“Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores enviados para servir
aqueles que hão de herdar a salvação?” – Hebreus 1:14.
Há alguns anos passados tive o grato privilégio de ouvir pela última vez a pregação
da Palavra de Deus pelo saudoso reverendo Antônio Elias quando fez sua derradeira viagem
a Rio Claro-SP. Nessa ocasião ele ilustrou seu sermão sobre descansar no poder
de Deus com uma história pessoal. Contava que certa manhã, já um ancião de cerca de 96 anos de idade, fôra até uma feira livre próxima à sua residência e começara a comprar distraidamente algumas coisas
acumulando sacolas de cujo volume não se deu conta, até o momento de retornar para casa e perceber que era-lhe impossível leva-las devido
ao peso. E fez algumas fatigantes e teimosas tentativas até ver passar ao largo seu filho, forte, vigoroso, que corria se exercitando e
nesse momento o viu com as sacolas, vindo de pronto toma-las todas para tirar
dele o fardo e o excesso. Entregues as sacolas, ocorreu-lhe perceber uma lição
do coração de Deus para o seu: “Deixe comigo os fardos acumulados. Eu dou conta;
Eu posso. Eu Sou mais forte”. E fez a devida aplicação a favor da fé dos que o ouviam naquela memorável manhã.
Às vezes fico pensando no
fato de que Deus tem a Seu dispor incontáveis hostes de agentes a quem “dá ordens a nosso
respeito” (Salmo 91:11), capazes e fortes, poderosos para fazer e realizar o que Ele
determina a nosso favor. É disso o que também nos fala o texto de Hebreus.
Algumas vezes nossa fé perde posição e
atenção e deixa de perceber que Deus tem muito mais recursos disponíveis dos quais Se
serve em atenção a nós. Olhamos os fatos
impactantes, os agentes desconcertantes que atuam nossos dissabores e decepções
e esquecemos que muitos mais são os que estão com Deus a nosso favor do que o número ou o tamanho
daquilo que é contra nós.
Foi exatamente esta a experiência do profeta Eliseu e
seu moço Geazi nos dias dos reis de Israel. O rei da Síria, seu inimigo, enviou à Samaria um exército armado para levar o profeta prisioneiro. Geazi viu aquele exército e entrou em pânico. Eliseu orou
por ele para que Deus lhe abrisse os olhos a fim de que pudesse ver os montes
ao redor da cidade cobertos de carros de fogo e cavaleiros celestiais para
fazerem a guarda do velho homem de Deus.
Outro idoso do Senhor estava guardado por quatro ordens de quatro
sentinelas, preso a correntes numa prisão política, fortemente guardada. Um único anjo de Deus
foi enviado para soltar as cadeias e fazê-lo passar incólume pelas inertes e
inúteis
sentinelas, atordoadas pelo seu poder.
Eles entram onde tudo está fechado, indevassável. Eles sobem, descem, cercam,
seguram. São os verbos que
ilustram na Bíblia seu dinâmico atuar, a favor dos que herdam a salvação. Somos informados de que
assumem lugar junto à fornalha ardente, e refrigeram do fogo
aqueles que nela foram lançados; descem a covis de feras, e as intimidam e
calam, para que não toquem nem se aproximem daquele que estava destinado a ser
por elas destroçado. Passam sobre copas de árvores, fazendo ruídos sinalizadores para guerreiros humanos
de Deus, como a dizer: “Aqui estamos. Somos a tropa de reforço nesta
batalha!” Outras vezes, aparecem em bandos, no itinerário do crente temeroso para sinalar que
ele não está só em sua jornada em
direção ao confronto com seu adversário. Entre tantas cenas, estas ilustram
respectivamente as histórias dos companheiros de Daniel, dele próprio, de Daví e de Jacó. Mas como esquecer
quando surge um anjo para assistir um profeta depressivo e desistente no deserto
de sua deserção ministerial, como fez a Elias, falando com ele, instando,
alimentando e orientando para dar sequência à jornada? Como esquecer quando eles surgem em grupo junto ao Filho de Deus,
após
quarenta dias de provação no deserto, para confortar seu coração depois da luta
contra Satanás? Como esquecer as vezes diversas em que foram enviados para dar avisos,
advertir, consolar, como a Agar no deserto, ou para anunciar a Maria e José o que estava para acontecer que revolucionaria o mundo físico e espiritual,
quando da Encarnação do Filho do Deus Eterno? Sempre enviados, sempre cumprindo
ordens divinas; sempre a favor dos filhos de Deus.
Há miríades de agentes divinos sob ordens
expressas a nosso favor. São os veículos de que Ele Se serve para
cuidar de nós. E se assim não fosse, seria bastante a bendita promessa que sossega
nossa fé quando proclama: “Se
Deus é por nós, quem será contra nós?”
Sossega, coração! Mais são os que estão contigo do que os que podem agir
contra ti, quem ou quantos sejam.
Pr. Cleber Alho