sábado, 22 de março de 2014

LEGADOS

Um texto-símbolo nas Escrituras é o de Jeremias 31: 21 em que Deus ordena: " Ergue marcos, finca postes que te guiem..."

Na sequência do texto Ele diz: " Presta atenção na vereda..."

Como esta Palavra se faz premente hoje!
Há vinte anos passados, participei de uma palestra apresentada em Campinas, SP, por Paul Freston, num encontro de pastores, onde aquele irmão com sobriedade afirmou, analisando o rumo enveredado pela Igreja Evangélica brasileira: " a Igreja Evangélica da atualidade está plena de programas mas vazia de princípios". Tanto tempo depois, pude com pesar somar a essa palavra outra observação de igual peso, esta feita pelo Reverendo Guilhermino Cunha, noutro encontro de pastores, em Santa Bárbara D' Oeste, onde se referindo às políticas eclesiásticas, políticas denominacionais, disse ele que as políticas perpetradas pelas lideranças evangélicas geralmente seguiam o modelo político do país, conforme impresso pelo representante máximo do Executivo. Fiquei pensando no fato que, essa palavra corroborava a opinião de Paul Freston, porque neste país continuamos uma política de programas, esvaída de princípios.

O cristão evangélico hoje, em grande parte das práticas confessionais, tem sido induzido a confessar uma fé pragmática, desprovida de princípios. E como os princípios cristãos são mais que dogmas confessionais, o que resta é uma experiência de fé, abundante em eventos e fatos, mas vazia de moral, santidade e proposta eterna.

Isto se traduz, outro tanto, numa confissão evangélica que adentra os lares sem compromisso com a formação de um memorial cristão pautado em transformar vidas e a essência das vidas, segundo o modelo do Evangelho que pretende fazer do homem herdeiro de Adão, alguém em quem Cristo e Seu caráter possam ser vistos. É antes uma confissão que acrescenta modismos evangélicos ao que as pessoas abraçam como forma de viver, sem qualquer proposta de transformação interna, moral. Usa-se nesse sistema, os recursos da graça objetiva como oração, entre outros, sobre temas existenciais sequer questionados quanto á sua natureza e implicações. Compromete-se a Promessa de Deus e Seu poder, como quem oferece um paliativo para necessidades temporais, exatamente como o homem pagão faz na busca por benzedeiras ou rezas talismânicas e sortilégios. Mas o princípio que o Evangelho de Cristo prega, aponta para o comprometimento do homem com arrependimento de pecados, confissão, busca por mudança de vida. Continua pregando: Deixe o ímpio o seu caminho. Podemos ler sobre essa transformação comprometida, entre outros,  em textos tais como Gálatas  4:19 e Colossenses 1:27c, respectivamente: " Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês"; "Nós o proclamamos...para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo". O Evangelho de Jesus não faz acomodações de valores.

Isto me leva a pensar no fato de que os pais crentes hoje deveriam voltar seus olhos para a estrutura de sua família, que vive no curso de uma geração que se corrompe, preocupados com uma questão que estabelece o rumo dos princípios: qual o legado que minha vida de fé está construindo para os meus filhos? Quando eu não estiver mais aqui,
a memória cristã que deixarei, de que falará? Para onde vai apontar? E mais importante que isto: os nossos herdeiros vão encontrar marcos confiantes e sinalizadores que deixaremos após? E para onde tais marcos os guiarão? Para Cristo ou para a igreja de Cristo? Se apontarem para nosso funcionamento cúltico, não irão além de programas, que caducam várias vezes dentro de uma mesma geração. Se esses marcos apontarem princípios, então levarão a Cristo, a respostas, a valores eternos, porque os princípios são permanentes, tanto remotos quanto futuros. Não são inflacionados pelo pretenso relativismo que pretende uma santificação adequada a cada época. E santificação "adaptativa", longe de correr pela via proclamada no Evangelho do " não conformar-se", veste-se de desculpas mundanas para adequar-se às leis dos homens, estas comprometidas com um sistema secular, cujo deus é Satanás.

Quê legados vamos deixar, quando tivermos passado? Quais marcos permanecerão? O que estamos construindo em termos de valores eternos, valores cristãos, eu e você, para nossos filhos e netos?

Pense nisso, em oração. Lembre que a Palavra que afirma sermos cartas vivas conhecidas e lidas por todos os homens, entre esses inclui os que vivem conosco, sob a influência de nossos nomes e sobrenomes.


Pr. Cleber Alho.