terça-feira, 2 de outubro de 2012

CAPELÃES DE CRISTO



I Reis 11: 30 e 31.

            Capelão é termo religioso, muito comum hoje, designativo do religioso que presta assistência espiritual em hospitais, prisões ou outros lugares públicos, função notadamente exercida por padres, pastores ou rabinos. Tive o privilégio de receber essa titulação como ministro convidado da Igreja Católica há 22 anos passados, para prestar assistência aos enfermos do Hospital das Clínicas da Unicamp. Naquela ocasião era quase divertido ser confundido pelos doentes como um sacerdote católico, e a diferença maior residia que no meu caso, em lugar dos sacramentos, eu lhes ministrava a Bíblia e a oração feita em nome do Senhor Jesus. Louvo a Deus pela grata compensação em ter apontado o Caminho da vida eterna a alguns que estavam no limiar de partir desta vida. Usei a honra do título com reverência, na ocasião.
            O termo deriva de capela, ou capa pequena, tendo como fundo histórico a vida de Martim de Tours, que tornou-se monge após um ato misericordioso em que abriu mão de sua capa para cobrir um pedinte, e a partir daí, desproveu-se de todos os seus bens para dedicar-se a uma vida de contemplação espiritual.
            O ato de exercer capelania, viria, por extensão, significar o serviço de desprendimento de recursos espirituais da parte de alguém a favor de outrem. Em outras palavras, seria o serviço sacerdotal do crente em Jesus, a favor de todos os homens, como intercessor ou anunciador do Evangelho.
            Nesta tarefa nobre e gloriosa de compartilhar as verdades eternas com aquele que está desprovido da glória de Deus (Romanos 3:23), somos capelães do Senhor Jesus, a favor de todos os homens. A expressão tem beleza, mas, mais que isso, implica em sério compromisso. Para sermos fiéis à terminologia encerrada na palavra, este serviço deveria custar-nos a capa.
            E capa, e a honra que lhe é conferida, têm relevância escriturística, desde a Lei, que proibia a um credor levar a capa de um endividado, sob risco de penalidades, caso não a devolvesse ao fim do dia, para que não dormisse sem ela.
            Elias, de certa forma, foi um capelão para Eliseu (Cf. II Reis 2: 13 e 14). Também Aías, para entregar um recado profético ao futuro rei Jeroboão, rasgou sua capa em 12 pedaços.
            Fico pensando nesses vasos de Deus que precederam Martim de Tours, muitos séculos. O serviço do Reino custou-lhes desprover-se de suas capas para capacitar outros, ou mesmo para pregar uma mensagem divina.
            Penso em modernos capelães, como Florence Nothingale, Rosalee Appleby, Tereza de Calcutá, George Müller. Sei de outros incógnitos, abrindo mão de suas capas, em nossa geração, algures.
            Será que nós, estes sacerdotes de Cristo, conforme estabelece o Evangelho   (I Pedro 2:9; Apocalipse 5:10) estamos prontos a ir ao extremo de abrir mão de nossa cobertura, segurança pessoal, particularidades, individualidades, para que outros sejam cobertos (alcançados)? O que representa a capa para você? Para ser um sacerdócio real, estaria você disposto(a) a rasgar ou doar sua capa, como Elias e Aias fizeram? Note bem: a capa, via de regra, estava identificada com a personalidade do seu dono. Ele, de certa forma, estava nela. Ao passá-la a outros, movido pela necessidade desses outros, ele estava se dando aí. Cobrir alguém com a própria capa, como fez Boaz a Rute, também significava trazer para junto de si, oferecendo mais que abrigo, aliança, parte em si mesmo.

                                   Deus o(a) fortaleça.
                                   Pastor Cleber

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