segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A PESSOALIDADE DE DEUS

Gostaria de convidá-lo a fazer uma ligeira leitura no salmo 103.
Neste salmo quero destacar uns pontos que entendo centrais na inspiração recebida pelo salmista:

1-    Ele é movido à adoração e apela ao seu centro sensitivo, o centro de suas emoções, pelo que as lentes de sua fé lhe passam como sua visão da Pessoa de Deus. É o que podemos ler nos versos 1 e 2. Ele se coloca assim como o adorador principal, para então conclamar outros a esse mesmo exercício entusiasmado, conforme mostram os versos 20 a 22. Desta maneira temos na sua experiência uma lição significativa para nossa função de adoradores admirados: podemos conclamar outros à adoração a partir da visão que emerge de nossa experiência pessoal, o que se pode traduzir por autoridade experiencial.
Mas o que ele vê nessa pessoalidade divina? Então temos um segundo ponto central:

2-    Os atos de Deus diretamente comprometidos com o adorador:

- perdão de pecados (v.3);
- a cura de enfermidades (v.3);
- livramento em situações extremas(v.4);
- assistência afetiva (v.4);
- concessões benéficas no dia a dia (v.5);
- participação nas demandas cotidianas (v.6).
- As características personais de Deus:
- compaixão e misericórdia (v.8);
- paciência amorosa (v.8);
-benevolência, invariabilidade de amor (v.9);
-misericórdia (v.10);
- compreensão amorosa (vv.11 e 12);
- afetividade paterna (v.13);
- comprometimento paterno (v.14).

    Tudo isso é muito bom de se ver em Deus e todos os crentes concordam com o salmista quanto a esses valores e feitos divinos a nosso favor, que é o que dEle nossa fé espera. Mas também é fato que, nem sempre nossa alma consegue corresponder a essa convocação adoradora, porque vezes há em que parece ficar difícil “não esquecer nenhum dos Seus benefícios”, pois vivemos momentos em que os céus parecem fechar-se ao nosso clamor, ainda que insistamos, ou se se abre, não se nos apresenta favorável quanto à resposta que esperamos. São aqueles momentos em que estamos mais prontos a dizer, contrariamente ao salmista, que Ele, Deus, não nos resgata a vida da sepultura, ou não nos “enche” de bens, nem renova nossa juventude, nem nos coroa de bondade. São momentos em que parecemos perplexos ante o que nos sugere ausência de compaixão e misericórdia. Momentos em que suspeitamos estar Deus trazendo nossos pecados à Sua memória, pois pelo menos à nossa eles retornam e incomodam, desconfortavelmente.

    Esses são momentos para os quais Satanás já tem adestrado o seu exército de perturbadores da paz, e não me refiro a demônios. Antes, penso nos pseudo-evangélicos que cercam a grei do Senhor formando duas fileiras de opressão: de um lado os que gritam que tais desventuras denunciam o fracasso de nossa fé em “confessar a vitória”, e os outros, do outro lado, mais “inteligentes” e filosoficamente adestrados, os novos filhos da “teologia relacional”, que vêm a público para nos dizer que Deus não Se ocupa pessoalmente com o crente nem tem controle sobre as circunstâncias de nossa vida, especialmente do nosso futuro que surpreende até mesmo a Ele, uma vez que esse futuro somos nós e os que concorrem conosco ou contra nós, que o construímos conforme os ditames de nossas livres escolhas, porque somos “libertários”. Com isso, tanto uma fileira quanto outra está dando tiros no que nossa fé insiste em confessar: a soberania indiscutível de Deus.

    Caem em abismos sem volta todos os que pretendem “entender a mente do Senhor”. Esquecem ou não aceitam a verdade que Paulo, apóstolo, proclamou altissonantemente: “...Quão insondáveis são os Seus juízos e inescrutáveis os Seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi Seu conselheiro?” (Romanos 11: 33 e 34).

    O fato de termos nEle um Soberano Senhor, que tem o domínio em Suas mãos conforme declarou o salmista neste salmo de nossa meditação; um Soberano Senhor cujos “pensamentos são mais altos que os nossos”, que é incompreensível; cujo poder, amor e paz estão além do nosso entendimento, isto, este fato, é o que nos surpreende e nos dobra como adoradores admirados.

    Todos os que tentam entender e explicar Deus,  caem no absurdo de tentarem controlá-Lo, o que os tornaria maiores que Deus, exatamente como a serpente pretendeu e inoculou na mente de Eva, nos primórdios da Criação.

    Na verdade, os que apregoam que Deus Se curva aos ditames de nossa fé, vertidos em oração, estão diretamente implicados com a heresia de pretender que seja Deus menor que a fé que Lhe faz exigências.

    Então, vemos o terceiro ponto central do salmista, que o faz adorar admirado:

3 -  é quando a partir da ótica divina ele se vê:
    - como somos formados (v.14);
    - apenas um pó (v.14);
    - semelhantes à relva, fugidios, frágeis, perecíveis em todo o nosso ínfimo poder (vv.15 e 16).

Isto gera:
    - consciência de dependência ativa, em Deus;
    - necessidade de compensar-nos na suficiência divina;
    - condição para calar diante de Seus atos; colocar a mão na boca e ficar em silêncio aguardando a resposta do Senhor.
Mais: Penso que esta consciência de fragilidade e temporalidade humana, habilita-nos a nos deixarmos absorver pela incompreensível eternidade de Deus movidos por profunda gratidão. Essa eternidade inclui o “mais tarde” ou “depois”, de que falou Jesus a Pedro: “O que faço, não compreendes agora; mais tarde, porém, entenderás” ( João 13:7).

Com carinho,
Pr. Cleber Alho

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