terça-feira, 29 de novembro de 2011

DE LIXO A JÓIA

O Reino dos Céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou - Mateus 13: 45 e 46.
Uma pérola de grande valor, penso eu, deve ser aquela que apresenta as qualidades pelas quais o mercado a define: cor, brilho, tamanho, forma e perfeição. Por cor, mais valiosas são as negras por estarem limitadas ao Taiti, cujas águas oceânicas abrigam as ostras nas quais a coloração interna é negra, logo, são raras e incomumente belas, com seu brilho natural. O tamanho conta porque quanto mais próximas a 14 cm, mais antiga essa pérola é, embora a maior já encontrada, em 1934, tivesse 14cm de diâmetro e 24 cm de comprimento, pesando mais de 6kg, avaliada em 850 mil dólares. As pérolas são as jóias mais antigas do mundo, tendo sua procura já contando mais de 5000 anos, desde que começaram a ser “pescadas”. Elas não necessitam de lapidação porque já vêm prontas e com brilho. Por originalidade subentende-se a pérola natural, não a cultivada em viveiros, logo, uma pérola negra, natural e de maior esfericidade pode ter levado 20 anos para se formar. Isto estabelece para nós o sentido de “uma pérola de grande valor”. Mas há na pérola um outro valor que, a meu ver, se constitui na razão pela qual o Senhor a tomou como referência à participação no Reino dos Céus que se assemelha à sua busca e compra.
Refiro-me à gênesis de uma pérola. Ela é, em poucas palavras, a reversão e transformação do sofrimento da ostra. A pérola se forma a partir da secretação que a ostra produz de um nácar conhecido como madrepérola, com o qual ela vai revestindo, ao longo dos anos, um corpo estranho como grão de areia ou germe que se aloje entre sua manta e concha, podendo produzir irritação e inflamação. Assim, ao se proteger do desconforto, seu “espinho na carne”, ela produz uma gema preciosa, bela e perfeita que encanta o mundo.
Quando Jesus usa a expressão “Reino dos Céus” Ele Se refere por extensão à Igreja e sua militância na terra. Ele fala do Seu corpo de sacerdócio real, a que chamamos cristianismo. Refiro-me ao cristianismo bíblico, não o histórico, que está longe de ser cristão ou representar seu Autor. Dentre as religiões que percorrem a história da humanidade, dos primórdios aos nossos dias, somente o cristianismo trouxe como verdade eficaz o poder dado pelo Espírito de Cristo ao crente de transformar o sofrimento em glória, causa de louvor.
As seitas todas, mesmo as que se desdobram e orbitam em torno do cristianismo histórico estão às voltas com propostas de escape do sofrimento ou conformação com ele. Somente o cristianismo que representa o Reino dos Céus informa que o crente está capacitado a usar o seu “grão de areia” e transformá-lo em pérola, que desperta noutros paixão e anseio por conquistar tal poder, a ponto de partir para a renúncia de tudo o que é e tem a fim de conquistá-lo, à semelhança do negociante da parábola.
É desta grandeza de proposta que falam textos como estes:
No mundo vocês terão aflições. Tenham bom ânimo. Eu venci o mundo – João 16:33.
Pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais que todos eles- II Coríntios 4:17.
Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser entristecidos por todo tipo de provação. Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado- I Pedro 1: 6 e 7.
Acredito que um exemplo vivo que temos de crentes transformando sua dor em pérola, está na narrativa de Paulo e Silas, quando presos em Filipos. Tendo sido açoitados e estando com os pés presos ao tronco, à meia noite oravam e cantavam louvores a Deus, e todos os demais prisioneiros os ouviam.
Nossa inclinação contumaz quando o “espinho na carne” nos aflige é fazer como o fez Paulo antes de ouvir a voz do Senhor: queremos escape, livramento. O Espírito que habita em nós sabe que podemos transformá-lo em jóia preciosa, referencial de vida e fé para outros.
O Senhor abençoe e fortaleça sua vida.
SETEMBRO/OUTUBRO 2011
              

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