Horama Hagya
(Visão
Santa)
(Todas as citações foram extraídas da Bíblia de Jerusalém)
No meu sonho, alguém não humano, por conta de
todas as suas formas e dimensões (um anjo), aproximava-se
de mim e me afirmava que estava me levando ao lugar em que eu O veria. Eu sabia
que ele falava de Jesus. Em meu coração formou-se um tumulto de emoções pululantes: expectativa,
deleite prévio, nervosismo e
curiosidade __ Por onde Ele viria? Como o faria? __ e mais importante: __ Como
seria Ele?
Perscrutando meu imaginário da fé, dava-me conta das miríades de imagens que meu córtex retinha, nutridas por incontável número de pinturas e símbolos, e também via o sonho do coração que ora e faz a contemplação pela fé: Ora Ele apareceria como um homem branco, alto,
cabelos e barba longos, vestes talares, olhar penetrante e sereno; ora como um
jovem maduro de pele tisnada de sol, rosto marcado pela vida e de olhar perdido
na distância. Noutro momento havia
a reserva deixada a um canto: um homem com o semblante da profecia? (Isaías
53): “homem de dores, sem nenhuma
formosura para que O desejássemos”. Ou o glorioso dominador de Apocalipse 1 e 19,
com o rosto resplandecente como o sol? Ah! Essa visão era a menos pretendida,
porque sem poder fitar o sol natural no seu esplendor, como eu veria o rosto
dAquele que é chamado de O Sol da Justiça?
A essa altura, perdido em pensamentos e imagens
mentais, eu deixara de ouvir meu acompanhante que me dizia: “Segue bem rente a mim até o local onde vou parar. Esse será o lugar do seu encontro”.
E
lá estava eu. De repente, sozinho. Nada nem ninguém
além
de mim e de minha sombra ao sol
daquela manhã brilhante. Foi-se o anjo; fiquei eu, somente. Comecei a
olhar. Para a direita, para a esquerda. Voltei-me e olhei atrás: nada. Depois o campo que era vasto e vazio à frente. E foi nessa amplidão do campo à frente que pensei
vislumbrar uma figura humana caminhando em minha direção e crescendo, como se
corresse. Pensei: “É o anjo, de volta”. Acenei. Gritei: __ “Ei! Estou aqui! Onde você foi?” __ Quem sabe ele se perdera de mim! Mas a figura, agora
bem nitidamente humana, se aproximava mais e mais, sem dar resposta. O brilho do sol no horizonte impedia uma visão clara e discernível do seu rosto. E à medida em que o caminhante
apressado enchia mais o meu campo visual com sua presença, eu me apercebia de suas dimensões físicas. Não. Não era o anjo. Tinha minha estatura, mais ou
menos, e o anjo era grande, muito grande. Este era outro homem, que nem eu.
Muito humano, pela maneira de andar e agitar os braços, na pressa. Mas vinha em minha direção, com efeito!
Estando
cada vez mais próximo, agora eu percebia que ele vinha até mim. Olhava-me; sorria. E comecei a ficar confuso:
parecia outro eu. Outro de mim. Como era parecido! Cada vez mais parecido
comigo! Cada vez mais era como um reflexo meu em movimento como num grande
espelho à minha frente.
Mais perto; mais perto! Cada vez mais! Agora eu o
via quase que perfeitamente. Ali vinha um homem que só não podia ser eu mesmo por
estar diante de mim e ser bem mais jovem do que eu.
Já podia ver mais e claramente. Aquele era outro eu, com
sensível
alteração: rosto perfeito, olhos
ternos, felizes, e um olhar que parecia falar, dizendo: “Eu te amo!”
Chegou junto. Olhou-me nos olhos e disse: “Sou Eu! Eu que falo contigo! Não vês que Sou Eu Mesmo?”
Meus lábios se moveram sozinhos, e
me ouvi balbuciando, perplexo: __ “Senhor meu, e Deus meu!”
Atirei-me a Seus pés. Caí em pranto, mas meu choro adorava-O como num cântico profundo e doce.
Quanto tempo fiquei prostrado, não sei, mas cônscio de Sua presença.
Acordei.
Ah! Onde está Ele? Para onde foi?
Quero dormir outra vez!!
A realidade me envolveu de todo. Eu estava
acordado, de uma vez e para sempre. Sem tardar, os pensamentos me assaltaram:
__ “Mas como podia Se parecer comigo? Por quê? Não sou eu que terei de ser
semelhante a Ele? Não é isso o que diz a Palavra: ´Tal como Ele é nós seremos”?
No entanto, Aquele outro era simplesmente
perfeito. Um outro eu, absolutamente perfeito!
Então entendi: "Não é Ele que se parece comigo. Hoje sou Sua imagem deformada em minha vida
adâmica. Naquele Dia entenderei o sentido da Palavra
que afirma: '... depois conhecerei como sou conhecido'
(I Coríntios 13:12c); 'E, assim como trouxemos a imagem do homem
terrestre, assim também traremos a imagem do
homem celeste” (I
Coríntios 15:49).
“...nEle fostes ensinados a remover o vosso modo
de vida anterior – o homem velho, que se corrompe ao sabor das
concupiscências enganosas – e a renovar-vos pela transformação espiritual da vossa
mente, e revestir-vos do Homem Novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade” (Efésios 4: 21-24).
“E
nós todos que, com a face descoberta, refletimos
como num espelho a glória do Senhor, somos
transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (II
Coríntios 3:18).
“...vós vos desvestistes do homem velho com as suas práticas e vos revestistes do novo, que se renova
para o conhecimento segundo a imagem do seu Criador. Aí não há mais grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo é tudo em todos” (Colossenses 3:11).
Sim, em Cristo existimos nós, os que nEle cremos, e seremos aperfeiçoados. Ele é nossa humanidade elevada à perfeição.
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