quinta-feira, 9 de julho de 2015

ESCOLHA O SEU SONHO

Em 1964 a escritora-poetisa Cecília Meireles lançou seu livro de crônicas cujo título era homônimo de um dos seus textos, onde ela redefinia o mundo segundo sua fértil e lírica imaginação. Ao dar ao livro o sugestivo título, " Escolha o Seu Sonho", a autora apelou para o que há de mais profundo e constante no âmago do ser humano, crente ou não: a possibilidade ou o desejo de poder escolher o seu próprio sonho. A existência humana, tanto na história coletiva quanto na pessoal, tem provado que esse tipo de poder é utopia no sentido de  possibilidade de construir a própria história como a plena realização de um sonho perfeito. A despeito de comprovada utopia, o ser humano não se cansa nem desiste de tentar e investir, reforçado também por argumentos psicológicos estimulantes que pretendem provar que sonhar é compromisso certo de realização, típico do slogan: " querer é poder". Mas isso não passa de magia pretensiosa.

E dentro desse filão correm os desejos vertidos em sonhos, ditando o místico, pontuando orações, sortilégios e coisas afins. Na ciranda financeira valem as apostas grandes e pequenas em busca do pote de ouro das loterias, no sonho febril do enriquecimento fácil, mormente em tempos de crise financeira pressagiando de novo falência para a economia do país como agora.

É fato que sonhar é uma forma de manifestar o desejo, e conforme preconiza a psicanálise, até o desejo inconsciente quando fala do sonho próprio do adormecer. Mas grande parte do desejo consciente dita sonhos elaborados no terreno da percepção fantasiosa.

Todavia, célere corre a Palavra de Deus para nos advertir que há de fato uma forma de sonhar e realizar, não mágica, mas cunhada pela lei da sementeira quando diz: " O que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6:7). Esta inquebrantável lei, antes de ser transcendental é existencial. E estabelece que há vias para nossas escolhas de sonhos e formas de sonhar. Daí o magno conselho do profeta Oséias (10:12): " Semeiem a retidão para si, colham o fruto da lealdade, e façam sulcos no seu solo não arado..." O mesmo profeta adverte que a má semente também produz frutos maus: " Mas vocês plantaram a impiedade, colheram o mal e comeram o fruto do engano..." (10:13). Outro tanto o apóstolo Paulo exorta: " Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gálatas 6:8). E a vida prova que assim acontece em todas as dimensões da existência do ser humano.

No mesmo tema insiste o apóstolo aos gentios em mostrar que o semear envolve até mesmo práticas materiais e possibilita o realizar colheitas na proporção correspondente: " Lembrem-se: aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente... Aquele que supre a semente ao que semeia e o pão ao que come, também lhes suprirá e multiplicará a semente e fará crescer os frutos da sua justiça" (II Coríntios 10: 6 e 10). Infelizmente por aqui entram os apóstolos da torpe ganância para induzir incautos a semear dinheiro em suas contas bancárias, instigados por cobiças devoradoras nuns e noutros. Porém o erro de alguns não anula a verdade piedosa quando atrela esta liturgia da fé à Promessa afeita à fidelidade de Deus. Tanto que Jesus afirmou quanto à prática do dar e receber: "Dêem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês" (Lucas 6:38).

Esta lei espiritual do semear, que Paulo introduziu com a advertência: "De Deus não se zomba", estabelece, em outras palavras, a efetividade de um sonhar santo, sadio e possível. À luz do que lemos nos textos acima, fica entendido a meu ver, que a escolha do nosso sonho é possível a partir da escolha da semente da qual pretendemos fazê-lo nascer, crescer e frutificar.


Escolha o seu sonho a partir da semente, e então, "lança-o sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo" ( Eclesiastes 11:1).

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