Em Gênesis 11, encontramos o
relato da pretensão humana de construir uma torre que lhes fosse por obelisco.
A Torre de Babel, construída na planície de Sinear, tanto atendia ao propósito
de ser um memorial de registro do poderio humano, como uma torre de vigia
quanto aos atos de Deus. Seus construtores pensaram: "Ergamos uma torre
tão alta que toque o céu". Deus destruiu a torre dos homens
infundindo-lhes perturbações cognitivas. Sem se entenderem mutuamente,
dispersaram-se por toda a terra, na direção inversa do seu propósito que era
tornarem-se independentes de Deus, centralizados em torno de si mesmos,
autossuficientes. E ao mesmo tempo, na dispersão, atenderam ao propósito divino
estabelecido nos primórdios: Povoem a terra! Sempre o intento divino correu
nessa direção: Todos! Não só vocês! Espalhem-se, distribuam-se! Doem-se!
O pensamento humano não mudou
muito desde então. Há uma tendência inata ao homem, filho de Adão, quanto a
precaver-se, garantir-se, reservar-se, sempre fazendo tudo em torno de si e dos
seus. Os outros são excluídos.
Deus vira a página da história,
literalmente a narrativa do capítulo 11 do Gênesis para o 12, com o chamado de
Abraão, a quem desafia a independer de si e dos seus, contrariando a direção
carnal da vontade humana em Gênesis 11, para depender dEle integralmente e
assim, construir sua bênção na direção de "todas as famílias da
terra". E nesse propósito Abraão estaria erguendo seu obelisco, o memorial
de ser uma bênção, em lugar da torre do egoísmo, ganância e particularidade.
Penso que em todas as épocas e
lugares os homens continuam a construir suas Torres a partir de promitentes
obeliscos. Torres da vaidade, soberba, para fazer-lhes nome na terra. Mesmo na
Igreja, na construção de alguns ministérios é notório o fato de que os homens
começam com o obelisco, o memorial que aponta para Deus, e logo o transformam
em torre que reduz a proposta na fama, no louvor do próprio nome. Em alguns
segmentos da fé cristã isso é ainda mais visível, como na mídia evangélica com
o apodo de "gospel". Vemos as torres da fama sendo descaradamente
"santificadas" no intento de serem testemunho de vidas abençoadas,
por conta de terem sido bem sucedidas (especialmente em papel-moeda).
Mas, no geral, o obelisco da
busca da bênção começa sempre a ser forjado no investimento pessoal em orações,
cultos, reuniões, participações e realizações cúlticas que parecem atestar uma
espiritualidade em alta. Nem
bem começam resultados pretendidos e o "adorador" transforma o
obelisco da bênção (via de regra de escopo material, secular) em torre de
apropriação de independência e garantia pessoal.
Penso também se não estaria ainda
hoje Deus "desconstruindo" essas torres nas vidas dos que as levantam
para si mesmos.
Examinando a História na
antigüidade é fácil perceber que desde os eventos de Gênesis11 Ele continua
"descendo e confundindo" os construtores de torres, as torres da soberba
pessoal e coletiva. É fácil também dar-se conta de que cada torre erguida pela
pretensão humana de independer-se de Deus será derrubada a seu tempo. É só uma questão
de tempo. E dou-me conta de que o processo é sempre o mesmo: a confusão do cognitivo. E o homem se esvazia
na fé.
O que você está erguendo a partir
de sua vida? Obelisco ou torre? Em que direção e a favor de quem está levando sua
vida? É como você obtém sua resposta.
Pr. Cleber Alho