terça-feira, 27 de agosto de 2013

CRISTO E O GÊNIO

...a realidade, porém, encontra-se em Cristo. Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Colossenses 2: 17 e 18.

Creio que a maioria de nós está familiarizada com a fábula do gênio da lâmpada de Aladim. Contada e recontada por decênios, a historieta ganhou acréscimos e cores novas que a enriqueceram em versões variadas. No geral, temos que o jovem Aladim acha incidentalmente uma lâmpada velha que ao ser limpa por esfregação, liberta um espírito poderoso nela aprisionado por 10000 anos, que se coloca incontinenti como servo do seu libertador, a quem passa a tratar por amo e tem por dever atender seus desejos. Algumas variações da história colocam três desejos, um desejo ou todos e quaisquer desejos. O gênio é dotado de poder infinito e nada existe que ele não possa realizar. E a história corre por aí, despertando os mais abissais sonhos e fantasias na mente dos seus ouvintes e leitores. É quase impossível entrar em contato com a fábula de Aladim e o gênio e não ficar com um sentimento encoberto de inveja e desejo. Imagine: um gênio de poder ilimitado escravo do nosso desejo sem restrição alguma quanto a realizá-lo? O que não desejar? O que não pretender? E como ordenar as façanhas em cumprimento dos caprichos pessoais? No fundo, a história de Aladim é produto do imaginário que deriva do desejo do ser humano por exercer um domínio irrestrito na busca da satisfação de suas vontades.

Ocorre-me que hoje se pratica em muitas igrejas evangélicas um serviço de discipulado que produz aladins de Cristo que O confundem com o gênio da lâmpada. No entanto, há uma distância eternamente intransponível entre Um e outro. A forma de busca dos que se aproximam via uma pretensa fé, determina quem ou o que está no alvo da busca, e também o perfil do buscador.
Basta fazermos um paralelo pelo paradoxo entre Cristo e o gênio:

O gênio dos aladins é um espírito escravo a serviço do seu libertador; nessa condição ele está comprometido com o servir e atender a todo e qualquer desejo do seu amo e senhor;
Ele existe há 10 000 anos;
Ele atende a solicitação ao simples toque talismânico do usuário na lâmpada, ou seja, a manipulação de um artefato mágico;
Ele volta à lâmpada sempre que termina de realizar sua função, o que significa que está sempre na condição de escravo, à disposição do seu libertador, quem quer que ele seja; vale qualquer aladin, desde que saiba manipular a lâmpada;
E nessa condição, ele está à disposição e serviço da vontade de quem o manipula;
Convém lembrar que ele é fruto de uma fábula.

Cristo, porém, em quem se encontra a realidade, como diz Paulo, apresenta contraste marcante.
Primeiro: Ele não Se deixa manipular, e quem entra em contato com Ele, não pode ser um aladin, mas um legítimo filho de Deus, pela fé em Seu Nome;
Ele é eterno. Não há eternidade em 10000 anos;
Veio para ser Senhor e libertar o escravo que O busca;
Não tem compromisso algum com o desejo humano e não está programado para cumprir a vontade do seu buscador;
Não reage a manipulações verbais como ordens, determinações ou exigências;
Seu compromisso é com Sua vontade e propósito eternos, nunca com a vontade de quem O busca;
Não torna mais à cruz, onde cumpriu o plano único e eterno do Seu Pai Celestial no resgate dos pecadores;
Não se curva aos homens, mas é por eles adorado.

Penso que há muita gente confundindo Cristo com o gênio, buscando nEle a magia que atenda seus caprichos, desejos, com nome de necessidades. São aqueles que estão ouvindo um outro evangelho que os ensina a manipular através de toques talismânicos de técnicas vertidas em oração, práticas cúlticas questionáveis e uso travesso da Bíblia, o deus de quem pretendem ser senhores, curvado às suas vontades. Vontades, desejos, são as ferramentas de que se servem para se aproximar da divindade que lhes é pregada. Vidas prisioneiras de suas ambições pessoais e temporais. Não sabem que esse deus não é Cristo, nem são cristãos, os que usam dessas formas de aproximação, porque o Espírito de Cristo não Se presta a ser gênio cativo dos aladins modernos, cativos de suas quimeras.
Quem confunde Cristo com um gênio e sua magia, adora ao que não conhece (João 4: 22).

                        Pastor Cleber Alho


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