quinta-feira, 29 de março de 2012

OBEDECER: UMA QUESTÃO DE FÉ


De novo os israelitas fizeram o que o Senhor reprova, e durante sete anos ele os entregou nas mãos dos midianintas. Os midianitas dominaram Israel; por isso os israelitas fizeram para si esconderijos nas montanhas, nas cavernas e nas fortalezas. Sempre que os israelitas faziam as suas plantações, os midianitas, os amalequitas e outros povos da região a leste deles as invadiam... Por causa de Mídiã, Israel empobreceu tanto que os israelitas clamaram por socorro ao Senhor. Quando os israelitas clamaram ao SENHOR por causa de Mídiã, ele lhes enviou um profeta...
Ah, Senhor, Gideão respondeu, se o Senhor está conosco, por que aconteceu tudo isso? Onde estão todas as suas maravilhas que os nossos pais nos contam quando dizem: Não foi o Senhor que nos tirou do Egito? Mas agora o Senhor nos abandonou e nos entregou nas mãos de Mídiã.   - Juízes 6: 1- 17.

A história de Israel  ao tempo dos juízes, e mais específicamente nos dias de Gideão, serve como pano de fundo a uma reflexão de nossa caminhada com Deus, dentro dos limites da possessão espiritual a que Ele nos trouxe em Cristo Jesus.  Refiro-me a um específico fator como a desobediência a Deus durante a caminhada que carreou uma mudança do curso dessa caminhada. Em nossa jornada cristã, de igual forma a desobediência provoca mudanças de curso que se assemelham às que acometeram aos israelitas:
                        - Favorece o acesso do inimigo (com consentimento divino), conforme narra o versículo 1. Por acesso ao inimigo, longe de nós pretender como querem alguns desavisados que o crente fica sob opressão maligna. Antes significa ficar sem forças, sob ataques (tentações que resultam em estados confusionais para a fé) e com perdas visíveis de posição nos lugares espirituais. Alguns há que chegam ao extremo de desviar-se do Caminho, perder o rumo;
                        - Gera o desencontro dos sonhos (a busca desordenada por alcançar projetos pessoais dissociados da vontade divina), conforme mostra o versículo 2.  Da mesma forma como os israelitas canalizaram esforços para lugar nenhum, cavando covas nos montes, buscando cavernas e fortificações pensando nelas alcançar livramento do algoz, o crente em desobediência franca, se desarticula, perde o rumo, supersticiona sua confissão, porque banaliza sua relação com Deus trazendo-a a um nível desesperado de pensar ouvir a voz divina em coisas ou situações ou pessoas que não pela via da Palavra proclamada, ou pela via da conscientização de pecado, conforme Saul a quem Deus não respondia mais nem por Urim ou Tumin. É quando vemos o crente magiciando sua fé, atrás de sinais e maravilhas e de homens “sinaleiros” e “portentosos” que lhes sirvam de guia espiritual.
            Tal como aconteceu a Israel, o resultado de tudo isso é debilidade e perda de garantias espirituais (v.6). É interessante observar que Israel representado na pessoa de Gideão, queixa suas misérias a Deus, como se Deus fosse culpado delas. Mesmo tendo ouvido a voz profética que lhes apontava o pecado como causa de seus desatinos.
            Pasmo em perceber que hoje o crente estabelece uma relação com Deus de conveniência onde parece que no espírito da Aliança ele não toma outra parte senão a do beneficiado a quem o Senhor deve servir, atender, como se lhe devesse favores divinos. A consciência de obediência, de observar a vida e a carreira da vida pelas vias do Evangelho, de separação do comum e do imundo, ou seja o risco da desobediência, ou o temor quanto à desobediência, parecem valores inexistentes, porque não haveria lugar para desobediência no atual estado de comunhão com Deus, logo, também não haveria conseqüências no mundo espiritual como fruto da desobediência. Ledo engano.
Antes, a Palavra de Deus grita, desde Moisés a Jesus, passando por João, Paulo e Hebreus, quanto à imperiosa necessidade de obedecermos o Evangelho de Cristo nos Seus propósitos e valores, nos compromissos a serem observados, no zelo e na busca por andar de conformidade com o Evangelho de Cristo. Somos conclamados à obediência que vem pela fé (Romanos 1:5), advertidos de que o próprio Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio do que padeceu ( Hebreus 5:8).
            Tal como o mundo está dividido entre os que obedecem ao Evangelho e os que não o obedecem, a vida cristã também está marcada pela caminhada dos que obedecem e dos que desobedecem. Quero salientar que há sensível diferença entre não obedecer, que é o caso dos incrédulos, e o desobedecer, que é caso de muitos cristãos, como aconteceu ao Israel antigo.
            A cura para a desobediência começa quando o crente se volta para Deus, e só o faz quando reconhece seu erro e busca nEle socorro, conforme experienciou Israel (Juízes 6:6). É do âmbito da recomendação do sábio quando diz em Provérbios 3: 6 – Reconhece-O em todos os teus caminhos...
            Ao movimento em direção ao acerto, corre Deus e vira o quadro, como o restante do texto de Juízes 6 nos faz ver, pois opera livramento, e por vias inconfundivelmente divinas, porquanto além dos limites humanos. Deus levantou o mais fraco e o menor, para atender ao povo que resolveu voltar à obediência, e operou proezas segundo a Sua suficiência e Graça, como sempre Lhe foi próprio fazer. Mas é importante enfatizar que assim como Deus Se manifestou a Gideão dizendo: “O Senhor é contigo”... no contexto em que ele e seu povo estavam em desobediência, as consequências do desobedecer não significam que somos abandonados por Deus. Equivocou-se Gideão ao acusar Deus de abandono. Não. Pelo contrário, as conseqüências  servem para indicar que  é exatamente Ele Quem está no meio do caos, operando as vias de nosso acerto, através de processos disciplinadores.
            Por isso, importa lembrar sempre a máxima de Samuel, profeta: Obedecer é melhor do que sacrificar... I Samuel 15:22.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O SOM MAVIOSO DAS TARDES DE SOL

    Uma bênção pouco comum de se viver numa cidadela interiorana consiste na possibilidade de ouvir o som das tardes ensolaradas. A distância do mundo conturbado de fáceis acessibilidades é compensada pela proximidade do som que os ruídos mecânicos,  indefinidos e ríspidos sufocam. E esse som invariavelmente é resultado da mescla de miríades de pipilos, gorjeios, sibilos das aves e do passar do vento pela copa das árvores de onde procedem.
    Ouvir o som das tardes é uma experiência única para a qual é preciso também ter ouvidos. Não para captar uma mensagem que se decodifica em símbolos e se traduz inteligivelmente. Não. Apenas para ouvir, como quem absorve os acordes de uma orquestra afinada.
    Para quem passa às vezes o dia inteiro ouvindo a voz dos homens, num discorrer interminável, codificado e cheio de significativos sobre problemas, intenções e afetações interrelacionais, ouvir o som sem palavras das canções aladas é como um bálsamo que refrigera cada partícula física do cérebro e as entranhas da alma. Lava a mente e o coração.
    Penso no que disse o apóstolo: “Há muitas vozes no mundo...” e isso me leva outro tanto a pensar no fato das muitas vozes que pretendem falar a Deus. De que falam? Problemas, intenções, afetações, petições, queixas, blasfêmias e até louvores. Estes, em geral metódicos, ditados por letra e música que o louvador terceiriza. Também as vozes que falam entre os homens os sons das ofensas e das fúrias da vida, chegam aos ouvidos divinos. Sobre esses sons com palavras paira a mensagem que diz: “Por tuas palavras serás julgado e por elas serás condenado”.
    Penso que os ouvidos de Deus Se abençoam quando lhes chega o som da adoração. Algo que Lhe deve soar como os trinados dos pássaros nas tardes de sol. Nada pedem; nada dizem. Apenas emitem beleza. A adoração deve ser assim: sem letra para pedir ou dizer; apenas um som da alma que se refastela de vida e regurgita em beleza sua gratidão admirada.
    Creio ser esse o som de que Deus Se agrada, ou de que mais Se agrada. É mais que louvor que sempre dita alguma coisa, por vezes inconvenientemente.
    Quando ouço o som das tardes, ruídos que disputam as notas mais elevadas, onde vários muito soam e ninguém faz mais que comunicar  beleza inerente e espontânea, sinto-me devedor de adoração Àquele que é o Único Digno a Quem cabe o cântico sem letra, expressão da alma que sem nada dizer, canta, e transmite o ruído que encanta porque fruto de sua admiração.
    Por que canta o som da tarde? Porque a tarde é bela, eivada de promessas. É profecia que proclama mais um dia que entra na plenitude; anuncia uma noite de repouso conquistado e aprovisiona a esperança de um novo amanhecer. Isso não se diz em palavras, mas com o doce barulho da gratidão adoradora. E quem o produz? Seres que não entendem, nem pensam. Apenas percebem e usufruem.
    São bem recebidos assim. “... o Pai cuida dos passarinhos...”
    Mas nós, homens que mais valemos, e tanto queremos entender e achamos que entendemos conforme nossas pretensões, o que cantamos? Por que cantamos? E como adoramos? Que sons emitimos a Deus?

                    Pr. Cleber Alho

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ONDE ESTÁ O SEU VAU DE JABOQUE ?

     Precisamos reaprender com Jacó e Davi a ter um tempo só de Deus onde nada nem ninguém possa entrar.
    Emerjo de um tempo em que os homens e mulheres de Deus se separavam em dias de jejum e oração, pedindo e buscando, o quê? : Mais de Ti, Senhor, e esqueciam a mesa, o banco e os seus.
    Nesta geração, sinto-me contemplado por um Deus saudoso daqueles que se reservavam para Ele, numa separação tal, que nem os mais chegados se atreviam a concorrer.
    Hoje, estamos distraídos demais; divertidos demais; fascinados demais para termos visões de Deus e com Deus. Alguns perderam o endereço do Jaboque. Estremeço só em pensar em quem possa, ao ler estas linhas, indagar: O que significa vau de Jaboque?
    Os que parecem cobiçar espiritualmente, hoje, não ultrapassam a busca pelo estrelismo secular da fé, maioria das vezes.
    Os baluartes se esvaem; as cores empalidecem, e os metafísicos da teologia são nossos grandes referenciais, se tanto.
    Ou os temos nos palcos do fenomenalismo que agride a inteligência, o bom senso e até a decência; ou os temos discutindo a política secular com a pretensão de serem reedição de Elias em seu tempo. Ou ainda, discutem política denominacional com pretensão profética.
    Mas onde estou eu, em meio a tanta palidez? O que me atrai; o que me seduz? Acaso permiti que minha confissão na modernidade reputasse o Jaboque da separação consciente para estar com Ele, por fundamentalismo pietista? E então descansei no crescimento de minha racionalidade? Ousei pretender que não tenho as culpas contraídas por Jacó contra Esaú? Ousei pretender que não preciso me refugiar nEle vez em quando, exclusivamente, como se me bastasse a mim mesmo?
    Qual a grande chama de minha fé, e para onde corre minha paixão por Deus?
    O que se infiltrou no meu vau de Jaboque e se interpôs entre mim e Ele? O que entrou ali e se tornou a causa mesma da busca, outra, que O substituiu a Ele e ao tempo e contato com Ele somente?
    O que, quem e quantos deixei que invadissem o meu Jaboque? Será que assumi a pretensão de que Deus é Quem deve entrar no Jaboque para me achar?
    Para onde foi o meu Jaboque, ou qual é ele, em que eu o viva nesta geração?

Resta suplicar:
    Faze-me voltar, Senhor!
    Que somos, perante Ti?
    A Igreja desta geração?
    A ela, cabe a oração sentida de Asafe no salmo 80, e me incluo no mesmo pranto quando chora: Faze-nos voltar, ó Deus; faze resplandecer o Teu rosto.
    Sim, faze-me voltar de minhas distrações aos jaboques da dedicação exclusiva.
    Faze-me voltar dos brilhos temporais, paixões modernas, para o resplendor de Tua face.
    Faze-me voltar dos desvios que me levam para mim e aos meus, na mesma distância que me afastam de Ti e dos Teus.
    Faze-me voltar de minhas emoções para a paixão do Teu Nome.
    Faze-me voltar da diversão e do ruído, da azáfama e do desinteresse; das filosofias e do liberalismo insípido para a contemplação e o silêncio.
    Faze-me voltar de mim para Ti.

                Pastor Cleber Alho

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A PESSOALIDADE DE DEUS

Gostaria de convidá-lo a fazer uma ligeira leitura no salmo 103.
Neste salmo quero destacar uns pontos que entendo centrais na inspiração recebida pelo salmista:

1-    Ele é movido à adoração e apela ao seu centro sensitivo, o centro de suas emoções, pelo que as lentes de sua fé lhe passam como sua visão da Pessoa de Deus. É o que podemos ler nos versos 1 e 2. Ele se coloca assim como o adorador principal, para então conclamar outros a esse mesmo exercício entusiasmado, conforme mostram os versos 20 a 22. Desta maneira temos na sua experiência uma lição significativa para nossa função de adoradores admirados: podemos conclamar outros à adoração a partir da visão que emerge de nossa experiência pessoal, o que se pode traduzir por autoridade experiencial.
Mas o que ele vê nessa pessoalidade divina? Então temos um segundo ponto central:

2-    Os atos de Deus diretamente comprometidos com o adorador:

- perdão de pecados (v.3);
- a cura de enfermidades (v.3);
- livramento em situações extremas(v.4);
- assistência afetiva (v.4);
- concessões benéficas no dia a dia (v.5);
- participação nas demandas cotidianas (v.6).
- As características personais de Deus:
- compaixão e misericórdia (v.8);
- paciência amorosa (v.8);
-benevolência, invariabilidade de amor (v.9);
-misericórdia (v.10);
- compreensão amorosa (vv.11 e 12);
- afetividade paterna (v.13);
- comprometimento paterno (v.14).

    Tudo isso é muito bom de se ver em Deus e todos os crentes concordam com o salmista quanto a esses valores e feitos divinos a nosso favor, que é o que dEle nossa fé espera. Mas também é fato que, nem sempre nossa alma consegue corresponder a essa convocação adoradora, porque vezes há em que parece ficar difícil “não esquecer nenhum dos Seus benefícios”, pois vivemos momentos em que os céus parecem fechar-se ao nosso clamor, ainda que insistamos, ou se se abre, não se nos apresenta favorável quanto à resposta que esperamos. São aqueles momentos em que estamos mais prontos a dizer, contrariamente ao salmista, que Ele, Deus, não nos resgata a vida da sepultura, ou não nos “enche” de bens, nem renova nossa juventude, nem nos coroa de bondade. São momentos em que parecemos perplexos ante o que nos sugere ausência de compaixão e misericórdia. Momentos em que suspeitamos estar Deus trazendo nossos pecados à Sua memória, pois pelo menos à nossa eles retornam e incomodam, desconfortavelmente.

    Esses são momentos para os quais Satanás já tem adestrado o seu exército de perturbadores da paz, e não me refiro a demônios. Antes, penso nos pseudo-evangélicos que cercam a grei do Senhor formando duas fileiras de opressão: de um lado os que gritam que tais desventuras denunciam o fracasso de nossa fé em “confessar a vitória”, e os outros, do outro lado, mais “inteligentes” e filosoficamente adestrados, os novos filhos da “teologia relacional”, que vêm a público para nos dizer que Deus não Se ocupa pessoalmente com o crente nem tem controle sobre as circunstâncias de nossa vida, especialmente do nosso futuro que surpreende até mesmo a Ele, uma vez que esse futuro somos nós e os que concorrem conosco ou contra nós, que o construímos conforme os ditames de nossas livres escolhas, porque somos “libertários”. Com isso, tanto uma fileira quanto outra está dando tiros no que nossa fé insiste em confessar: a soberania indiscutível de Deus.

    Caem em abismos sem volta todos os que pretendem “entender a mente do Senhor”. Esquecem ou não aceitam a verdade que Paulo, apóstolo, proclamou altissonantemente: “...Quão insondáveis são os Seus juízos e inescrutáveis os Seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi Seu conselheiro?” (Romanos 11: 33 e 34).

    O fato de termos nEle um Soberano Senhor, que tem o domínio em Suas mãos conforme declarou o salmista neste salmo de nossa meditação; um Soberano Senhor cujos “pensamentos são mais altos que os nossos”, que é incompreensível; cujo poder, amor e paz estão além do nosso entendimento, isto, este fato, é o que nos surpreende e nos dobra como adoradores admirados.

    Todos os que tentam entender e explicar Deus,  caem no absurdo de tentarem controlá-Lo, o que os tornaria maiores que Deus, exatamente como a serpente pretendeu e inoculou na mente de Eva, nos primórdios da Criação.

    Na verdade, os que apregoam que Deus Se curva aos ditames de nossa fé, vertidos em oração, estão diretamente implicados com a heresia de pretender que seja Deus menor que a fé que Lhe faz exigências.

    Então, vemos o terceiro ponto central do salmista, que o faz adorar admirado:

3 -  é quando a partir da ótica divina ele se vê:
    - como somos formados (v.14);
    - apenas um pó (v.14);
    - semelhantes à relva, fugidios, frágeis, perecíveis em todo o nosso ínfimo poder (vv.15 e 16).

Isto gera:
    - consciência de dependência ativa, em Deus;
    - necessidade de compensar-nos na suficiência divina;
    - condição para calar diante de Seus atos; colocar a mão na boca e ficar em silêncio aguardando a resposta do Senhor.
Mais: Penso que esta consciência de fragilidade e temporalidade humana, habilita-nos a nos deixarmos absorver pela incompreensível eternidade de Deus movidos por profunda gratidão. Essa eternidade inclui o “mais tarde” ou “depois”, de que falou Jesus a Pedro: “O que faço, não compreendes agora; mais tarde, porém, entenderás” ( João 13:7).

Com carinho,
Pr. Cleber Alho

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

ADORAÇÃO OU SUPERSTIÇÃO


Um evento histórico e cuja fenomenologia impacta a fé, é o relato da condenação dos três companheiros de exílio de Daniel, profeta, em Babilônia, no tempo do domínio de Nabucodonozor, conforme descrito em Daniel 3.  Sugiro a leitura do capítulo inteiro, para que você possa inteirar-se dos detalhes desta reflexão.

O que mais me surpreende nesse texto é a contextualização oferecida pelo impasse e contraste entre a verdadeira adoração, vista na confissão dos três hebreus, e a superstição imposta pelo rei, na forma da adoração à imagem de 27 metros que mandou erguer em sua própria honra. O texto expõe para nós a acentuada diferença que reside em ser um adorador ou um supersticioso bajulador de divindade, de uma confissão com cores religiosas.

Confissão significa declarar o que pertence ao íntimo pessoal. Mas também significa homologar uma citação, algo declarado por outrem, e é neste contexto que nós, evangélicos, a entendemos e praticamos, porque confessamos uma fé baseada na Revelação que Deus deu a respeito de Si Mesmo, e como tal, confissão implica em adoração.

O conceito superstição tem dois sentidos que lhe são atribuídos e dos quais o depreendemos. O sentido profano, encontrado nos dicionários, vai atribuir ao vocábulo a designação de um fenômeno místico como crendice popular; e o sentido bíblico, pelo qual o apóstolo Paulo o apontou como sendo algo próximo à Verdade, mas não procedente dela nem com ela condizente, porém suficiente para caracterizar a religiosidade do homem ou o fenômeno religioso que consiste na resposta humana ao que é transcendental ou metapsíquico, mas baseada ou motivada pelo medo ou ignorância. Esse é o sentido que se pode atribuir ao vocábulo grego (deissidáimon) que o apóstolo empregou em Atenas, conforme registra Atos 17, quando discursava com os gregos no Areópago.

Em face destas conceituações, impõe-se que entendamos que a confissão não autoriza nem reconhece a superstição, uma vez que esta apenas é um arremedo da Verdade, ou uma forma anormal de religiosidade.

Logo, pela mesma via conceitual, podemos estabelecer parâmetros de práticas evangélicas que, embora validadas pelo vulgo porque populares, comuns, longe estão de atender ao caráter da confissão, por estarem exclusivamente comprometidas com o caráter da superstição.

Nosso texto histórico do confronto confissional dos três heróis hebreus, serve como pano de fundo e referencial diferenciador do que devemos ter como adoração e aquilo que denuncia a natureza da superstição.

O próprio texto nos mostra que a superstição não produz espontaneidade no adorador. Ele não adora por admiração, mas por causa do que o deus oferece ou por medo de ser punido caso não adore ou obedeça. Ela convence através de fórmulas, aparatos, fenômenos ou ameaças, como no caso da fanfarra promovida pelo rei. Contudo a resposta que obtém não é adoração, e sim bajulação.

A superstição impõe rituais para ser cumprida, observada, e então seduz pelo visual e ruído, porque está baseada na visibilidade, ao passo que a adoração ocorre em “Espírito e em verdade”. O propósito da superstição por meio desses recursos é impressionar e cativar pelos sentidos físicos espicaçados.

No texto em questão, a superstição estabeleceu um culto sob regras impostas; deu visibilidade ao objeto da adoração; adulterou a adoração para adulação. Nela, os adoradores apenas acediam irracionalmente ao que estava prescrito, como quem faz repetição sem conteúdo ou sem compromisso com o conteúdo de um credo ou reza decretado por terceiros. A superstição era motivada pela fanfarra que somada à ordem expressa produzia histeria de agrupamento.

A adoração, apresentada pelos três heróis da fé, trazia como seu objeto o Deus Invisível; seu culto era espontâneo e movido por paixão racional e sem barganhas, ou seja, o Deus adorado O seria, mesmo que não provesse livramento ou resposta, porque o adorador estava comprometido com o que Ele é, não com o que Ele pode fazer. Algo que nos lembra a experiência do apóstolo Paulo: “Eu sei em Quem tenho crido” (II Tm. 4:8).

A superstição abre mão da inteligência e sabedoria, do racional, da capacidade inquiridora do homem.  A adoração não. Paulo já definiu há muito o caráter do supersticioso deste século ao dizer: “O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (II Co.4:4). Isto não significa dizer que os supersticiosos sejam analfabetos, indoutos. Muito pelo contrário, a Bíblia os tem como “sábios deste mundo”. Porque não se trata de cultura, mas de sabedoria, e a sabedoria é de caráter espiritual e não cultural ou acadêmico. A cultura é temporal, mundana e nas coisas espirituais geralmente é “tapada”, seu entendimento fica de fora. A cultura dá ferramentas à sabedoria, mas não a cria nem sustenta.

Os efeitos da superstição duram um só momento e sobrevivem apenas durante o prazo da memória emotiva. São instáveis e carregados de fenomenalismo. A adoração não promete, porque ela está comprometida com a Pessoa do Adorado.

Ocorrem-me alguns desdobramentos de práticas cúlticas hoje que servem de base para discriminarmos a que categoria pertencem: superstição ou adoração.

Sempre que um adorador evangélico recorre a “recursos” técnicos para se fazer ouvir por Deus, como marchar nas praças públicas com verbalizações de conquista e poder ou alardeando verbetes de intimidação contra os poderes espirituais, estamos diante de um exercício próprio à superstição. Em Éfeso, nos dias do apóstolo Paulo em que entrou na cidade dominada pela superstição da deusa Diana, o alarde era feito pelos pagãos, não pelos cristãos (Atos 19:34).

Uma outra prática muito comum nos círculos evangélicos atuais é a determinação de dias seqüenciados de oração, contabilizados (geralmente em torno de números místicos como sete, nove ou vinte e um), muito próximo a um sincretismo com as novenas romanistas, imposto ao adorador sob pena de “perder” a bênção pretendida caso interrompa a seqüência. Esta superstição, porque imposta e desprovida de verdade, ainda é denunciada pela intencionalidade capciosa de atrair o adorador ao templo e comprometer sua espiritualidade por essa via.

Há ainda, dentre tantas outras formas de superstição evangélica, um corolário de precauções e preocupações com os poderes das trevas, que envolve desde o medo quanto ao que pronunciar, ver e ouvir, quanto ao adquirir figuras, obras de arte ou similares que resguardem um histórico obscuro, sobre o que estabelece-se o risco do adorador “descuidado” ficar sob influência de alguma maldição ou passível dela, tornando-se escravo psíquico dentro de uma liberdade para a qual Cristo nos chamou. Tento imaginar essa gente acompanhando Paulo em Atenas, enquanto ele percorria os templos e nichos do panteão grego.

A superstição pervarde a prática do jejum com excessos e nuances de sacrifícios típicos do Velho Testamento, ou mesmo comprometendo-a com ascetismo próprio ao cultuador medieval;  e ainda pervarde a contribuição financeira, que longe de ser sementeira espontânea e abundante, torna-se regida por ameaças de legalismo da fé, ou sofre sedução para barganha com Deus, com vistas a bom sucedimento temporal. Hoje, maioria das vezes, ofertar cumpre um compromisso obscuro e místico. Dá-se para receber e pelo medo de perder. Dá-se para um lugar e não para uma causa. Dá-se por imposição e ameaça, quase um saque forçado, mas não expressão de gratidão adoradora.

A adoração é o móvel de uma expressão livre, admirada, movida pelo amor a Deus, e amor de Deus. É racional, biblicamente consistente, e fruto da visão que a Palavra de Deus passa dEle, e não do imaginário do adorador. Ela produz emoção, algumas vezes, mas jamais depende ou emerge dela, ou nela sequer subsiste. Não negocia com propostas, nem se deixa seduzir por elas, do tipo promessas de culto.   Porque é feita em “Espírito e em verdade”, prescinde de lugar, forma e tempo ( João 4:20-23).

A adoração crê e espera sem nada ver, sem buscar sinais ou sinalizações que lhe dêem suporte para crer, porque a fé vê o invisível (Hebreus 11:27) e espera o que ninguém vê (Hebreus 11:1). Ela sabe que “esperamos o que não vemos” e por isso com paciência o esperamos, ou seja, abre mão da temporalidade, porque espera num Deus que é Eterno. Isto lança longe a superstição porque esta depende totalmente dos sentidos físicos, para subsistir.

A adoração não bajula, não adula. Ela busca a Deus como o seu objeto, para além do fato do que Ele pode fazer; busca-O não porque Ele faz, e O adora ainda que Ele nada faça, tal como disse Jó e o provaram aqueles três jovens na fornalha ardente.

Ainda chamo a sua atenção para o fato de que, no tocante ao que mais nos pode ensinar a atitude adoradora daqueles três homens, bem do âmbito do caráter e promessa do Deus adorado, Ele Se manifestou em meio à aflição deles, e ali ficou com eles, de maneira tal que o ímpio o viu e se surpreendeu. Algo que nos recorda a experiência de Moisés na sarça ardente do Sinai, quando via um fogo que ardia mas não consumia a sarça, como se aí estivesse a gênesis da promessa que estaria dizendo: “Estarei com ele na angústia”  ou como se ainda dissesse: “O que ocorre com você tem tudo para lhe destruir mas não destrói, porque Eu estou no meio do que lhe acontece”. O Deus adorado participa da vida do seu adorador, envolve-Se no seu contexto, cumprindo a Palavra em Jó que diz: “Ao aflito Ele livra por meio da sua aflição”.
Acresça-se o fato que, dada a presença de Deus, o fogo que veio para destruir, libertou, porque queimou as cordas que prendiam os três rapazes. Ao saírem do fogo, saem somente os três, como se o quarto homem, o Senhor, por entender da aflição, não necessitasse sair dela.

Às vezes penso que, bem da essência de verdadeiros adoradores, aqueles três moços não teriam saído da fornalha se o rei não os tivesse chamado para fora, porque ali dentro, eles estavam na presença do Senhor, em Sua companhia.  Os supersticiosos buscam apenas livramento da aflição, pois só entendem de pedir. Mas os adoradores aprendem, como já disse o poeta, que onde Cristo está, ali é céu, ainda que seja uma fornalha sete vezes mais aquecida.

Deus lhe conceda um ano de renovado espírito de adorador cristão.

Pr. Cleber Alho

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O BRILHO DA PRIMEIRA NOITE

ELES CANTARAM, ENTRE LUZES, NUM PALCO CUJO PAINEL FORA DESENHADO PELAS PRÓPRIAS MÃOS DE DEUS:
GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS, E PAZ NA TERRA AOS HOMENS AOS QUAIS ELE CONCEDE O SEU FAVOR!
LUCAS REGISTROU A LETRA DESTA CANTATA NO SEU EVANGELHO.
E MEDITOU NELA:
SE A LUZ RESPLANDECIA NAS TREVAS COM TAMANHO FULGOR, POR QUE HOUVE GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS?
À PLATÉIA, FORMADA PELOS PASTORES SURPREENDIDOS POR TÃO INAUDITO CORAL, ACOMETEU O ASSOMBRO, E A MENSAGEM LHES PARECEU DIZER O MESMO QUE A NÓS: ALGO DE BOM SE ANUNCIA! BOM DEMAIS! HAVERÁ PAZ NA TERRA, ENTRE A TERRA E O CÉU. DEUS CONCEDE GRAÇA AOS HOMENS.
DE IMEDIATO ISSO FOI ESCLARECIDO:
HOJE NASCEU O FILHO DE DEUS, O SALVADOR DE VOCÊS!

AH! ENTÃO É TUDO POR ISSO! É TUDO ISSO! AGORA ENTENDEMOS O PORQUE DISSO TUDO!!!

MAS POR QUE GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS?

ENTÃO CONTA-SE ESTA HISTÓRIA:
         Os anjos vinham de a muito ouvindo falar que aquele lugar obscuro e  longínquo num universo que fora criado com tanto brilho; aquele lugar que insistia em ficar sem luz, tão pequeno e desapercebido no cosmos, veria uma luz que jamais se apagaria, que suas trevas não conseguiriam engolir, como faziam com as demais luzes que além do sol por ali tentava resplandecer com pequeno sucesso, sempre recebendo daquela pequena esfera as costas, uma vez por dia.  A luz iria e brilharia para sempre, lá. A luz assumiu a missão de descer às trevas, e fazer-Se gente, para brilhar entre seres entenebrecidos. 
         Isso estava sendo arquitetado, falado, estudado, decidido, num tempo da eternidade. Os anjos acompanhavam à distância o rolar da história daquele pequeno mundo tenebroso, sem que houvesse luz, depois do primeiro haja luz! O planetinha obscuro, escurecera a primeira luz.  E jazia em sombras, outra vez.
           A luz veio. A voz divina disse: Desçam lá e cantem que a luz nasceu!
         E eles vieram. Mas suas vozes eram ensurdecidas, à medida em que cantavam na terra, pelo explendor das vozes celestiais que prorrompiam em glórias ao Soberano Deus que Se deixou nascer naquelas sombras, como sua eterna Estrela da Manhã.
         Os homens pouco podiam entender, em meio  ao novo resplandecer, que o som que ouviam nas campinas, mal podia ecoar os brados de júbilo no distante céu. O céu estava em festa, e o que se dizia entre os anjos que por ali cantavam era: Por causa da luz, eles virão um dia para sermos todos uma só família, um único povo para o nosso Deus. Agora haverá eterna paz entre nós e eles, entre céus e terra.
O júbilo no céu, que de fato entendia o que ocorria na terra, era glória a Deus nas alturas, porque a festa era maior lá do que aqui. O que por aqui acontecia, era a explosão do coração de um Deus amante, ali. Quantas vezes ouviram eles o Eterno falar dos milhares de Josés, Marias, Antonios, Charles, Elizabetes, Ibrahims, Zeferinos e etc, que Ele queria vivendo por ali, para sempre! Agora, com o nascimento da Luz, isso se tornaria possível. Aqueles milhões de milhões sempre citados, sempre lembrados no decorrer da eternidade, seriam realidade no céu, por causa da descida da Luz entre eles. A luz seria sua porta de acesso eterno. Por isso havia tanto júbilo. Os anjos diziam entre si: vamos conviver lado a lado com aqueles heróis decaídos. Vamos nos encantar com seus encantos enquanto O vêem!!! E fizeram grande festa, tremendo estardalhaço, uma vibrante glória a Deus nas alturas, naquela memorável noite da terra.
Já decorreram mais de dois mil anos. Os homens até cantam por aqui, em memória de tão solene dia, em que a luz nasceu no meio das nossas trevas. Mas ainda pouco entendem, que o júbilo maior está lá, e é contínuo, não cessa, num ensaio constante até o dia em que haverá um só coral cantando, para além das nuvens, formado por anjos e homens que amaram a maravilhosa luz de Deus, Cristo Jesus, o Senhor.
         Foi assim no primeiro natal. Foi dada glória a Deus nas alturas.
         Seja assim no seu contínuo natal: que você dê glória a Deus vivendo nas alturas da fé que está em Cristo Jesus.

                            Feliz Natal!

                   De coração,   Pr. Cleber Alho e família

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O CARÁTER DO JEJUM

 Frequentemente sou abordado por irmãos que me perguntam o que penso do jejum. Se jejuo, como jejuo ou mesmo se o jejum é bíblico. O questionamento é tão repetitivo que resolvi reflexionar a respeito, numa tentativa de resposta.
Antes de qualquer questão, convém afirmar que, a despeito do que pensam alguns evangélicos da atualidade, o jejum é bíblico, sim, e tão pertinente à experiência da Igreja hoje quanto o foi outrora. Basta examinar textos como estes:
Mateus 4: 1 e 2Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.
Mateus 6: 16 e 17 - Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Ao jejuar, arrume o cabelo e lave o rosto...
Atos 13: 2 e 3Enquanto adoravam o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram.
II Coríntios 11: 27 - ...muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum...
Estes, associados a outros, mostram que o jejum tanto foi praticado e sancionado pelo Senhor Jesus, quanto observado pela Igreja em diversas instâncias.
Existe, e isto é um ponto relevante, uma diferença considerável entre o jejum que os judeus da Velha Aliança observavam, e o jejum da Igreja, no Novo Testamento. Lá, o jejum tinha um caráter ritualístico, impositivo e sacrificial. Maioria das vezes era expressão de desolação, tristeza de alma, coração compungido. Aqui, ele tem caráter exclusivo de reforço à oração e atende somente a isto. Não observa mais qualquer apelativo sacrificial ou ritualístico. Funciona como reforço ao clamor ou uma separação objetiva do adorador para o seu Deus.
É então que respondemos a outras questões: jejuar não é passar fome e sede. O texto de II Coríntios 11 acima referido indica bem essa distinção. Quando muito, o jejum atende a um propósito de separar-se em oração, com objetividade e até atitude adoradora, mas não a um sacrifício como flagelo físico para autopunição. Isso é medieval e supersticioso. É profano e iníquo. O jejum bíblico é clamor, é oferta, é busca de Deus. Implica numa separação objetiva em oração, logo, não atende a um “deixar de comer” oferecido a Deus, enquanto se cuida de interesses temporais e privativos. Jejuar não é fazer dieta forçada sob desculpa espiritualizada, que além de ser uma atitude risória, beira à hipocrisia.
            Houve um tempo em que ouvíamos ( e líamos )  absurdos como jejum de coca-cola, de cafezinho, de televisão, etc ( se valesse, eu sugeriria a alguns crentes “liberais” o jejum da cerveja, do cigarro, das baladas, coisas que os crentes “modernos” se permitem a rodo hoje).
Mas jejum é oração. É assunto sério. Jesus o apontou como reforço para momentos críticos: “Mas esta espécie só sai pela oração e pelo jejum” – Mateus 17:21. A Igreja se mobilizou em jejum diante de decisões significativas e de alto comprometimento, como já vimos no texto de Atos 13: 2 e 3, e aqui vemos o outro aspecto do jejum, de que já falamos: Ele é instrumento de adoração.
Quanto à questão de caráter mais pessoal, minha experiência com o jejum, que pontuo por conta do que o discipulado requer, é que só jejuo em três instâncias: para adorar; para buscar reforço diante de algum trabalho desafiador na obra de Deus, ou diante do que conceituo como “causas impossíveis”. E neste particular não incluo as questões de enfermidade, que para mim não são causas impossíveis. Causas impossíveis para mim, são as que estão além da minha possibilidade de crer e esperar.
Jejum é bênção; é assunto sério.
A Bíblia aponta com freqüência o jejum duplo: comida e bebida, mas via de regra ele atende apenas ao alimentar-se, excluindo o beber. Temos os relatos dos jejuns de 40 dias, observados por Jesus e por Elias. Longos jejuns como o da cidade de Nínive, que foi um jejum conclamado e de autopenitência. Mas a lógica nos leva a entender que o jejum, para não ser e por não ser um sacrifício, deve ter o tamanho da necessidade da oração e do propósito livre e adorador do crente.
Também é fato que, tristemente, tal qual a oração, o jejum é prática em quase total desuso na experiência cristã hodierna.
A história da Igreja Cristã está eivada de relatos das bênçãos advindas da oração entremeada com o jejum.
Se o cristão sincero ocupar-se em entender o jejum como elemento coadjuvante na prática da oração, já terá crescido muito na sua visão das coisas de Deus. Jejum é coisa santa. É separação específica, consciente e volitiva para Deus.
DEZEMBRO 2011