Um texto-símbolo nas Escrituras é o de Jeremias 31: 21 em que Deus ordena: " Ergue
marcos, finca postes que te guiem..."
Na sequência do texto Ele diz: "
Presta atenção na vereda..."
Como esta Palavra se faz premente hoje!
Há vinte anos passados,
participei de uma palestra apresentada em Campinas, SP, por Paul Freston, num
encontro de pastores, onde aquele irmão com sobriedade afirmou,
analisando o rumo enveredado pela Igreja Evangélica
brasileira: " a Igreja Evangélica da atualidade está plena de programas mas vazia de princípios". Tanto tempo depois, pude com pesar somar a essa
palavra outra observação de igual peso, esta feita
pelo Reverendo Guilhermino Cunha, noutro encontro de pastores, em Santa Bárbara D' Oeste, onde se referindo às políticas eclesiásticas, políticas denominacionais, disse
ele que as políticas perpetradas pelas
lideranças evangélicas geralmente seguiam o modelo político do país, conforme impresso pelo
representante máximo do Executivo. Fiquei
pensando no fato que, essa palavra corroborava a opinião de Paul Freston, porque neste país continuamos uma política de programas, esvaída de princípios.
O cristão evangélico hoje, em grande parte das práticas confessionais, tem sido induzido a confessar uma fé pragmática, desprovida de princípios. E como os princípios cristãos são mais que dogmas
confessionais, o que resta é uma experiência de fé, abundante em eventos e
fatos, mas vazia de moral, santidade e proposta eterna.
Isto se traduz, outro tanto, numa confissão evangélica que adentra os lares sem
compromisso com a formação de um memorial cristão pautado em transformar vidas e a essência das vidas, segundo o modelo do Evangelho que pretende
fazer do homem herdeiro de Adão, alguém em quem Cristo e Seu caráter
possam ser vistos. É antes uma confissão que acrescenta modismos evangélicos ao que as pessoas abraçam
como forma de viver, sem qualquer proposta de transformação interna, moral. Usa-se nesse sistema, os recursos da graça objetiva como oração, entre outros, sobre temas
existenciais sequer questionados quanto á sua natureza e implicações. Compromete-se a Promessa de Deus e Seu poder, como quem
oferece um paliativo para necessidades temporais, exatamente como o homem pagão faz na busca por benzedeiras ou rezas talismânicas e sortilégios. Mas o princípio que o Evangelho de Cristo prega, aponta para o
comprometimento do homem com arrependimento de pecados, confissão, busca por mudança de vida. Continua pregando: Deixe o ímpio
o seu caminho. Podemos
ler sobre essa transformação comprometida, entre
outros, em textos tais como Gálatas 4:19 e
Colossenses 1:27c, respectivamente: " Meus filhos, novamente estou
sofrendo dores de parto por sua causa, até
que Cristo seja formado em vocês"; "Nós o proclamamos...para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo". O
Evangelho de Jesus não faz acomodações de valores.
Isto me leva a pensar no fato de que os pais crentes hoje
deveriam voltar seus olhos para a estrutura de sua família, que vive no curso de uma geração que se corrompe, preocupados com uma questão que estabelece o rumo dos princípios: qual o legado que minha vida de fé está construindo para os meus
filhos? Quando eu não estiver mais aqui,
a memória cristã que deixarei, de que falará?
Para onde vai apontar? E mais importante que isto: os nossos herdeiros vão encontrar marcos confiantes e sinalizadores que
deixaremos após? E para onde tais marcos os
guiarão? Para Cristo ou para a
igreja de Cristo? Se apontarem para nosso funcionamento cúltico, não irão além de programas, que caducam várias vezes dentro de uma mesma geração. Se esses marcos apontarem princípios, então levarão a Cristo, a respostas, a valores eternos, porque os princípios são permanentes, tanto remotos
quanto futuros. Não são inflacionados pelo pretenso relativismo que pretende uma
santificação adequada a cada época. E santificação "adaptativa",
longe de correr pela via proclamada no Evangelho do " não conformar-se", veste-se de desculpas mundanas para
adequar-se às leis dos homens, estas
comprometidas com um sistema secular, cujo deus é
Satanás.
Quê legados vamos deixar, quando
tivermos passado? Quais marcos permanecerão? O que estamos construindo
em termos de valores eternos, valores cristãos,
eu e você, para nossos filhos e netos?
Pense nisso, em oração. Lembre que a Palavra que
afirma sermos cartas vivas conhecidas e lidas por todos os homens, entre esses
inclui os que vivem conosco, sob a influência de nossos nomes e
sobrenomes.
Pr. Cleber Alho.