quinta-feira, 11 de junho de 2015

ARDE A SARÇA NO AREAL


Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus. Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo. 'Que impressionante!' pensou. 'Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto.'  O Senhor viu que ele se aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou: 'Moisés, Moisés!' 'Eis-me aqui', respondeu ele. Então disse Deus: 'Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar  em que você está é terra santa'. Disse ainda: 'Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó'. Então Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus. Disse o Senhor: '...Vá, pois, agora; eu o envio ao faraó para tirar do Egito o meu povo, os israelitas".
Êxodo 3:1-10.


Significativa a visão!
Era uma sarça a arder. Um arbusto do deserto, quase pouco mais que  uma moita de espinhos, que incendiado, não se consumiu. Mas era também um anjo, ou pelo menos sua voz. E o arbusto se tornou o trono do anjo.

O que essa experiência demarcou para Moisés?
                                      - Seu encontro pessoal com Deus;
              -  Sua investidura para o serviço ativo no Reino de Deus;     
 -  Sua entrada numa vida de experiências profundas, novas e raras com         Deus.

Após quarenta anos de vivência rotineira (enfadonha?) no deserto, nascia uma nova e dinâmica realidade espiritual para ele, por conta desse Encontro junto à sarça.

Quantas vezes ansiamos nós por encontrar uma experiência inusitada que mude o rumo rotineiro de nossa vida espiritual? Mesmo como a sarça de Moises! Mas, que tipo de sarça seria? Teria de ser algo bem  próximo àquela sarça de Moises, que antes não passava de um arbusto nada promitente. Porque na vida evangélica em que estamos inseridos, não faltam aqueles que vivem dizendo ter visto sarça ardente. São os amigos da fantasia, viciados nos fenômenos exagerados e mirabolantes que transformam cultos em estardalhaços, às vezes beirando a espetáculo circense. Tais "fogos" provam-se depressa cinzas de fogo morto, depois.

Quem experimenta um Encontro como o de Moisés na sarça, não vibra um momento, para apagar-se ao final do culto. A sarça da Presençé uma experiência que marca para a vida inteira.

Pode ter ambiência e proporções diferenciadas para cada um, mas será como aquele encontro na sarça quando manifestar os mesmos estímulos provocados em Moisés: a visão que atrai e admira, ofuscando tudo mais; a voz que fala e fala bem pessoal e intimamente, convincentemente porque prova-se particularizada; a mensagem que estabelece os limites entre Quem fala e quem ouve; a atração, o desejo irresistível de proximidade; e a resposta rendida, de alma cativada ao sonho de Quem convida.

O que poderia propiciar esse encontro e sua visão decorrente?
Nosso texto mostra que Moisés, " veio ao monte de Deus..." (V.1) Era o Horebe. O que ele representa para nós, crentes em Jesus, hoje? Bem, sem dúvida, um lugar de encontro com a vontade de Deus. 
Horebe figurou também mais tarde como lugar de particular revelação de Deus ao profeta Elias, que pensou achá-Lo no turbilhão de um vendaval, incêndio ou terremoto, para descobrir que Sua voz falava numa brisa leve, despretenciosa. Penso em cultos dominicais, informais, não promitentes, desprovidos de sons pomposos, onde a mensagem soa como uma brisa ligeira, cujo efeito se agiganta até a eternidade.
Hoje, o monte de nosso encontro com Deus nãé o Horebe. É o Calvário, e tanto quanto Moisés teve de ir ao Horebe após quarenta anos de deserto, e Elias teve de retornar ao Horebe depois do deserto de seu ministério e fé, nós devemos voltar ao Calvário quantas vezes for necessário renovar nossa visão do que se passa ali.

Mas o fato  de que no Horebe (nosso Calvário) Moisés teve de descalçar-se para se aproximar, indo da vontade impulsiva ou empolgada à consciência de posições indevidas, nos ensina que também precisamos nos dar conta da necessidade de despir-nos diante de Deus, despojar-nos, como quem tira o calçado e assim se vulnerabiliza. 
E aqui, significações do descalçar-se são inevitáveis:     
Descer de si mesmo;
Descer diante de si mesmo;
Descer diante de Deus;
Assumir lugar de servo (só os senhores viviam calçados naquela cultura em sua época);
Desprender-se, porque o calçado fala de autopreservação.

O Deus do Encontro sempre insistirá nessa entrega de confiança absoluta: " Sai da tua parentela e da casa de teu pai..."; "aquieta-te, e sabe que eu sou Deus"; " Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle..." E por aí vai.

Depois é ir além do assistir o espetáculo. É ouvir a voz e atentar ao seu conteúdo. Moisés ouviu a Voz e descobriu que o propósito do Encontro era comprometê-lo e comissioná-lo com a necessidade do coração divino. De igual forma, experiências paralelas nos mostram que outros homens de Deus tiveram um encontro que resultou em comprometimento: Isaías viu a glória, ouviu a Voz e se rendeu ao apelo divino; Elias depois de ouvir a Voz que lhe falou na brisa, reassumiu seu compromisso com a vontade divina, e outro tanto Saulo de Tarso.

Por fim, ocorre-me que também foi muito importante Moisés estar no deserto. O deserto aponta para um desamparo pessoal, um abandono ou um retiro de exclusividade completa para um encontro do qual Deus não fica ausente. Esta é, outro tanto, a história de Jacó no vau do Jaboque.

Se estamos a sós nos desertos circunstanciais, é bastante transformá-los nas oportunidades para estar com Aquele que nos assiste em segredo, conforme ensinou o Senhor Jesus.

Pr. Cleber Alho.


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