I
Reis 11: 30 e 31.
Capelão
é termo religioso, muito comum hoje, designativo do religioso que presta
assistência espiritual em hospitais, prisões ou outros lugares públicos, função
notadamente exercida por padres, pastores ou rabinos. Tive o privilégio de
receber essa titulação como ministro convidado da Igreja Católica há 22 anos
passados, para prestar assistência aos enfermos do Hospital das Clínicas da
Unicamp. Naquela ocasião era quase divertido ser confundido pelos doentes como
um sacerdote católico, e a diferença maior residia que no meu caso, em lugar
dos sacramentos, eu lhes ministrava a
Bíblia e a oração feita em nome do Senhor Jesus. Louvo a Deus pela grata
compensação em ter apontado o Caminho da vida eterna a alguns que estavam no
limiar de partir desta vida. Usei a honra do título com reverência, na ocasião.
O
termo deriva de capela, ou capa pequena, tendo como fundo histórico a vida de
Martim de Tours, que tornou-se monge após um ato misericordioso em que abriu
mão de sua capa para cobrir um pedinte, e a partir daí, desproveu-se de todos
os seus bens para dedicar-se a uma vida de contemplação espiritual.
O
ato de exercer capelania, viria, por extensão, significar o serviço de
desprendimento de recursos espirituais da parte de alguém a favor de outrem. Em
outras palavras, seria o serviço sacerdotal do crente em Jesus, a favor de
todos os homens, como intercessor ou anunciador do Evangelho.
Nesta
tarefa nobre e gloriosa de compartilhar as verdades eternas com aquele que está
desprovido da glória de Deus (Romanos 3:23), somos capelães do Senhor Jesus, a
favor de todos os homens. A expressão tem beleza, mas, mais que isso, implica
em sério compromisso. Para sermos fiéis à terminologia encerrada na palavra,
este serviço deveria custar-nos a capa.
E
capa, e a honra que lhe é conferida, têm relevância escriturística, desde a
Lei, que proibia a um credor levar a capa de um endividado, sob risco de
penalidades, caso não a devolvesse ao fim do dia, para que não dormisse sem
ela.
Elias,
de certa forma, foi um capelão para Eliseu (Cf. II Reis 2: 13 e 14). Também Aías,
para entregar um recado profético ao futuro rei Jeroboão, rasgou sua capa em 12
pedaços.
Fico
pensando nesses vasos de Deus que precederam Martim de Tours, muitos séculos. O
serviço do Reino custou-lhes desprover-se de suas capas para capacitar outros, ou mesmo para pregar
uma mensagem divina.
Penso
em modernos capelães, como Florence Nothingale, Rosalee Appleby, Tereza de
Calcutá, George Müller. Sei de outros incógnitos, abrindo mão de suas capas, em
nossa geração, algures.
Será
que nós, estes sacerdotes de Cristo, conforme estabelece o Evangelho (I
Pedro 2:9; Apocalipse 5:10) estamos prontos a ir ao extremo de abrir mão de
nossa cobertura, segurança pessoal, particularidades, individualidades, para
que outros sejam cobertos (alcançados)? O que representa a capa para você? Para
ser um sacerdócio real, estaria você disposto(a) a rasgar ou doar sua capa,
como Elias e Aias fizeram? Note bem: a capa, via de regra, estava identificada
com a personalidade do seu dono. Ele, de certa forma, estava nela. Ao passá-la
a outros, movido pela necessidade desses outros, ele estava se dando aí. Cobrir
alguém com a própria capa, como fez Boaz a Rute, também significava trazer para
junto de si, oferecendo mais que abrigo, aliança, parte em si mesmo.
Deus
o(a) fortaleça.
Pastor
Cleber
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