segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ESPERANÇA EM MEIO AO DESESPERO - Apocalipse 5.

Este é o nosso texto. Leia-o, por favor.

Ele traz particularidades interessantes: é um parêntese na profecia, que introduz o conteúdo dela a ser desenrolado do capítulo 7 ao 22 do livro.
É uma preparação espiritual dos leitores do livro-carta para a comunicação trágica que virá.
Fala de uma visão do interior do céu, começada no capítulo 4. Bendita visão! Há um trono na posição mais sublime, acima do kosmos, que não está vazio!
Um episódio incomum e revelador ocorre: o ocupante do trono tem na mão direita um livro no lugar de cetro; um livro que precisa ser aberto, mas está selado. Os sete selos apontam para o caráter totalizador desse impedimento. O que se lê em Apocalipse a partir da abertura dos selos, é o desfecho da história da humanidade a partir da cruz! E até que Jesus retorne, consumando a História.
Logo, quem pode abrir o livro? Sua abertura implica na condução e controle dos fatos que ele narra! Logo, quem o pode abrir, será responsável pela condução de sua história!
Mas dissemos que este capítulo nos prepara para a comunicação trágica que virá. De fato, um sucedâneo de fatalidades, de acontecimentos funestos, pragas que mais parecem maldições: narrativa de guerras, genocídios, pestilência, fome, catástrofes sísmicas sem precedentes e corrupção espiritual e moral devastadora.

Estamos sendo bombardeados com ocorrências de nuances apocalípticas. Catástrofes sísmicas contínuas e cada vez maiores, que mais e mais aproximam-se de antigas zonas de conforto; e fatalidades cósmicas preocupantes, a começar pelo desconforto do super aquecimento do planeta. São eventos futuristas, que já estão entre nós. Se formos insensíveis a eles, e indiferentes quanto a relacioná-los e quanto a contextualizá-los na Profecia, não seremos crentes em Cristo e na Sua Palavra.
Nossa realidade aponta para o fato de que as coisas não correm para melhor! Há vislumbres de desespero na História. Já ouvimos vozes de uma História desesperada, a começar pelo colapso financeiro mundial que corre célere, costurado aqui e ali mas de um fim inevitável para mais breve do que se pensa. Os homens lêem a História sem um propósito, sem um objetivo final, logo, desespero.
Qual é o nosso lugar e reação neste contexto, como cristãos? É onde entra a mensagem de Apocalipse 5, como a nos dizer: saibam, há Um Que é Digno de conduzir essa História, e vocês têm comunhão com Ele; vocês O conhecem!
E como para trazer-nos consolo e esperança, o texto dilata nossa visão dEle, por meio da visão de João.
Nossa esperança está nAquele que é Digno para conduzir a História em meio ao caos. Precisamos nos dar conta de quão Digno Ele é! Podemos descansar no fato de que Ele é Digno por ser o Messias da História de Deus com os homens, o Homem da Profecia visto na Sua divindade como:
O Leão da Tribo de Judá.
O livro que conduz nossa história está nas mãos dAquele que veio para ser Messias: o Rei, o Soberano. Esta é a linguagem que remonta a Gênesis 49, a profecia de Jacó sobre seu filho Judá  (Gn. 49: 9 e 10).
A metáfora fala de soberania e pertinência, ou seja, o messianato dAquele que viria para reger - Jesus nunca negou que veio para reinar.
O principado está sobre os Seus ombros. O cântico dos anciãos, aqui, deixa claro que Ele reinará com um povo que constitui Seu Reino. A Igreja é esse povo! Logo, o caos que se instala, está sob os olhos de Sua onisciência. Não estamos entregues à sorte do caos, mas sob o compromisso dAquele que conhece o caos, porque tem domínio sobre a História dos homens e nos comprometeu com Seu compromisso!
Como Leão de Judá, a metáfora O aponta como Aquele que cuida do Seu povo. A verdade que é geral, tem de o ser no particular: Cristo cuida da Igreja. Você e eu, como igreja, estamos sob Sua guarda e cuidado!
Ele é digno porque pode ser visto como:
A Raiz de Davi
Alude à profecia de Isaías 11: 1-4. Para nós fala não de Sua realeza apenas, mas de Sua encarnação, humanização e identificação conosco.
Este é o diferencial da esperança messiânica do judaísmo que não consegue ver no Messias um ser tão humano que sofre ultraje. Mas Ele é para nós o Servo de Isaías 53, Aquele com Quem podemos nos identificar! Tão humano quanto foi Davi, e tão rei e homem como ele foi! O cetro da História está nas mãos de Quem sabe o que é vida terrena, conhece suas aspirações, sonhos, frustrações e fracassos.
A própria idéia: raiz de Davi, fala de um broto que renasce de um tronco cortado, para falar de recomeço, de restauração, de superação.
O condutor de nossa história entende disto, logo, também por isso, nossa visão é de esperança, em meio ao desespero da História.
É interessante, no entanto, salientar que as duas metáforas são apontadas no discurso de um dos 24 anciãos, aqui, a Igreja representada pelos que estão no céu, a Igreja triunfante. Ela O vê como o Rei e Messias que venceu!
Em seguida, temos a terceira metáfora, que é, na verdade, o esteio, a base da dignidade proclamada do Messias para conduzir a História, e esta, na visão da Igreja na terra, militante e sofredora, representada por João (Ap. 5:6). Ele vê nEle:
O Cordeiro que foi morto, mas que está de pé!
E então percebe-se que toda a dignidade dEle consiste nisto: morreu como homem que venceu a queda da humanidade; morreu pelos homens, como homem resgatador, oferta, Cordeiro de Deus.
É a visão que a Igreja jamais poderá perder dEle: o resgatador, Aquele que a comprou com Seu sangue!
Ele determinou assim: Em memória de Mim, comam o pão, como Meu corpo e bebam do cálice, como meu sangue.
João O vê como cordeiro; eu e você precisamos manter viva esta visão: Ele é o remidor mais chegado. Venceu como o Redentor, e nós precisamos em meio às turbulências manter viva a consciência de nossa redenção que nos dá segurança.
Estamos sob o cuidado dAquele que pagou nossa dívida para com Deus, e portanto para onde corra o caos, expressão da ira de Deus contra o pecado do mundo, estamos sossegados de que em meio a tudo, temos o sangue de nossa redenção sob o qual estamos protegidos.
Não importa a quantas vá a História de nossos dias, nem o quanto convulsione. Inseridos nela, ocupamos um lugar de esperança e sossego, por sabermos que ela não está correndo ao bel prazer dos que a ditam, na política ou na religião, mas sob a onisciência, onipresença e onipotência dAquele que para nós é Guardião, Identificação e Redenção e nessa qualidade conduz a História dos homens na terra. Amem.

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