Nosso texto é Atos 2: 1-18.
Embora muito conhecido nosso, não dispensa uma leitura sua antes de considerar
a reflexão que segue.
Ninguém discorda de que o relato
de Atos 2 apresenta o nascedouro oficial da Igreja, quando do investimento do
Espírito Santo sobre os primeiros servos do Senhor Jesus. A Igreja de Cristo
passa a ser vista a partir de então, como comunidade transformadora,
libertadora e didática.
Essa visão ainda hoje pode ocorrer
por três óticas: Vista pelos de fora,
apenas um grupo religioso. Vista pelos de
dentro, um ambiente de edificação, ensino e comunhão. Mas, se vista do alto, o que significa? Então temos as perspectivas do Espírito Santo
pelas quais e para as quais a instaurou.
O texto em apreço nos revela o
que é imutável e tem que ser, para que a Igreja permaneça Corpo de Cristo, obra
divina. Sua essência não pode ser copiada, mas criada por Quem a instaurou. Ele
a estabeleceu e a caracterizou. E essas características que são as Suas
perspectivas, precisam estar em nós como Corpo, e individualmente, como
cristãos, membros desse Corpo.
Vamos a elas:
A Perspectiva da Comunicação
Desde o verso 1 ao 11 ela se
evidencia. O “som” do Vento enche toda a casa e as figuras em forma de línguas
de fogo, pousaram sobre cada um. Daí, temos um sinal particularmente
interessante: a mesma oportunidade e possibilidade de funcionamento para todos,
a partir de cada um. E esse Som, passou a traduzir uma VOZ. E essa Voz comunica
a cada um, falando no seu íntimo,
porque fala a linguagem que cada um pode decodificar conforme sua realidade. É interessante o destaque
para o fato de que a mensagem é comunicada e entendida segundo a língua materna
do ouvinte, ou seja, na região mais íntima de sua capacidade cognitiva. E o que
a Voz comunica? Comunica as maravilhas de Deus, ou seja, que Ele é Maravilhoso!
A Perspectiva da Identificação
Isto pode ser percebido no versos
17 e 18: Nos últimos dias, diz Deus,
derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas
filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os
meus servos e as minhas servas
derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.
É assim que Ele vê o Corpo:
formado por filhos e filhas, ou seja, gente que está identificada com o Pai,
elevada a uma posição de relacionamento filial, daí meus filhos e minhas filhas.
Também um Corpo formado por
servos e por servas, ou seja, gente identificada com o Filho, que é servo do
Pai, e isso aponta para comprometimento,
além de identificação, e esse comprometimento fala de serviço, atuação.
A Perspectiva da Comunhão
E por comunhão, também vista no
verso 17, devemos pensar na interrelação dos membros do Corpo, na sua
interdependência, que faz do Corpo um organismo vivo e possível de
eficácia. Porque a profecia de que se
serve o apóstolo Pedro para explicar o que ocorria na instauração da Igreja, a
profecia de Joel, apontava um Corpo constituído por velhos e jovens, onde
velhos teriam sonhos e jovens seriam habilitados a ter visões, e todos, assim
potencializados, profetizariam. Considerando a natureza da profecia, conforme
I Coríntios 14:31, que é instruir (construir por dentro) e encorajar (numa
mesma palavra, exortar e consolar), os jovens ficam na dependência dos sonhos
espirituais dos maduros na fé, para que os transformem nas visões das
possibilidades realizadoras no Reino de Deus. E bem colocado por Ele, sonhos
para maduros, e visões para novatos, aos quais pertence a força (Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes).
Os maduros podem sonhar, porque os experimentados revêem suas realizações
através de sonhos, e tais sonhos que fazem revisão, transferem uma visão
amadurecida, fundamentada, aos que vão chegando para visibilizar sua carreira no
Reino de Deus em sua geração. Um grupo dependente do outro, e os dois, movidos
pelo mesmo Espírito.
Assim foi estabelecida a Igreja,
no dia de Pentecostes.
Maduros ou novatos, nós somos a
Igreja desta geração, que precisa trazer tais características para ser Igreja,
vista e respeitada em sua missão.