segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

" O ano em que morreu o rei Uzias". - Isaías 6:1.


O ano em pauta é apontado como 735 a.c. Poucas coisas importantes aconteceram fora da história de Israel ou que tivessem a ver com o povo: Início do reinado de Candaules (também chamado de Mirsilo, filho de Mirsos), último rei da Lídia da dinastia dos heráclidas; campanha dos assírios aos pés do Monte Nal, contra Urartu. Mas em Israel, foi quando Uzias morreu.

Uzias começou a reinar com 16 anos e reinou 52 anos em Jerusalém. Era também  conhecido como Azarias. Uzias significa " força do Senhor" e Azarias, seu outro nome, "Deus ajudou" , praticamente um sinônimo em termos de significado,  ou dois nomes que comunicam mensagem semelhante.  O que sabemos de seu governo é que reorganizou o exército de Israel; reconstruiu as fortificações da cidade de Jerusalém;  alcançou vitórias retumbantes sobre os filisteus; destruiu as cidades inimigas de Gate, Jabna e Azôto; conquistou Elate;  derrotou os árabes e subjugou os amonitas. Durante seu longo governo o país experimentou prosperidade. Manteve-se fiel ao culto do Deus de Israel e tornou-se famoso entre as nações vizinhas por causa de suas constantes vitórias. Promoveu a agricultura; construiu torres no deserto e abriu poços de irrigação. Foi um rei voltado à engenhosidade e duas gerações de israelitas vivenciaram as benesses do seu reinado. Foi graças ao seu governo que o reino de Judá se libertou da tirania de Jeroboão rei do reino do norte, Israel.

A expressão " o ano da morte" como datação da experiência do profeta, inclui a morte ou não? Ou seja, o rei já havia morrido ou a revelação se deu antes do fato? O texto de Isaías 6 favorece o entendimento de que o trono havia sido substituído. Jotão estava há dois anos governando interinamente por conta da doença do seu pai que o afastara do trono. Logo, com a morte do rei, é provável que Isaías estivesse preocupado com a sorte do reino e Deus lhe mostrou que o verdadeiro Rei estava assentado no Seu trono, não importando quem estivesse ocupando o trono na terra. É possível que o profeta estivesse fazendo uma evocação memorial do significado ou impacto daquela morte, como o lamento de um luto. Afinal, os anos longos de seu governo eficaz traziam o registro impactante de que " Ele fez o que o Senhor aprova... e buscou a Deus durante a vida de Zacarias, que o instruiu no temor de Deus. Enquanto buscou o Senhor, Deus o fez prosperar" (II Cr. 26: 4). E fazendo juz ao significado dos seus dois nomes: " ...ele foi extraordinariamente ajudado, e assim tornou-se muito poderoso e a sua fama espalhou-se para longe" (II Cr. 26:15). A morte de um rei que fizera tal história, com certeza deixaria marcas de um luto profundo, mesmo não tendo  terminado bem os seus dias. Dos cinquenta e dois anos que reinou, os dois últimos foram passados em retiro por conta de uma lepra que lhe veio como juízo de Deus contra sua soberba, que subiu ao seu coração por conta de seus muitos sucessos. Mas a memória de seu reinado eficaz por meio século suplantou a má lembrança de dois ínfimos anos.

Não podemos deixar de ler com certa reverência a expressão do profeta. Seu propósito era situar na história o momento marcante do que parece ser o início de seu muito longo ministério profético, ocorrendo a partir de uma visão impactante. Com certeza sua experiência se deu num dia qualquer da semana de um mês conhecido, mas, embora fosse usual desde os dias de Moisés registrar-se a data pelo dia, mês e ano, o profeta situou sua marcante experiência no ano que seria memorial para toda uma nação: o ano em que o rei Uzias morreu, como se aquela morte houvesse durado o ano todo, um ano inteiro. Penso que foi quase exatamente assim, considerando-se que Uzias estava enfermo já há dois anos. O povo amava seu rei, e por certo esperava sua cura, a reversão do juízo de Deus. Esse ano em particular deve ter sido um ano de muita expectativa e vigilância, que tornou longos todos os seus muitos dias.Toda aquela geração que lesse a história de Isaías se daria conta desses dois grandes eventos: a morte de um grande rei, e a unção de um grande profeta. Seria um ano inesquecível.

Penso em quão significativo é que a morte de um ser humano possa marcar o calendário por tornar-se evento inesquecível. Inesquecível não pela comoção de uma tragédia, mas por conta da memória de uma vida.

De Jeorão, rei, foi dito quando morreu: " Foi-se sem deixar de si saudades". Que triste epitáfio!
A Bíblia pontua certas mortes cujo lamento parece apontar ao fato de que a pessoa em questão deveria viver mais ou ir bem além, como o caso de Dorcas, um membro da igreja em Jope, por cuja morte o pranto das suas amigas moveu o apóstolo Pedro a clamar por sua ressurreição. Mas entendo que Uzias conta entre aqueles cuja vida faz da morte um memorial saudosista, porque vivem, à semelhança de Abel, de tal forma que sua fé, " depois de morto ainda fala".

Pensar que fomos chamados à existência para que nossa fé continue nossa proclamação após nossa saída da História, deveria nos levar a refletir com mais sensibilidade e consciência sobre o rastro que nossa caminhada está deixando após si, dentro de nossa geração.

Acredito que mais nobre do que a notícia de que nasceu um homem, e aí ele é inevitavelmente tão pequeno, é o anúncio de que um grande homem (mulher) partiu. De tal forma que se se esquece local e data de seu nascimento, o impacto de sua memória fica ecoando após sua partida. Esta deve ser também a forma como pretende Deus que a fé no coração de cada crente continue falando, marcando vidas, depois que tiverem deixado a terra.

Para mim, este ano que se finda será o "ano em que morreram Laércio, dona Dina e dona Hermínia"', servos do Deus Altíssimo, inesquecíveis em nossa saudade.


Pr. Cleber Alho.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

DE QUAL SALVAÇÃO FALAMOS?

Conhecemos textos como estes: "Salvem-se desta geração perversa!"
"Como escaparemos nós se não atentarmos para tão grande salvação?"
" Aquele que crer, será salvo..."
" Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação" - Romanos 10: 9 e 10.

O verbo salvar, no Novo Testamento grego, pode ser livremente traduzido por curar. No Velho Testamento ele está presente uma infinidade de vezes, mas detém uma conotação bastante diferenciada de seu significado espiritual do Novo Testamento, assumindo a conotação de escape, livramento temporal.

Estes dois últimos sentidos para o verbo salvar e seu substantivo salvação, parecem ser os que permeiam o discurso e  confissão evangélica de grande número de crentes lotando os espaços de culto em nossos dias. Os discursos que procuram estimular a fé parecem atados a esse compromisso exaustivamente. Decorre daí um conceito temporal da idéia de salvação que afasta a fé de seu alvo e esperança numa distância abissal.

O que pode estar por detrás disso? Bem, materialização e temporalidade pragmática da vida devocional é uma razão mas não toda ela. Um exame pessoal, mais criterioso, nos leva a perceber que o crente se distancia do alvo de sua esperança na mesma proporção em que entende que usufruir benesses temporais via magias confessionais ocorre também em decorrência do fato de que o conceito salvação aponta para a eternidade, o céu, vida pós-morte, argumentos tanto distantes do pensamento humano quanto mais se pretende que esteja. Percebe-se, no entanto, que há ainda uma razão mais sensível por detrás de tudo isso: por que pensar em céu se dele pouco ou nada sabemos?

Parece formar-se um ciclo retroalimentador de dois construtos correlatos: pouco se fala do céu porque pouco se sabe dele e decorre daí o pouco ou nenhum interesse por ele.

Tenho me apercebido que a idéia de céu e eternidade está atrelada ao discurso evangélico fúnebre, a ele confinado. Não transita mais pelos púlpitos das igrejas, a não ser desta forma temática.

Pouco se ouve sobre o céu e quase nada se sabe sobre ele. Se se pretende estudar o assunto, é forçoso procurá-lo em tratados teológicos que pouco acrescentam e tanto teorizam, ou então algumas brochuras devocionais que se ocupam em especular e dizer o que os seus autores acham do tema. Nesses livros, via de regra, encontram-se conceitos derivados do sentimento piedoso do autor, tão longe da inteligência quanto comprometidos com o absurdo. Parece, num dado momento, que há escassez revelacional escriturística a respeito, o que não é verdade. O céu, ou melhor, a glorificação eterna dos salvos, sua esperança nesta era, está amplamente estabelecida nas Escrituras, de forma factível, não meramente simbólica, através de janelas da Revelação, que podemos observar e sob essa ótica, nutrir nossa fé e a esperança dela decorrente.

Importante também, num primeiro momento, é nos darmos conta do conteúdo da esperança que cobre nossa fé, via a Promessa.

O apóstolo Paulo nos lembra que " em esperança somos salvos". A salvação no contexto neotestamentário alude exclusivamente a escape de perdição espiritual, que traduz separação eterna de Deus. Toda a mensagem do Evangelho proclama que a salvação do crente redunda numa vida plena na Presença do Deus Eterno. Ou seja, o Salvador derramou Seu sangue para que os crentes estejam diante do Seu Pai Celestial. Somos informados de que com Seu sangue Jesus nos comprou para Deus, para que possamos um dia conhecê-Lo " tal como somos conhecidos". A Promessa nos fala de uma recepção calorosa, aguardada com ênfase: "Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo". Outro tanto ouvimos Jesus dizer: " na casa de meu Pai há muitas moradas. Vou preparar-vos lugar"(João 14:1), como apontando Seu anseio por nossa companhia para sempre com Ele.

Hoje temos percebido que a visão pálida de céu reduz a esperança a uma idéia diáfana, etérea, sem graça. Alguns se contentam em dizer: " O céu é onde Cristo está". Mas, isto é tudo, ou diz tudo? Atrai, de fato? Parece mais abrir espaço para um conceito utópico, sem substancialidade.

As janelas  bíblicas do céu, pelo contrário, nos falam de uma vida dinâmica, com propriedade, visibilidade, realidade que intensifica o que a vida temporal nos ensinou, guardadas as distorções da Queda que tudo sujeitou sob maldição. É assim que podemos  ouvir ou  ver o céu através dessas janelas, traduzido com valor e qualidade real para a nossa fé.

No texto mesmo da magna promessa feita por Jesus em João 14:1 já encontramos a primeira indicação de céu com sentido, propriedade, quando Jesus falando do lugar para onde ia, nos informa que estaria indo para lá a fim de nos preparar lugar, e o chamou de "moradas" na casa do Pai. A palavra por Ele empregada para se referir a morada, traduz o hebraico " ohel" que significa essencialmente habitação, palácio ou mansão. Mas a palavra empregada por João para dar significado ao que disse Jesus, assume conotação de lugar para se estar com liberdade, pertinência e intimismo, porque fala de um permanecer, como quem ocupa uma pousada. Está mais diretamente ligada à Presença ou forma de aproximação à Grande Presença, como salas ou quartos adjacentes ao salão principal. A idéia decorrente é um lugar principal que aponta a Presença de Deus Pai, repleto de pousadas ou ambientes próximos que facultam o acesso a Essa Presença ou companhia. A um só tempo inspira a idéia de lugar e posição de estar nele.

Depois temos Jesus nos apresentando em Lucas 15, na parábola do rico e de Lázaro, um vislumbre da vida pós-morte como um ambiente consciente. Salvaguardados os símbolos por Ele criados para transmitir a mensagem e sua didática quanto aos valores que os homens atribuem a esta vida e a forma com que respondem a eles, e salvaguardado o fato de que, por força de ensino simbólico, uma vez parábola, não pode ser interpretada literalmente (o que inclusive incorreria em contradições contextuais), salientam-se algumas janelas que não podem ser desprezadas, pela mesma razão por que não se pode entender a parábola literalmente. A primeira, já apontamos como vida consciente no estado pós-morte. A segunda e mais importante, reside no fato de que os personagens estão identificados como sendo as mesmas pessoas que foram antes de morrer. Isto encontra correlato no milagre da transfiguração quando dois personagens do Velho Testamento, distantes no tempo respectivamente mais de mil e mais de quinhentos anos, são vistos e identificados ao lado de  Jesus e por olhos humanos. Conquanto nesse  episódio não possamos explicar o que  levou Pedro a identificar as duas pessoas como Moisés e Elias, é fato que o texto bíblico identifica-os como tais (Mateus 17: 3 e 4). Se considerarmos que a Bíblia nos afirma que Moisés morreu e que Elias partiu em corpo para o céu, séculos depois temos um e outro lado a lado, em condições idênticas, conscientes e passíveis de identificação. Isto reforça a idéia de que a ressurreição que será o resgate do que a morte roubou, devolve a personalidade e a vida, tais como o foram. Jesus alude a isso quando defendendo a esperança da ressurreição diante dos saduceus incrédulos, toma Abraão, Isaque e Jacó, patriarcas mortos àquele tempo há mais de mil anos, como vivos e nomeados por sua identidade personal, diante de Deus.  Considerando que eternidade é um espaço atemporal, eles estão vivos e reais diante de Deus Pai.

Há uma colocação feita por Jesus que descortina outra significativa janela do céu, e esta quando Ele afirma: " Meu Pai trabalha até agora".  O céu não é lugar de repouso ou estagnação. Especialmente se tentarmos entender a que tipo de trabalho se refere Jesus, quando lemos que no sétimo dia " descansou Deus de Suas obras", e o autor de Hebreus nos fala amplamente de um " descanso" de Deus do qual haveremos de participar (Hebreus 4). Considerando-se que o céu é um estado eterno, não podemos pretender que Deus ainda vai descansar ou parar de trabalhar no " futuro". Logo, esse trabalho aponta a um dinamismo que se encaixa noutra janela, esta percebida na Última Ceia, quando Jesus tomando o cálice disse que "não beberia o fruto da videira até que bebesse o vinho novo no Reino de Deus". Para os que encontram dificuldade em entender que Ele Se refere ao fruto da videira, mesmo dizendo " vinho novo", não há novidade em entender que Cristo no corpo glorificado pegou peixe e comeu diante dos discípulos para provar que não era mero espírito, mas carne e osso, humano, de fato e de novo, pela ressurreição. Outro tanto, e aqui temos nova janela, na história de Elias lemos que o profeta em estado de exaustão é levado a comer um pão assado em brasas por um anjo. Ele come duas vezes e caminha quarenta dias e noites "com a força daquela comida". Sabemos a força que um pão produz e quanto dura o efeito de uma refeição no organismo humano. Eu me permito perguntar:  de onde veio aquele pão? Bem, se no céu nosso corpo glorificado será semelhante ao de Jesus, então comeremos como Ele comeu estando num corpo eterno. Se haverá pão e vinho, haverá trigo e uva. Parece que o céu é um lugar onde há trabalho sendo feito.

Como última janela quero pensar no fato de que o Novo Testamento afirma que Deus vai restaurar todas as coisas através de Cristo (Efésios 1:10). Isto alude à restauração de tudo que a Queda destruiu. Tanto é que Pedro nos informa que aguardamos " novos céus e nova terra nos quais habita a justiça" (II Pedro 3:13). É bom que se saiba que Pedro usou para " novos" a palavra grega que indica o novo a partir do já existente, e não um ressurgimento. É um refazer, ou restaurar, como quer Efésios 1:10. Quando pensamos que a Queda nos fechou as portas do Éden, e que esse era o espaço físico onde Deus passeava e usufruia comunhão com o casal que criou, só podemos esperar que o céu, nosso Éden, será a devolução ao estado perfeito daquele que foi amaldiçoado, concordando com isso Romanos 8:19-21: A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

O céu é real. Não um lugar para fantasmas santos, mas um espaço eterno, dinâmico, descrito como Casa do Pai e lugar de muitas moradas, ou na quase descrição de Paulo, um lugar real que ele pôde contemplar com seus olhos e perceber com seus sentidos, tendo sido levado até lá num arrebatamento do qual voltou para dizer que ali " ouviu coisas indizíveis, coisas que ao homem não é permitido falar" (II Coríntios 12: 4).  Sua experiência foi tanto quanto bastou para que posteriormente usasse de autoridade e certeza para dizer: " Sabemos que, se for destruída a temporária habitação terrena em que vivemos, temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna nos céus, não construída por mãos humanas. Enquanto isso, gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação celestial..."(II Coríntios 5:1e2). Ele a desejava, tanto que afirmou: "Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor" (Filipenses 1:23). Ele sabia do que falava. Ele viu e por isso podia dizer, com serenidade: "...Está próximo o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça..." ( IITimóteo 4:6-8).

Devemos dar mais lugar ao céu em nossa fé. É lá que os remidos se reencontrarão
(I Tessalonicenses 4:13-17).

Estaremos juntos ali?


Com carinho, Pr. Cleber Alho

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

PAI E PATERNIDADE

TEXTO: HEBREUS 12:5-11.

Introdução
O homem foi potencializado pelo Criador Eterno para ser pai, desde o ato criador visto em Gênesis 1:26-28 – Na mesma medida a mulher para ser mãe.

Via de regra entendemos o conceito pai como sendo   o genitor . Mas isso é um reducionismo do sentido real, que é mais consistente e mais abrangente.
O conceito pai absorve e ultrapassa a idéia de ser genitor. Para ser pai, basta ser homem, mas veremos que para fazer paternagem,ou seja, exercer a paternidade, precisamos ser homens de verdade.
Ser pai é a missão que nos identifica de imediato com a essência divina, de Deus Pai, revelada em Jesus, daí termos como texto base o texto de Hebreus  acima.
Por que pai é um conceito que ultrapassa a idéia de ser genitor?
Pai é origem, causa, fonte. Outros conceitos derivados seriam: guia, chefe, líder, cabeça.
Daí idéias correlatas que  podem ser identificadas no discurso  popular como:
o pai da aviação;
o pai de todos;
a paternidade disso pertence a ele;
ele é como um pai para mim.

Pai é quem faz paternagem, não exclusivamente sobre filhos genéticos, mas sobre a casa, o grupo como um todo. Assim é que um homem que nunca gerou, pode ser o pai do seu povo, da sua esposa, do seu grupo de trabalho. Um pastor ou líder espiritual pode ser o pai dos que discipula e a quem assiste, etc.
Importante é salientar que no plano criador de Deus, os homens foram capacitados e chamados para fazer paternagem, ainda que, como em quase tudo mais que implica na vocação divina para o homem esta área se destaca como o ponto maior da evidência do homem decaído longe de atender o alvo divino.



I-                    Princípios de Paternagem
O texto de Hebreus 12 nos ensina a paternagem onde Deus desponta  como  padrão e modelo. Se conforme entendemos, o homem pode cumprir uma missão divina em sua função de paternidade, Deus pretende ser conhecido como Pai no exercício da paternagem humana. É de se esperar que, na contramão da realidade e experiência do homem no mundo, os pais cristãos corram em direção ao centro do modelo divino para serem aprovados em sua missão por Deus, por seus filhos e dentro da sua geração.
Nosso texto em Hebreus aponta oito segmentos do exercício divino da paternagem, a serem vivenciados.  Pela ordem, percebe-se que os três primeiros convergem para o amor, e que os três seguintes emergem dele, sendo o quarto e último o resultado pretendido como efeito final.
(a)    Palavra de ânimo dita a filhos (v.5) –
É típico da natureza divina. A palavra de ânimo é o ponto de partida, porque ocupa-se em operar um processo de conquista. É a porta de entrada na relação entre pai e filhos. O Deus da graça que Se revelou em Cristo, exemplifica isto quando lemos as sete cartas às igrejas da Ásia Menor, conforme registradas em Apocalipse 2 a 3. Cada carta dirigida a uma comunidade local específica tinha por motivação corrigir algum tipo de desvio ou dar encorajamento para momentos de titubeios e fraquezas. Havia sempre o que reprovar, à exceção de uma única entre as sete. No entanto, a primeira mensagem dirigida a cada uma, trazia uma palavra de ânimo, antes de reprovar ou atacar o erro. Método de conquista divina.  Jesus procurou primeiro achar os valores, acendê-los, estimulá-los, antes de apontar o erro. Este processo que o texto de Hebreus chama de palavra de ânimo pode ser muito bem entendido como palavra que produz força para a alma, que consola, encoraja ou que alcança o centro das emoções, que motiva. A partir daí, a paternagem cumpre o programa que a realidade compreende.
Nesta função de conquistar o pai sobressai com valores únicos, porque longe dele está concorrer com o lugar e papel da mãe que detém sobre todo filho a primazia, uma vez que trouxe à luz a criança que nela habitava desde sua origem primária, e depois continua o processo de aproximação no trato materno diuturno. O pai fica fora dessa relação simbiótica por razões óbvias. No entanto, sua aproximação constante, o carinho oferecido na fala, no toque, nos gestuais, persistentemente, invade e acha um lugar na mente do neonato e nos seus afetos que se abrem para acolhê-lo, incluí-lo na triangulação da constelação familiar. O pai encontra espaço porque fez conquista. Este método, que Deus emprega conosco pelo trato contínuo do Seu Espírito em nosso coração testificando de que somos Seus filhos, é o que o homem pode cumprir no exercício de sua paternagem. Feita a conquista pela intensa  oferta de amor, então o espaço está preparado para os demais compromissos da paternidade de que Deus Se encarrega também quanto a nos ensinar.


(b)   Disciplina
A idéia que disciplina, a segunda palavra empregada no texto, ainda no verso 5 e se repetindo no v.6 passa, é de estabelecer padrões, veios retos pelos quais se possa trilhar sem desvios perigosos. Fala de tradição, marcos permanentes calcados na experiência da vida; e ainda disciplina fala de retidão.  Disciplinar é ensinar, apontar a direção segura e firme, ensinar critérios positivos. Mas, filhos geralmente, como todos nós no trato com Deus, se desviam da disciplina e muitas vezes de forma afrontosa. Então a paternagem se encarrega de lançar mão de mais um processo:
(c)    Correção (repreensão)
Correção fala de aparar arestas, cortar excessos, forçar situações que os inibem. Aponta para o movimento que é produzido pelo pai em lugar do filho, ou seja, o pai assume atitudes que o filho tem de incorporar. A correção é antes um aconselhamento, um exercício do discurso, atrelado à idéia da disciplina, onde cabe constrangimento moral, promoção de consciência que leva à tristeza. A repreensão que a correção compreende, aponta o discurso do pai que reprova o procedimento da disciplina desrespeitada e mostra seu desacordo, sua desaprovação. Assume o compromisso de trazer o filho para dentro do programa da paternagem, ou seja, para andar de acordo com a orientação paterna. A correção deve ser feita pelo coração do pai, mais do que por sua cabeça, vontade. Algo da decepção ou tristeza do pai deve ser percebido nela, para que o filho se dê conta de que é amado.  E isso abre espaço para o exercício prático do amor na paternagem. A correção nos traz a idéia da tristeza segundo Deus que opera o arrependimento. Ele sabe como produzi-la em nós.

(d)   Amar (v.6)
Lamentavelmente por distorção de conceitos que a humanidade decaída faz, a relação distorcida pai-filho foi incorporada na idéia que o crente faz da paternagem divina. Hoje quando se pensa e confessa Deus na qualidade de Pai pensa-se no gracioso doador, paternalista que sai correndo atrás dos desmandos do filho, aplainando as falhas de suas escolhas erradas, egoístas e irresponsáveis. Quando não tanto, condiciona-se à idéia de que Deus me ama porque me dá coisas ou porque faz coisas boas acontecerem comigo e impede as coisas más, ainda que frutos de meus erros. Longe disso, o texto de Hebreus nos ensina que o amor de Deus Pai que a graça manifesta  ultrapassa o doar, para incluir o castigar.  O texto de Hebreus parece distoar de tudo que pensamos e praticamos quanto a amar, porque há pais entendendo sempre que ser pai é ser paternalista com o filho, em nome de uma graça da qual pouco entendem. Por amar, Deus nos açoita. O açoitar de Deus  dói, mas abençoa.
(e)   Castigo (impor limites) v.6
É belo perceber que o lugar que cabe ao castigo na paternagem divina está consequente ao amor, mesmo como exercício de amar. Açoitar ou castigar é impor limites. Ah! Deus sabe e tem poder para fazer isso perfeitamente! Sofrer limites frustra, humilha, dói como uma chibatada, porque anula as expectativas indevidas, irrita, tolhe, parece comprometer com o fracasso. O homem não suporta ser limitado por nada, mas quando Deus nos limita Ele está impedindo nossos excessos e nos protegendo de nós mesmos. Daí parecer que nossa oração não é ouvida ou que a resposta saiu tão errada e frustrante que mais parece do diabo do que de um Deus que é Pai. Confundimos o amor de Deus com Sua fidelidade. Por amar Deus nos corrige, e em Sua fidelidade nos acrescenta aquilo de que necessitamos. Mas impor limites, tarefa hoje em franca desistência por pais que não querem sofrer a dor de serem incompreendidos por seus filhos, projetando neles suas próprias frustrações ou anseios, temendo vê-los sofrer, é o recurso ainda indispensável para levar um mau comportamento à extinção. Impor limites é negar, retirar, estreitar o espaço da libertinagem com nome de liberdade,  e mesmo fazer perder posição. Como é decorrente do exercício de amar, implica num outro conceito que Hebreus mostra em Deus fazendo paternagem:
(f)     Tratar (v.7)
A idéia de sermos tratados como filhos atende também ao cuidar, prover, acolher, nutrir como as aves aos filhotes no ninho. Tratar não se limita a tempo, espaço ou circunstâncias. Um pai é pai para sempre, mesmo quando seu filho atinge autonomia pela maturidade plena. O tratar se manifesta em primeiro plano suprindo necessidades, mas continua mesmo quando elas não mais existem na sua edição primária. Um olhar e uma palavra dita a seu tempo, que acolhe e orienta, que apóia e consola, são maneiras indispensáveis e imorredouras do tratar. As marcas do trato ficam indeléveis. Um pai senil, no extremo de sua vida, ainda é lembrado no coração do filho de quem cuidou. O toque da mão e das palavras gravam-se mais que a memória de realizações via dádivas ou benefícios. Filhos há que lembram saudosistas do trato dos pais, não pelo que deles receberam, porque as circunstâncias impediram concessões, mas pelo desejo visto no olhar frustrado e amoroso de um pai que gostaria de ter suprido ou de suprir, ficando tolhido por suas limitações. Esse desejo marca mais que sua realização efetiva.
Tratar alude à idéia de tomar nos braços, curar, aconchegar.
(g)    Inclusão nos conteúdos personais (10)
Ainda decorrente do amor na paternagem, todo o processo visa gerar no filho que cresce, mas cuja gestação continua no útero da paternidade, as marcas da origem, do padrão. As marcas da personalidade do pai. A Bíblia mostra através de centenas de gerações a memória de pais sendo evocada pelos observadores dos seus filhos, netos, bisnetos e etc.
Filho de Abraão, filho de Isaque, filho de Jacó...  
A inclusão nos conteúdos personais que o verso 10 sinala para nós como disciplina para o nosso bem, para que participemos da Sua santidade, atende à sabedoria paterna que sabe que as marcas da experiência da vida vão produzir no filho segurança e honra. O filho deve ser criado para ser uma replicação do pai, mas isso aponta o comprometimento desse pai que opera a paternagem visando o resultado supremo:
(h)   Promover justiça e paz – o resultado esperado.
Justiça fala de retidão. Ensinar a justiça significa garantir a segurança e dignidade do filho por toda a sua vida, e havendo retidão na vida haverá paz, paz com Deus e com seu semelhante.  A falta de partenagem verdadeira resulta em filhos desprovidos de senso de honra, de justiça, de dignidade, e portanto operando uma vivência sem paz e segurança para si e ao seu redor.
II-                  Paternidade ou Paternalidade?
Quando a paternagem atende a esse padrão visto, então ela opera a paternidade¸ que é positiva, moral.
No entanto, nossa tendência carnal e passional é confundir paternidade com paternalidade.
Onde fica a diferença?
-Ser paterno é cumprir a missão de pai;
-Ser paternal é arremedar isso de forma política, irresponsável e com permissividades ou ausência de caráter definido, até mesmo terceirizando a função a outros. Este conceito é negativo e seus resultados são invariavelmente danosos.
Temos exemplos clássicos na Bíblia de heróis de Deus que confundiram paternidade com paternalidade e pagaram alto preço por isso:
-Eli, sumossacerdote de Israel  que em nome de seu ministério negligenciou o cuidado com seus filhos, que lhe foram por tropeço e vergonha em Israel, e por isso Deus os matou.
-Samuel, profeta, seguindo na reedição de seu pai postiço, Eli, também não transmitiu aos seus filhos seus valores pessoais, e eles lhe foram por vergonha e reprovação diante de Deus e do povo.
-Daví, o pior caso –  Daví se revelou um pai que não estabelecia limites. Não deu conta de fazer paternagem. A história da vida conturbada de seus filhos parece apontar sua ausência paterna, talvez também repetindo sua própria experiência, quando Samuel tendo ido à casa de Jessé para ungir dentre seus filhos um rei para Israel, ele, o caçula Daví não foi incluído no séquito selecionado por seu pai diante de Samuel, porque estava esquecido em algum lugar entre as ovelhas. Daví na sua função de pai cometeu injustiças e pagou caro preço por elas. Mesmo seus netos o sucederam mal no trono, ficando longe do padrão do seu governo reto e temente a Deus.
Outro tanto, temos nomes que despontam reputados como pais sem jamais terem gerado filhos. É o caso de Elias, profeta, pai para com Eliseu e para com a viúva de Sarepta.
Eliseu mesmo, seguindo nos passos de seu espiritual Elias, foi pai para com os reis de Israel, a mulher sunamita  e o povo em geral. É a respeito dos dias que criou-se um ditado em Israel: Meu pai, meu pai! Carros de Israel e seus cavaleiros!
- O salmo 103: 13 nos afirma que Deus se compadece como um pai (padece junto) e porque sabe ( se inteira ) de nossa estrutura e fragilidade.
A paternidade de Deus foi posta à prova, na tentação de Jesus como descrita em Mateus 4:1-11. Ali vemos Jesus sendo tentado a duvidar da paternidade divina em áreas em que o tentador pretendia que ele, como filho, forçasse o Pai a ser paternal, e não paterno. Jesus defende a paternidade divina, negando-Se a provar seu Pai operando sobre atitudes temerárias do filho, conforme as propostas do tentador.

Conclusão
Lembremos a parábola dos dois filhos em Lucas 15:11-32.
Dois filhos em conflito.  O pai desponta como compassivo, acolhedor e apaziguador.
Não troca seu discurso, mesmo quando ouve o filho mais velho se referindo ao mais jovem como sendo  este teu filho, em lugar de dizer meu irmão.  O pai o corrige quando diz: Este teu irmão estava morto e voltou a viver.
Este pai mantém sua posição de pai quando o filho o abandona. Não corre o caminho que o filho escolhe, mas espera, e quando este volta ao lar, o acolhe e perdoa, correndo ao seu encontro para diminuir as distâncias que o filho estabeleceu. E acolhendo-o celebra a vida.

Nem sempre, nem todos tivemos a felicidade de sermos fruto de uma paternagem real, por fraqueza de nossos pais humanos. Podemos curar isso em nós, e dar uma nova edição a seus efeitos para não  incorrermos em repetição inconsciente. Para isso temos o Espírito de Deus que habita o coração dos que crêem e temos Sua Palavra que nos ensina.

Pr. Cleber Alho

quarta-feira, 25 de junho de 2014

JAMAIS SEJA PERDIDO

Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos de idade, eles subiram à festa, conforme o costume. Terminada a festa, voltando seus pais para casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles percebessem. Pensando que ele estava entre os companheiros de viagem, caminharam o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os seus parentes e conhecidos. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Depois de três dias o encontraram no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com o seu entendimento e com as suas respostas. Quando seus pais o viram, ficaram perplexos. Sua mãe lhe disse: “Filho, por que você nos fez isto? Seu pai e eu estávamos aflitos, à sua procura. Ele perguntou: Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai? Mas eles não compreenderam o que lhes dizia. Lucas 2:41-50.
Quando eu era ainda menino na fé li ou ouví que alguém considerou este texto aplicando-o a crentes desviados.
A cada vez que o leio, tenho a sensação de que esta história narra os movimentos possíveis a todos nós, que nos entendemos no Caminho e longe dos desvios. Chego mesmo a pensar que ela está registrada, inédita aos demais evangelistas, porque encerra uma advertência a nós, que transitamos nos templos evangélicos para tratar com Jesus.
Em que pese o fato de sermos vigilantes quanto à fé, convém atentar ao fato de que  o cuidado da última pessoa possível de esquecer um filho, sua mãe, não bastou para que Maria se esquecesse do seu, cumprindo de forma indireta a hipótese criada pelo Deus Eterno em Isaías 49:15 – Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama...? Em defesa de Maria, o filho esquecido não era mais bebê. E então, o que resta a nós outros, quanto ao nosso trato com Cristo? Daí alguns pontos relevantes a serem observados, passíveis de avaliação quanto às possibilidades de nossos descuidos em nossa caminhada com Ele.
A história de Maria e José no trato com o Jesus pré-adolescente naquela festa de Páscoa específica nos comunica possibilidades de perda. Perdeu-se um filho: o Filho de Deus, no meio de uma multidão.
Chama minha atenção o local onde Jesus passou desapercebido (v.43): o templo. Foi ali que eles não mais se aperceberam dEle. No templo. Preciso discorrer um paralelo deste fato a nosso respeito? Creio que não. Pelo contrário, minha experiência pastoral me afiança que é justamente nos locais de culto onde bom número de crentes se mostra desapercebido da Presença do Senhor, que deveria ser a razão para estarem ali.
Depois, não menos significativo é o registro de Lucas quanto a esses pais “pensarem encontrar Jesus entre os demais” romeiros. Também ali Ele não se encontrava. Não achado no momento de adoração, parece vão tentar achá-Lo noutras circunstâncias... Tais companheiros me sugerem a massa religiosa, cuja formação pretende presença divina. Mas Ele não foi encontrado em seu meio. O mesmo v.44 informa que em seguida eles O procuraram entre seus parentes e conhecidos. Em vão. Deve ser muito triste, frustrante mesmo, procurar entre os parentes o  Cristo que  não Se encontra ali, embora um clima de festa!
Somente três dias depois de intensa busca eles O encontraram e mais uma vez temos lições a inferir daqui: Para achá-Lo de novo tiveram que fazer o caminho de volta. Haviam se distanciado um dia, mas necessitaram de três para reencontrá-Lo. Forçoso me é pensar em Apocalipse 2: 4 e 5 – Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio...  E mais: Ele foi achado no exato lugar em que fôra esquecido. Por isso Ele sempre exorta: Volta! E em Jeremias 4:1 – Se você voltar...volte para Mim.
Há algumas coisas a mais, indispensáveis para nossas considerações. Em 2:48 Lucas nos diz que ao achá-Lo  eles ficaram perplexos e transferiram para Ele a culpa do incidente. Literalmente: “Nosso esquecimento se deu por culpa sua. E ficamos aflitos!” Mas o Filho apontou a causa de tudo: Vocês não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai? E eles não compreenderam o significado disso (v.49). E nós, maioria das vezes tampouco entendemos. Em especial se por “casa do meu Pai” pensamos nos salões de culto, os templos. O texto mostra claramente que “casa do Pai” era para Ele o lugar onde cuida dos negócios do Pai (v.46).
E fica a questão maior: Por que seus pais O esqueceram? Distrações com muitas coisas, tudo e todos com que se ocuparam em lugar dEle? É possível.
Às vezes criamos programas, eventos e funções em Seu Nome, mas Ele fica fora do centro ocupado por tais coisas. Exatamente como aconteceu com a Igreja de Éfeso. À semelhança da crente Marta, estava sobrecarregada com muitas coisas, mas uma só era importante, aquela que Maria, sua irmã, escolheu: Ficar aos pés do Senhor.
É irônico pensar na mensagem subjacente no texto: Jesus, o Autor da Fé, perdido pelos que O buscavam, no templo. Irônico também ter ocorrido numa festa da Páscoa, exatamente a celebração que Ele assumiu e ordenou como ponto de memória, dizendo: Fazei isto em memória de Mim.

                               Pr. Cleber Alho