Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos
que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, pois O veremos
como Ele é. – I João 3:2.
Esta proclamação joanina deveria reverberar no coração crente com um eco indissipável para cada dia do ano, cada ano.
O Evangelho de Jesus nos aponta que traremos
a imagem do Celestial, referindo-se ao
Senhor e comunicando-nos seu supremo propósito: perdoados e remidos para sermos transformados
em Sua imagem.
Ouvimos essa magna mensagem de formas variadas: Pois
aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o
primogênito entre muitos
irmãos (Romanos 8:29); Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo (Efésios 4:13); Quero
conhecer Cristo, o poder da Sua ressurreição e a participação em Seus sofrimentos, tornando-me como Ele em
Sua morte (Filipenses 3:10);
E todos nós, que com a face
descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a Sua imagem estamos
sendo transformados com glória cada vez maior... (II Coríntios 3:18); Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto
por sua causa, até
que Cristo seja
formado em vocês (Gálatas 4:19).
Até
que chegamos ao superlativo exposto pela
pena de João, o amado.
Por força de nossa natureza sob o domínio de ambições temporais, ou
desviados da fé
genuína por propostas de pregoeiros evangélicos que oferecem a “vida fácil pela fé
no poder de Deus”, esquecemo-nos que o plano eterno de Deus, o
plano redentor, e toda a mensagem do Evangelho, correm com esse único compromisso: o resgate da imagem de Deus,
perdida em cada um de nós. Mais que isso: a
Promessa que afirma que Deus haverá
de fazer tudo e todos convergirem em
Cristo, se compromete ao afirmar que ficaremos idênticos a Ele.
Mas, ainda que passemos pelos textos aqui
citados, de Efésios 4:13 e II Coríntios 3:18, áureos textos, nada tem significação maior que a mensagem joanina: “Ficaremos iguais a Ele, porque O veremos tal
como Ele é”. Esta mensagem reúne duas idéias numa só
promessa, ou seja, ela explica-se a si
mesma, ao mostrar o meio no propósito. O alvo é: longe de nossas distorções pecaminosas, iguais a Ele. E o meio: porque O
veremos tal como Ele é. Ora, sabemos o
quando disso: Lá, em Sua eterna e
gloriosa presença. Mas, um exame
detido nos textos supracitados de Efésios e II Coríntios, leva-nos a
perceber que esse é
um processo que teve um disparo, move-se,
está
acontecendo e se consumará nAquele dia. Isso para dizer com que objetivo
fomos levados ao conhecimento do Evangelho: transformação. Não “melhoria”, mas transformação.
O compromisso do propósito de Deus é uma ação do Seu Espírito em nossas
vidas aqui, visando semelhança, não superação. Não se trata de vida
ufanista, bem sucedida. A promessa aponta para transformação e sabemos por quais vias esta passa: Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que
se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a
revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e santidade provenientes da verdade (Efésios 4: 22-24) e: Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de
experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2).
Atraente? Simpático? Não, claro! Mas única via eficaz por
onde o Evangelho flui e nos leva, até cumprir a proposta:
Cristo em vós, esperança da glória.
Não fala de jactância, de superestrelas da fé, conquistadores resplandecentes. Mas de vidas
que trazem as marcas do Cordeiro de Deus e sabem que elas são impressas através do processo que estabelece: ...também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança (Romanos 5:3 e 4).
Mas, de volta ao texto de João, ele nos leva a entender que há um processo transformador: jungindo a mensagem de
Paulo em II Coríntios a de João na primeira carta, fica claro que o processo é contemplativo. Ele está afirmando que seremos iguais a Ele porque O
veremos como Ele é. Refere-se a um
momento em que não haverá mais obscuridade, mas transparência absoluta. De fato, Paulo noutro texto afirma
que agora estamos vendo, mas por meio de um reflexo obscuro, como em espelho,
mas então (depois) veremos
face a face (I Coríntios 13:12). E na
segunda carta o apóstolo indica que o
Espírito que em nós habita está encarregado de nos fazer contemplá-Lo, como por meio de um espelho, e assim,
conforme vemos, vamos sendo transformados, mudando de forma (desistindo do
disforme?) para nos assemelharmos a Ele.
Este processo ocorre hoje, desde o momento em que o novo nascimento foi
operado em nós, mas continua
indicando que devo olhar no espelho do Espírito a face de meu Senhor (como Sua vontade e caráter revelados nas Escrituras) e buscar
conformar-me a ela. É evidente que a obscuridade apontada por Paulo
caminha junto. Atribuo-a, dentre outras coisas, à imago distorcida que nossas vontades e experiências da vida formam a respeito da Pessoa divina,
em especial quanto à
Sua paternidade, de forma que projetamos
em Deus imagos interiorizadas, como um pai fiscal, cruel, assustador, distante,
ou paternalista, bonachão, sempre
encobridor das fraquezas de caráter de filhos
malcomportados. Essas distorções se favorecem da
obscuridade que nossas distâncias propiciam. Daí o apelo: “Aproximem-se”! ( Hebreus 10:22).
É
um processo contínuo, que envolve dois agentes: Ele e cada um de nós. Se optamos por percorrer a carreira da vida
cristã
atrás de conquistas temporais, “magias”
evangélicas que nos “ensinem” ou viabilizem que
driblemos os problemas e posterguemos nossas dores, estamos fora da rota, num
atalho e não no Caminho;
perdendo tempo, o tempo todo. Foi observando a perda de tempo dos crentes da
Galácia que Paulo
lamentou sobre eles, quanto a sentir que a seu respeito estava correndo em vão.
Precisamos conscientizar-nos de que nosso
compromisso é
segui-Lo, e segui-Lo é seguir a senda que leva ao Calvário, porque impõe-se sobre nossa trilha que brilhemos nela em meio a um mundo
tenebroso. Luz, não lantejoulas.
Precisamos gastar tempo ante o espelho que o Espírito de Deus coloca perante nós.
Contemple-O! Admire-O! Adore-O! Identifique-se
nEle!
Cristo em vocês, a esperança da glória –
Colossenses 1:27.
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