quarta-feira, 25 de junho de 2014

JAMAIS SEJA PERDIDO

Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos de idade, eles subiram à festa, conforme o costume. Terminada a festa, voltando seus pais para casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles percebessem. Pensando que ele estava entre os companheiros de viagem, caminharam o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os seus parentes e conhecidos. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Depois de três dias o encontraram no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com o seu entendimento e com as suas respostas. Quando seus pais o viram, ficaram perplexos. Sua mãe lhe disse: “Filho, por que você nos fez isto? Seu pai e eu estávamos aflitos, à sua procura. Ele perguntou: Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai? Mas eles não compreenderam o que lhes dizia. Lucas 2:41-50.
Quando eu era ainda menino na fé li ou ouví que alguém considerou este texto aplicando-o a crentes desviados.
A cada vez que o leio, tenho a sensação de que esta história narra os movimentos possíveis a todos nós, que nos entendemos no Caminho e longe dos desvios. Chego mesmo a pensar que ela está registrada, inédita aos demais evangelistas, porque encerra uma advertência a nós, que transitamos nos templos evangélicos para tratar com Jesus.
Em que pese o fato de sermos vigilantes quanto à fé, convém atentar ao fato de que  o cuidado da última pessoa possível de esquecer um filho, sua mãe, não bastou para que Maria se esquecesse do seu, cumprindo de forma indireta a hipótese criada pelo Deus Eterno em Isaías 49:15 – Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama...? Em defesa de Maria, o filho esquecido não era mais bebê. E então, o que resta a nós outros, quanto ao nosso trato com Cristo? Daí alguns pontos relevantes a serem observados, passíveis de avaliação quanto às possibilidades de nossos descuidos em nossa caminhada com Ele.
A história de Maria e José no trato com o Jesus pré-adolescente naquela festa de Páscoa específica nos comunica possibilidades de perda. Perdeu-se um filho: o Filho de Deus, no meio de uma multidão.
Chama minha atenção o local onde Jesus passou desapercebido (v.43): o templo. Foi ali que eles não mais se aperceberam dEle. No templo. Preciso discorrer um paralelo deste fato a nosso respeito? Creio que não. Pelo contrário, minha experiência pastoral me afiança que é justamente nos locais de culto onde bom número de crentes se mostra desapercebido da Presença do Senhor, que deveria ser a razão para estarem ali.
Depois, não menos significativo é o registro de Lucas quanto a esses pais “pensarem encontrar Jesus entre os demais” romeiros. Também ali Ele não se encontrava. Não achado no momento de adoração, parece vão tentar achá-Lo noutras circunstâncias... Tais companheiros me sugerem a massa religiosa, cuja formação pretende presença divina. Mas Ele não foi encontrado em seu meio. O mesmo v.44 informa que em seguida eles O procuraram entre seus parentes e conhecidos. Em vão. Deve ser muito triste, frustrante mesmo, procurar entre os parentes o  Cristo que  não Se encontra ali, embora um clima de festa!
Somente três dias depois de intensa busca eles O encontraram e mais uma vez temos lições a inferir daqui: Para achá-Lo de novo tiveram que fazer o caminho de volta. Haviam se distanciado um dia, mas necessitaram de três para reencontrá-Lo. Forçoso me é pensar em Apocalipse 2: 4 e 5 – Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio...  E mais: Ele foi achado no exato lugar em que fôra esquecido. Por isso Ele sempre exorta: Volta! E em Jeremias 4:1 – Se você voltar...volte para Mim.
Há algumas coisas a mais, indispensáveis para nossas considerações. Em 2:48 Lucas nos diz que ao achá-Lo  eles ficaram perplexos e transferiram para Ele a culpa do incidente. Literalmente: “Nosso esquecimento se deu por culpa sua. E ficamos aflitos!” Mas o Filho apontou a causa de tudo: Vocês não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai? E eles não compreenderam o significado disso (v.49). E nós, maioria das vezes tampouco entendemos. Em especial se por “casa do meu Pai” pensamos nos salões de culto, os templos. O texto mostra claramente que “casa do Pai” era para Ele o lugar onde cuida dos negócios do Pai (v.46).
E fica a questão maior: Por que seus pais O esqueceram? Distrações com muitas coisas, tudo e todos com que se ocuparam em lugar dEle? É possível.
Às vezes criamos programas, eventos e funções em Seu Nome, mas Ele fica fora do centro ocupado por tais coisas. Exatamente como aconteceu com a Igreja de Éfeso. À semelhança da crente Marta, estava sobrecarregada com muitas coisas, mas uma só era importante, aquela que Maria, sua irmã, escolheu: Ficar aos pés do Senhor.
É irônico pensar na mensagem subjacente no texto: Jesus, o Autor da Fé, perdido pelos que O buscavam, no templo. Irônico também ter ocorrido numa festa da Páscoa, exatamente a celebração que Ele assumiu e ordenou como ponto de memória, dizendo: Fazei isto em memória de Mim.

                               Pr. Cleber Alho 

ESTAR COM ELE

...Chamou-os para que estivessem com Ele... - Marcos 3:13

Às vezes me permito ficar pensando e imaginando como seria o cotidiano do homem se não houvesse caído, e recolho imagens que fomentam a imaginação, nas páginas de Gênesis que registram o Eden. Ali vejo em Adão, ainda reto, o homem dentro do plano original de Deus num ambiente físico onde a presença divina transitava, em franca camaradagem. Há um momento em que o homem e sua mulher " ouviram os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia"... (Gn. 3:8). A narrativa sugere a idéia de um procedimento habitual, rotineiro. Sua linguagem é plena de beleza e graça! No ambiente do ser que criou para o louvor da Sua glória, Deus fazia Seu passeio. Penso que, antes da Queda, esses " encontros " entre Ele e Suas criaturas poderiam bem determinar um diálogo nestes termos:
-Olá, Senhor!
- Olá, Adão! Mais feliz hoje?
- Ah, meu Deus... Tudo brilha cada vez que O vejo aqui. O encanto é Tua presença! A felicidade é Te ouvir...
- Gosto de você, Adão. É bom olhar para você... A propósito, admirei o acabamento que você está dando à sua casa.
- Senhor, isso me entusiasma! Obrigado!
E Deus sorri para Ele, satisfeito. Passa adiante, e toca nas flores do quintal.

Por que não?

Ele nos restaurou à comunhão pelo sangue do Seu Filho. Ele nos convidou a ela dizendo: " Aproximem-se, com inteira certeza de fé..." (Hb. 10:22).

Mas, como fazemos nossa aproximação? Como " usamos" e " entendemos " de estar em Sua presença?

Com dogmas:  orações articuladas
                         Cânticos ( às vezes barulhos desconexos)
                         Cultos ( local, dia e hora marcados).

Muitas vezes isso se encerra com canseira e enfado, e a sensação que resta é a de termos estado com tudo e todos, menos com Ele.

Ele chamou você em Cristo, para usufruir Sua presença, nos termos de Cantares 2:14:
Pomba Minha que está nas fendas da rocha (em apertos), nos esconderijos (prá baixo), nas encostas dos montes (enfrentando impedimentos, aflições), mostre-me seu rosto, deixe-me ouvir sua voz; pois a sua voz é suave e o seu rosto é lindo.

Aproxime-se mais!


Pr. Cleber