Não
quebrará o caniço
rachado, nem apagará o pavio fumegante - Isaías
42:3.
O texto aponta a uma
função ministerial do Senhor Jesus, ou a uma de Suas manifestações pastorais, e
esta diretamente ligada à proposta de refrigerar a alma de Suas ovelhas.
É uma metáfora, que
traduz uma imagem de fraqueza humana, que é diferente de fracasso. Fraqueza é condição inerente à forma humana,
embora o ser humano em sua jactância não o admita, mesmo o crente. Fracasso é
resultado de escolhas mal feitas. Somos frágeis, como ovelhas naturalmente
dependentes, e vistos do Alto e pelo Alto como tais.
Frágeis porque
humanos, porque hóspedes de um planeta que levamos à bancarrota moral e
material, via o pecado.
Frágeis por conta de
nossa natureza pecaminosa, humanidade decaída.
Deus tem consciência
dessa fraqueza humana e investe nela, com propostas socorristas, e isso aponta
para Sua misericórdia revelada em Cristo Jesus. Fala da Graça.
O frágil, e na
condição de crente, ovelha, é dependente ou deveria ser, e nesta condição essa
fragilidade via circunstâncias da vida e natureza inerente, algumas vezes se
aguça e desponta como uma cana quebrada ou um pavio fumegante.
A cana quebrada para
nada serve a não ser como comida para gado. É relegada a uma consumição. Não
serve para mais nada; não é garantia de frutificação.
O pavio fumegante é
aquele que não ilumina mais, nem aquece; mas ainda é promessa remota de luz, de
reacender.
A cana quebrada pode
ser reestruturada, porque ainda que partida, está presa à raiz. Tem vida.
Ao afirmar: Ele não
quebrará, não moerá a cana nem apagará o pavio, a Promessa aponta um programa
de restauração em curso por uma razão simples: Deus vê vida na fragilidade
reputada por fracasso. Ele crê em possibilidades.
Mas pensemos um pouco
nessa quebra e quase extinção: Quantas vezes, tantas vezes, somos por elas
surpreendidos na vida! Ou ocorrem por situações perpetradas por terceiros, ou
por erros inerentes às nossas incapacidades, insuficiências, ou por conta de
tropeços, percalços no caminho da santidade. Ou ainda são vitimizações via
doenças, mudanças bruscas no sistema financeiro, ou dores de alma como luto ou
perdas similares.
O resultado é uma
fraqueza que derreia, inutiliza, deprime, põe pra baixo.
Algumas vezes um
falso autossenso de inutilidade invade os sentimentos e se aloja no pensamento
quase que de forma obsessiva.
O horizonte fica
nebuloso, cinzento e distante demais para as forças que faltam garantirem
chegada.
Então desanima o
fraco e dele desistem seus ajudadores. É cana quebrada, pavio que fumega sem
luz e só dá cor de si pelo cheiro da fumaça que desprende. E incomoda. A cana
quebrada, quando nela sopra o vento no canavial, geme. Penso nos bambus
partidos dos riachos de Analândia e horto florestal de Rio Claro. Em seus
gemidos, cantam...
Quando Daví " quebrava" mais sonoros seus salmos ficavam. Ele estava quebrado
quando compôs os salmos 32, 51, 63. Quem os esquece? O bom Deus escuta.
A promessa do Pastor
corre célere para socorrer e gritar: " Não desprezarei!; Não quebrarei!;
Não apagarei!; Não desistí de
você!"
E no núcleo da
proclamação correm vozes paralelas: " Diga o fraco: eu sou forte";
" Da fraqueza tiraram força"; " Meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza!"
Nossas fraquezas não
causam surpresas em Deus.
Aleluia!
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