...a realidade, porém, encontra-se em
Cristo. Não
permitam que ninguém
que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar
o prêmio. – Colossenses 2: 17 e 18.
Creio que a maioria de nós está familiarizada com a fábula do gênio da lâmpada de Aladim. Contada e recontada
por decênios, a historieta
ganhou acréscimos e cores novas
que a enriqueceram em versões
variadas. No geral, temos que o jovem Aladim acha incidentalmente uma lâmpada velha que ao ser limpa por
esfregação, liberta um espírito poderoso nela aprisionado por
10000 anos, que se coloca incontinenti como servo do seu libertador, a quem
passa a tratar por “amo” e tem por dever atender seus desejos.
Algumas variações da história colocam três desejos, um desejo ou todos e
quaisquer desejos. O gênio é dotado de poder infinito e nada existe
que ele não possa realizar. E
a história corre por aí, despertando os mais abissais sonhos e
fantasias na mente dos seus ouvintes e leitores. É quase impossível entrar em contato com a fábula de Aladim e o gênio e não ficar com um sentimento encoberto de
inveja e desejo. Imagine: um gênio
de poder ilimitado escravo do nosso desejo sem restrição alguma quanto a realizá-lo? O que não desejar? O que não pretender? E como ordenar as façanhas em cumprimento dos caprichos
pessoais? No fundo, a história
de Aladim é produto do imaginário que deriva do desejo do ser humano
por exercer um domínio irrestrito na
busca da satisfação de suas vontades.
Ocorre-me que hoje se pratica em muitas
igrejas evangélicas um serviço de discipulado que produz “aladins” de Cristo que O confundem com o gênio da lâmpada. No entanto, há uma distância eternamente intransponível entre Um e outro. A forma de busca
dos que se aproximam via uma pretensa fé, determina quem ou o que está no alvo da busca, e também o perfil do buscador.
Basta fazermos um paralelo pelo
paradoxo entre Cristo e o gênio:
O gênio dos “aladins” é um espírito escravo a serviço do seu libertador; nessa condição ele está comprometido com o servir e atender a
todo e qualquer desejo do seu amo e senhor;
Ele existe há 10 000 anos;
Ele atende a solicitação ao simples toque talismânico do usuário na lâmpada, ou seja, a manipulação de um artefato “mágico”;
Ele volta à lâmpada sempre que termina de realizar
sua função, o que significa
que está sempre na condição de escravo, à disposição do seu libertador, quem quer que ele
seja; vale qualquer “aladin”, desde que saiba manipular a lâmpada;
E nessa condição, ele está à disposição e serviço da vontade de quem o manipula;
Convém lembrar que ele é fruto de uma fábula.
Cristo, porém, em quem se encontra a realidade, como diz Paulo, apresenta contraste
marcante.
Primeiro: Ele não Se deixa manipular, e quem entra em
contato com Ele, não pode ser um “aladin”, mas um legítimo filho de Deus, pela fé em Seu Nome;
Ele é eterno. Não há eternidade em 10000 anos;
Veio para ser Senhor e libertar o
escravo que O busca;
Não tem compromisso algum com o desejo
humano e não está “programado” para cumprir a vontade do seu
buscador;
Não reage a manipulações “verbais” como ordens, “determinações” ou exigências;
Seu compromisso é com Sua vontade e propósito eternos, nunca com a vontade de
quem O busca;
Não torna mais à cruz, onde cumpriu o plano único e eterno do Seu Pai Celestial no
resgate dos pecadores;
Não se curva aos homens, mas é por eles adorado.
Penso que há muita gente confundindo Cristo com o gênio, buscando nEle a magia que atenda
seus caprichos, desejos, com nome de necessidades. São aqueles que estão ouvindo um outro evangelho que os
ensina a manipular através de “toques” talismânicos de técnicas vertidas em oração, práticas cúlticas questionáveis e uso “travesso” da Bíblia, o deus de quem pretendem ser
senhores, curvado às suas vontades.
Vontades, desejos, são as ferramentas de
que se servem para se aproximar da divindade que lhes é pregada. Vidas prisioneiras de suas
ambições pessoais e
temporais. Não sabem que esse
deus não é Cristo, nem são cristãos, os que usam dessas formas de
aproximação, porque o Espírito de Cristo não Se presta a ser gênio cativo dos aladins modernos,
cativos de suas quimeras.
Quem confunde Cristo com um gênio e sua magia, “adora ao que não conhece” (João 4: 22).
Pastor
Cleber Alho
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