terça-feira, 27 de agosto de 2013

DA ÁGUA PARA O VINHO

Nosso texto, como é de esperar, encontra-se em João 2: 1-11. Não vamos reproduzi-lo em função do espaço, mas todos sabem que se trata do milagre nas bodas em Caná da Galiléia.

Há algumas particularidades interessantes na leitura imediata do texto: Jesus desce incógnito para uma festa de casamento, possivelmente de parentes. Havia ali o risco de um vexame. Por que?  O vinho, como hoje o bolo, não podia faltar numa festa de casamento, que às vezes durava até sete dias. Nosso ponto central se encontra no v.11: Jesus já tinha discípulos, na qualidade de Mestre, mas não havia ainda realizado nenhum sinal de Seu messianato. João registra este milagre como sendo o primeiro sinal, e um sinal. Então, sobre este fato histórico, milagroso, traçaremos uma parábola.

Nesse sinal, o Filho de Deus revelou Sua glória, ou seja, Sua essência. O v.9 diz que a qualidade do sinal, sua natureza, foi transformação, ou seja, mudança de natureza. Então, temos aqui um sinal-promessa; sinal-aviso, como a dizer: vim transformar! O último sinal também foi transformação: a ressurreição de Lázaro.

E foi assim ao longo de todo o Seu ministério: um Simão, torna-se Pedro; um Saulo, torna-se Paulo; os filhos de Zebedeu, tornam-se filhos do trovão. A prostituta Madalena, mensageira da Ressurreição; a adúltera samaritana, uma evangelista do primeiro avivamento da história cristã.

Ele chega na casa e transforma: o vexame em honra;  a água em vinho. Mostrou a que veio: transformar. Não remodelar ou melhorar apenas.

Então nossa parábola:
Pensemos na água.
-É simples; é imprescindível; é essencial. Ninguém passa sem ela. Mas também é: comum; inodora; incolor, sem sabor. Às vezes só valorizada quando falta. Não marca presença. Marca ausência. Pode ser poluída e então tornar-se danosa, e em lugar de sustentar a vida, pode favorecer a morte.

Pensemos no vinho.
Não é água, é vinho. Outra natureza. Não é simples nem comum. Pode ser raro. O da festa recebeu uma classificação: melhor, superior. Tem cor, tem aroma, tem sabor. Marca presença, faz diferença. Alimenta; é terapêutico (ajuda a combater os radicais livres). Quanto mais velho, melhor. Se azeda, vira tempero.  Sinonimiza alegria, e então é inevitável pensar em seu teor etílico.

Pensemos na transformação.
Se esse milagre era sinal, e como tal significa transformação, onde a parábola?

Vidas humanas; lares humanos. Da água para o vinho.

Porque Jesus mexeu na festa, o vexame não aconteceu; a alegria melhorou e se prolongou, em lugar de acabar.

A parábola consiste nisto: Jesus transforma vidas, da mesmice da água, do comum, em coisa rara, preciosa e melhor como o vinho.

Outros exemplos clássicos: Zaqueu e Mateus, odiados publicanos exploradores do povo,  transformados em vidas dadivosas, benéficas, eficazes.
A vida torna-se capaz de prover alegria, cura, festa.

Ele faz do incógnito e comum, o honroso que se manifesta, como aconteceu com Natanael.

Esta é a proposta do Seu messianato. A isso Ele veio!

A pessoa humana tocada por Ele, sai do comum e geral para o raro, que marca presença; faz diferença; opera mudanças. É a vida virando elemento de transformação de vidas. Vidas transformadas, como os saudosos amigos de Paulo, citados na lista de Romanos 16: 1-15. A vida passa a ter cor, aroma, sabor. Faz diferença!

Metaforicamente, a água é a natureza humana, terrena. O vinho, a natureza de Cristo, celestial. O homem sem Cristo é como a água. Importante, mas às vezes só valorizado quando falta. E pode poluir-se, passando então a fazer mal.

E devemos destacar ainda um ponto muito importante: Cristo na casa, que pode significar tanto situação quanto família. O que depreendemos do texto é que quando Ele tem o comando na casa, Ele opera transformações.

E então cabe questionar: o que fazer que favoreça o toque dEle para que ocorra mudança? No texto, é Maria quem ensina, conforme diz o v.5- Façam tudo conforme Ele disser. E isto se traduz em obediência, um dos primeiros sinais da fé. E o obedecer está vinculado ao ouvir Sua Palavra, Sua voz. Atentar e atender a ela.



Pastor Cleber Alho

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