidade sem brios, sem brilho, vazia.

Quem precisa de avivamento? O crente que deseja viver no limiar de uma paixão por seu Deus que sempre Se revelou por ele apaixonado, a ponto de Paulo dizer: " O amor de Cristo nos constrange..."

Uma pergunta: está boa a vida que você tem vivido na fé, ou falta mais? Jesus pode ver sua vida e dizer: " Bem está servo(a)bom ( boa) e fiel..." Ou Ele diria como a Éfeso: "Tenho porém contra ti..."

Lembre: Há pouco tempo dissemos: " O caminho do avivamento passa pela santificação da vida". É fato. Antes de derramar o azeite da unção sobre o sacerdote, Moisés lavava-o com sangue.

Que Deus nos inquiete nesta geração, e sejamos faróis, referências e estímulo para nossos filhos e demais cristãos.

Pr. Cleber Alho.