quinta-feira, 23 de julho de 2015

JESUS CHOROU


João 11:35.

De que solene reverência se revestiu momento tão sublime quanto este!
O pranto divino. O momento em que o Filho Unigênito de Deus Se identificava em toda a expansão da dor humana com a mais forte expressão de afeto de suas criaturas: o pranto.
Penso no céu parando para contemplar aquela cena. Penso na expectativa, na surpresa, na admiração das hostes celestes, ao contemplarem lágrimas a deslizarem suaves pelas faces santas do Divino Mestre.
O Homem-Deus, o Deus-Homem chora, como o faz qualquer de Suas criaturas.
Há choro na terra algures. Em algum lugar ainda chora o crente e chora o incréu. Chora o bom e chora o mau. Chora o homem e ainda chora Deus.
Jesus chorou a morte temporária de um amigo que não podia ser retido por ela.
Hoje choramos a morte de tantos valores do único ser capaz de qualidades morais, espirituais, identificadas com a natureza do seu Deus e Criador.
Penso em Jesus chorando hoje sobre o mundo que vive os dias como os dias de Noé”, onde grassa a injustiça, a devassidão moral, a desvalorização da honra e campeia o amor ao dinheiro, ao poder, à corrupção, ao mentir e toda sorte de miséria que a baixeza do homem decaído pode criar e operar. Chora a moral que se nivela por baixo, numa triste acomodação do imoral e vil, travestidos de normais via consentimento repetitivo de desvalores que acabam ganhando força de lei para ditar normas.  Jesus chora um mundo onde em linguagem de Oséias 4:2, o que  só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar, e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios. Mensagem que parece extraída das manchetes diárias de nossos jornais. São os dias acerca dos quais o apóstolo Paulo disse: Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder” (II Timóteo 3: 2-5). Um cenário onde a marcha das misérias do caráter faz um desfile diário fora e dentro das portas domésticas. Como não chorar este cenário? Penso que os que choram, por si e por seus filhos e netos, contam entre aqueles que na visão de Ezequiel eram marcados por Deus por chorarem por Jerusalém, lamentando suas tragédias.
Penso em Jesus chorando hoje sobre a Sua Igreja, tão confundida com o mundo, mesclada a ele no sentido negativo da proposta, como numa argamassa, simbiose de identidade, entremeada de esquemas deste século e tão mecanizada com técnicas religiosas” que a desvestem de genuinidade e de seu caráter de Corpo de Cristo, capaz de unida à Cabeça, chorar como Ele o fez. A Igreja marcha desprovida de santas emoções, mais encharcada de emoções festivas, maioria das vezes celebrando uma vida que não tem honra em si mesma.
O pranto de Deus na face de Cristo sugere-me que há para a Igreja hoje um convite, uma proposta divina a ficar aqui e vigiar um pouco, chorando também o pranto intercessor e de sensível protesto sobre o infortúnio de tantos desgraçados, desamparados, infelizes, vítimas do pecado, da injustiça de governantes e leis hipócritas, do engano e da corrupção.
Há uma proposta à Igreja para que chore, sentindo a mesma coisao mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus
Particularizando, diríamos a esta representação do Corpo de Cristo de todas as épocas na qual estamos inseridos, que chore. Que chore quebrantada, enquanto a face impassível de um mundo que já se acostumou à miséria e à devassidão da imoralidade e da injustiça não mais estremece ante horrores inomináveis, jactando-se do pecado e da imundície e permanece seca. Que chore sensível ao toque de Deus! Juntamo-nos ao apelo de Joel para dizer: Reúnam o povo, consagrem a assembléia; ajuntem os anciãos, reúnam as crianças, mesmo as que mamam no peito. Até os recém-casados devem deixar os seus aposentos. Que os sacerdotes, que ministram perante o Senhor, chorem entre o pórtico do templo e o altar, orando...(Joel 2: 16 e 17). Chorem os crentes brasileiros o deboche feito a eles por seus governantes e suas corrupções descaradas. Chorem homens e mulheres de Deus a igreja brasileira que copia  e importa lixo religioso para dentro de suas naves, e consente com uma profecia " evangélica" pregoeira de anestesia espiritual e emocional diante de falência de honras. Chorem a vergonha de uma liturgia tão ufanista de conquistas temporais, mas descaradamente desprovida de caráter espiritual. Que chore em busca do retorno de paixão por Deus.
Que se possa dizer da Igreja, tanto quanto do seu Cristo e Senhor:  A Igreja chorou!
Pr. Cleber Alho.

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