quarta-feira, 8 de julho de 2015

Lâmpadas Resplandecentes


Disse o Senhor a Moisés: " Ordene aos israelitas que lhe tragam azeite puro de oliva batida para as lâmpadas, para que fiquem sempre acesas. Na Tenda do Encontro, do lado de fora do véu que esconde as tábuas da aliança, Arão manterá as lâmpadas continuamente acesas diante do SENHOR, desde o entardecer até a manhã seguinte. Este é um decreto perpétuo para as suas gerações. Mantenha sempre em ordem as lâmpadas no candelabro de ouro puro perante o Senhor. - Levítico 24:1-4.

Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. -  Mateus 5:14-16.

Prefiro pensar nessa luz, que Jesus nos atribui, como as lâmpadas do Candelabro no Tabernáculo.

Jesus nos declarou como sendo luz. Não como aqueles que têm luz para si mesmos, mas luz para trevas exteriores, por isso entendo como lâmpadas. E é exatamente nesta direção que aponta o apóstolo dos gentios quando intensifica o conceito em Mateus 5:14 chamando-nos de luzeiros, em Filipenses 2:15 - ... que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como luzeiros... Observa-se que a finalidade dos luzeiros é brilhar em meio às trevas exteriores. Apontando como uma experiência e necessidade para fora de nós e a partir de nós, Jesus manda que a nossa luz brilhe diante de seres humanos, na interação com as pessoas. Isto estabelece também que não fomos postos como captadores de luz a nosso próprio favor. Antes, estabelecidos para iluminar em nosso entorno.

Deus determinou em Isaías 49:6 o propósito dessa luz em nós, crentes em Seu Filho Jesus Cristo:   ...farei de você uma luz para os gentios para que você leve a minha salvação até os confins da terra.
Falando a respeito de seu próprio chamado, Paulo confirma esse propósito, quando discursa perante o rei Agripa: ...para abrir-lhes os olhos e convertê-los e das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim. - Atos 27:18.

E a declaração de que somos luz não é estabelecimento teórico, mas funcional:  "que brilhe a luz diante dos homens, de tal maneira que eles vejam as boas obras de vocês e entendam sua origem divina, dando glória a Deus". Penso que tais obras convencem por sua performance, como procedentes de Deus. Para ilustrar sua afirmação de que quando somos doadores, mais nos parecemos com Deus, Charles Swindoll, em seu famoso livro, " Eu, um servo?" narrou a história de um soldado americano incógnito que numa manhã fria do pós guerra, na Berlim devastada pelas tropas aliadas em maio de 1945, estava passando por uma padaria ainda de pé e funcionando, no momento em que o padeiro expunha por dentro da vitrine uns pãezinhos fumegantes recém tirados do forno. Quando vai entrando para comprar seu lanche, percebe um menino maltrapilho, dos órfãos recentes da guerra, olhando fixamente para os pães, com cara de fome. Então ele entra, compra alguns, e quando sai os entrega ao garoto, que ato contínuo sai atrás dele, puxa-o pela farda e pergunta: " Moço. O senhor é Deus?"

Quando deixamos a luz em nós plantada pelo Espírito do Deus de graça e misericórdia brilhar em meio às trevas do egoísmo e maldade humanos que nos cerca, ela revela a origem que contrasta em essência e forma com o curso natural que marca as vidas com as quais esbarramos.

Mas a funcionalidade desse caráter, natureza cristã, testemunho, em outras palavras, exige alguns critérios que por analogia poderemos perceber no texto de Levítico 24 acima. Nesse texto, é possível pensarmos em nós mesmos como aquelas lâmpadas atreladas ao grande candelabro divino, que é o Senhor Jesus. Ele disse de Si mesmo: " Eu sou a luz do mundo".
Primeiramente, em Levítico 24:2 lemos sobre a alimentação das lâmpadas. A ordem dizia que as lâmpadas deveriam estar acesas continuamente ( como um farol que não pode apagar ). A alimentação dessas lâmpadas seria feita com azeite puro, batido. Dentro das figurações próprias à Tipologia bíblica, podemos entender como testemunho autêntico, e é Jesus quem nos mostra isso ao ensinar a parábola das dez virgens, em Mateus 25, quando alude às cinco imprudentes que não traziam azeite em suas lâmpadas e por isso, ainda que comprometidas com o noivo, ficaram fora das bodas por estarem despreparadas. Outro tanto, podemos entender o azeite como símbolo do Espírito Santo de Deus na manutenção e eficácia da vida cristã. Em outras palavras, o Espírito precisa estar atuante e não apagado em nosso devir, como o azeite alimentador da lâmpada. Isso fala de autenticidade de novo nascimento, natureza mudada e poder de Deus que torna o testemunho eficaz.

Depois temos no verso 3 do mesmo texto o serviço das lâmpadas. Elas teriam de brilhar do lado de fora. Exatamente como Jesus orientou quanto ao fulgor das nossas luzes: "diante dos homens, para que vejam..." Como também lembra Paulo ao dizer: "luzeiros no mundo". São lâmpadas postas a brilhar exatamente quando as trevas surgem - " da tarde até pela manhã". De acordo com o antigo sistema judaico das horas, das seis da tarde às seis da manhã. Nossa luz diante da resplandecente estrela da manhã, se ofusca, por mais brilhante que seja, por isso é diante dos homens, opacas luminosidades, e para eles, que deve brilhar. Sabemos de alguns que acabam tirando suas lâmpadas do velador, omitindo ou obscurecendo o testemunho, ou noutro extremo, fazendo parecer que a vida de Deus na qual crêem seja virtude pessoal adquirida.

Por último, vemos no verso 4 a posição das lâmpadas. Refiro-me agora à sua posição não de serviço, mas de base, localização a partir da qual emitem luz. Em termos de analogia isso aponta para origem e dependência. Segundo o texto referido as lâmpadas têm que estar no candelabro. É por meio dele que o azeite flui. Nosso candelabro é Jesus, como já foi dito, portanto somos lâmpadas atadas ao candelabro de tal forma que embora saia por elas a luz, o brilho é dele. Afinal, quem é visto é Ele, fazendo escoar Sua luz através de todas as lâmpadas. Por isso não pode haver lâmpada apagada nesse Candelabro.

Portanto, faz-se pertinente considerar aqui duas palavras finais:  nossa luz tem que brilhar! Jesus afirmou também: ...portanto, caso a luz que há em ti sejam trevas, que grandes trevas serão! -Mateus 6:23. Como o grande desconforto que se instala com o apagar repentino de um grande clarão.
E também: se você se sente apagando, luz bruxuleante, fraca, como um pavio apenas fumegante, no qual a luz não mais resplandece, é possível que falte oxigenação ou falte o fluir do azeite que alimentará a luz. Corra para Ele. Deixe-se encher do óleo do Espírito. Você ainda é lâmpada atada ao Candelabro. Lembre que o profeta disse que Ele, " não apagará o pavio que fumega"- Isaías 42:3. Ele ainda crê que pode acender de novo.


Pr. Cleber Alho.

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