quinta-feira, 21 de maio de 2015

QUANDO ALQUEBRADOS

Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio fumegante - Isaías 42:3.

O texto aponta a uma função ministerial do Senhor Jesus, ou a uma de Suas manifestações pastorais, e esta diretamente ligada à proposta de refrigerar a alma de Suas ovelhas.

É uma metáfora, que traduz uma imagem de fraqueza humana, que é diferente de fracasso.  Fraqueza é condição inerente à forma humana, embora o ser humano em sua jactância não o admita, mesmo o crente. Fracasso é resultado de escolhas mal feitas. Somos frágeis, como ovelhas naturalmente dependentes, e vistos do Alto e pelo Alto como tais.

Frágeis porque humanos, porque hóspedes de um planeta que levamos à bancarrota moral e material, via o pecado.

Frágeis por conta de nossa natureza pecaminosa, humanidade decaída.

Deus tem consciência dessa fraqueza humana e investe nela, com propostas socorristas, e isso aponta para Sua misericórdia revelada em Cristo Jesus. Fala da Graça.

O frágil, e na condição de crente, ovelha, é dependente ou deveria ser, e nesta condição essa fragilidade via circunstâncias da vida e natureza inerente, algumas vezes se aguça e desponta como uma cana quebrada ou um pavio fumegante.

A cana quebrada para nada serve a não ser como comida para gado. É relegada a uma consumição. Não serve para mais nada; não é garantia de frutificação.

O pavio fumegante é aquele que não ilumina mais, nem aquece; mas ainda é promessa remota de luz, de reacender.

A cana quebrada pode ser reestruturada, porque ainda que partida, está presa à raiz. Tem vida.

Ao afirmar: Ele não quebrará, não moerá a cana nem apagará o pavio, a Promessa aponta um programa de restauração em curso por uma razão simples: Deus vê vida na fragilidade reputada por fracasso. Ele crê em possibilidades.

Mas pensemos um pouco nessa quebra e quase extinção: Quantas vezes, tantas vezes, somos por elas surpreendidos na vida! Ou ocorrem por situações perpetradas por terceiros, ou por erros inerentes às nossas incapacidades, insuficiências, ou por conta de tropeços, percalços no caminho da santidade. Ou ainda são vitimizações via doenças, mudanças bruscas no sistema financeiro, ou dores de alma como luto ou perdas similares.

O resultado é uma fraqueza que derreia, inutiliza, deprime, põe pra baixo.

Algumas vezes um falso autossenso de inutilidade invade os sentimentos e se aloja no pensamento quase que de forma obsessiva.

O horizonte fica nebuloso, cinzento e distante demais para as forças que faltam garantirem chegada.

Então desanima o fraco e dele desistem seus ajudadores. É cana quebrada, pavio que fumega sem luz e só dá cor de si pelo cheiro da fumaça que desprende. E incomoda. A cana quebrada, quando nela sopra o vento no canavial, geme. Penso nos bambus partidos dos riachos de Analândia e horto florestal de Rio Claro. Em seus gemidos, cantam...

Quando Daví  " quebrava"  mais sonoros seus salmos ficavam. Ele estava quebrado quando compôs os salmos 32, 51, 63. Quem os esquece? O bom Deus escuta.

A promessa do Pastor corre célere para socorrer e gritar: " Não desprezarei!; Não quebrarei!; Não apagarei!;  Não desistí de você!"

E no núcleo da proclamação correm vozes paralelas: " Diga o fraco: eu sou forte"; " Da fraqueza tiraram força"; " Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza!"

Nossas fraquezas não causam surpresas em Deus.


Aleluia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário